Prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais destaca que vivemos “um luto familiar”, pois os cristãos na Síria são “verdadeiramente parte da nossa família”
Da redação, com Vatican News

Foto: Reprodução Vatican News
O prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais, Cardeal Claudio Gugerotti, expressou a proximidade da Igreja aos fiéis greco-ortodoxos atingidos pelo atentado contra a Igreja de Santo Elias, na Síria. Um homem-bomba entrou na igreja no domingo, 22, durante a celebração litúrgica, disparou contra os fiéis e detonou um colete explosivo, matando ao menos 22 pessoas e ferindo 63.
“O que aconteceu é horrível e, por outro lado, como podemos ficar surpresos se, num contexto internacional como o atual, tragédias como a que ocorreu no domingo em Damasco acontecem?”, questionou o Cardeal Claudio Gugerotti em declarações à imprensa do Vaticano.
Sobre o fato da tragédia ter acontecido em igreja greco-ortodoxa, o cardeal acredita que pode ter sido apenas uma oportunidade devido a sua importante presença na Síria e naquele bairro específico da capital. “Todos os cristãos na Síria e no Oriente Médio foram atingidos”, reiterou.
Aqueles que ficam são heróis
“A situação dos cristãos em todo o Oriente Médio é uma loucura”, disse o cardeal Gugerotti, que não hesita em chamar de heróis os cristãos que perseveram em permanecer em seus próprios países.
“Eles fazem isso porque ainda esperam que haja um acordo, que o ‘modelo libanês’ ainda possa ser exportável. Os governos ocidentais devem começar a entender que este não é um problema da fé cristã enquanto dogma, mas de tudo o que vem com o pertencimento à esfera do Ocidente, seja praticante ou totalmente ateu, em qualquer caso ainda predominantemente de tradição cristã. Portanto, o que acontece em um lugar delimitado, na realidade eles gostariam de poder desencadear em nível global. Parece um ensaio geral para uma guerra mundial com elementos de uma guerra religiosa”, afirmou o cardeal.
Uma ferida para toda a Igreja
“O que estamos vivendo”, explicou o cardeal, pensando nas vítimas inocentes do ataque, “é um luto familiar para nós. Os cristãos da Síria e do Oriente Médio são verdadeiramente ‘parte da nossa família’. Alimentam-se do mesmo Corpo e Sangue do Senhor, creem no Deus encarnado, crucificado e ressuscitado, e por isso são carne da nossa carne”.
E justamente nisso, o prefeito para as Igrejas Orientais vê um elemento de esperança: “Deus não abandonará o seu povo, como nunca o fez na guerra, como nunca o fez na história, mas sempre houve uma ressurreição e também desta vez, não sabemos a que preço, haverá uma ressurreição”.
“Diante do que aconteceu, expressar proximidade é muito pouco”, conclui o cardeal Gugerotti. Hoje dizemos: ‘estamos com vocês, estamos com vocês’. Naquela igreja de Damasco, mataram também a nós. Aqui já não há o luxo de poder distinguir-se. Somos todos vítimas.”