Dom Bernardito Auza discursou em sessão de trabalho dedicada aos direitos da pessoa idosa defendendo políticas que combatam a cultura do descartável
Da Redação, com informações da Rádio Vaticano
O observador permanente da Santa Sé na ONU, Dom Bernardito Auza, defendeu em um recente discurso à ONU de Nova Iorque os direitos dos idosos. Ele recordou que, em um momento em que os idosos são abandonados e descartados, é preciso promover políticas alternativas à “cultura do descartável”, que julga os seres humanos a partir do que eles produzem.
Dom Auza destacou a evidência demográfica que está na base dessa questão: o envelhecimento do mundo ocidental em virtude da redução no número de filhos e a mentalidade de que o idoso é um “peso morto” social. Ele lembrou, inclusive, que o Papa Francisco tem reiterado o seu “não” a essa cultura do descartável.
Falando durante uma sessão de trabalho da ONU dedicada aos direitos da pessoa idosa, o representante vaticano apresentou alguns dados estatísticos sobre a atual situação dos idosos. No Ocidente, 700 milhões de pessoas, ou 10% da população mundial, tem mais de 60 anos. Estima-se que em 2050 o número vai dobrar.
Mas mesmo diante desses dados, ainda não se produziu políticas destinadas à proteção dos idosos, observou Dom Auza. “É preciso promover uma atitude de aceitação e apreço pelos idosos para integrá-los melhor na sociedade”.
O arcebispo não deixou de mencionar as várias escolas de pensamento que se dedicam ao tema da proteção dos idosos. Algumas falam de estabelecer novos mecanismos similares à convenção sobre direitos das pessoas portadoras de deficiência; outras destacam a necessidade dos empenhos que os estados já realizaram a respeito. De toda forma, Dom Auza acredita que uma abordagem baseada somente nos direitos humanos não será suficiente se não for acompanhada por políticas e programas que enfrentem as causas subjacentes a essas violações.
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“Os idosos são um recurso e um ponto essencial de referência em uma época em que muitos perderam a esperança e lutam para encontrar a sua identidade. Com a sua memória coletiva e a riqueza das experiências, eles podem ser apoio às gerações futuras, que não devem enfrentar as lutas da vida sozinhas”.
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