Tradicional Coleta em favor da Terra Santa será realizada neste domingo, 13
Denise Claro
Da redação, com colaboração de Tomás Guarese
Neste domingo, 13, será realizada, durante as celebrações em todas as Igrejas do mundo, a tradicional Coleta em favor da Terra Santa.
O frade e sacerdote franciscano, Frei Clóvis Bettinelli, que atua como ecônomo local no Convento de São Salvador, explica que o valor enviado ajuda na manutenção da Igreja local.
“Não somente na manutenção dos lugares santos, mas sobretudo para ajudar as famílias das comunidades cristãs na Terra Santa. A coleta é um grande dom que a Igreja de Jerusalém recebeu com a visita do Papa Paulo VI em 1964, o primeiro Papa depois de São Pedro a voltar à Terra Santa. Quando ele esteve nesses lugares, percebeu a necessidade de uma ajuda maior da Igreja universal para a Igreja da Terra Santa.”
O religioso lembra a importância da comunidade cristã de Jerusalém, por ser a Igreja que mantém a vida eclesial nos lugares da Encarnação, onde Deus escolheu para enviar Seu Filho.
“A Terra Santa, que abrange não somente a Igreja de Jerusalém, mas Síria, Líbano, Jordânia, as ilhas gregas, tudo isso que é considerado Terra Santa onde Jesus esteve e onde os apóstolos iniciaram a grande missão dada por Jesus de evangelizar o mundo todo. É importante para a Igreja universal porque custodia, cuida, guarda dentro de si as pedras, as memórias, os lugares da encarnação, onde a salvação se iniciou.”
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Uma das principais Missões dos frades franciscanos na Terra Santa, além de custodiar os lugares santos, é acolher os peregrinos. Desde sempre, houve peregrinações aos lugares santos, e no primeiro convento construído pelos frades já havia uma espécie de casa de acolhida para os peregrinos.
“O Papa Honório nos deu a bula papal que nos permitia estar nos lugares santos representando a Igreja de Roma, nos deu a oportunidade de celebrar nos lugares santos e acolher os peregrinos.”
Por ocasião da pandemia, as peregrinações internacionais foram suspensas, e ainda não se sabe quando poderão ser retomadas. Mas os lugares santos estão abertos para a visitação e celebração dos peregrinos locais.
Destino da coleta
O padre explica que a ajuda enviada pela Igreja à comunidade de Jerusalém evita que o número de cristãos no local diminua, e que a Custódia da Terra Santa auxilia as famílias cristãs com ofícios, escolas, bolsas de estudo e moradia.
“A Igreja na Terra Santa não é igual à Igreja no Brasil. É menor, pequena. Todos os cristãos da Terra Santa são menos de 2% de toda a população local. Isso significa que nós estamos entre uma maioria muçulmana e uma maioria judaica. E esses grandes grupos às vezes entram em conflito, e as minorias pagam as consequências desses conflitos. Principalmente depois da guerra de 1948, muitos cristãos quiseram sair da Terra Santa e ir para a Europa, EUA ou para a América Latina. E a Igreja de Jerusalém se preocupou muito com isso, porque não tem nenhum sentido que a Terra Santa seja um lugar onde haja somente templos, é importante que aqui estejam as pedras vivas. E para que as pedras vivas possam ficar aqui, elas precisam de ajuda.”
Cerca de 60% da coleta enviada vai para as escolas. O religioso afirma que o ambiente escolar favorece que as crianças tenham, desde pequenas, uma boa convivência, o que pode ajudar a construir, no futuro, a paz entre as religiões no local.
“Muitas comunidades que acolhem refugiados também recebem uma parte desta ajuda. São minorias, e sofrem por isso, e esta ajuda é importante para sua sobrevivência, mas também para que possam estar presentes como pedras vivas na Terra Santa. Especialmente neste momento em que não há peregrinos, os cristãos da Terra Santa precisam desta ajuda.”
A coleta é normalmente realizada na celebração das Funções durante a Sexta-Feira Santa, e foi excepcionalmente adiada neste ano, devido à pandemia. O Papa Francisco aprovou a realização no próximo domingo, dia 13 de setembro, por ser a véspera da Festa da Exaltação da Santa Cruz.
“É importante a presença dos católicos de todo o mundo na oração, como peregrinos fisicamente visitando a Terra Santa, e nesta colaboração para manter esta missão, para que a Igreja possa levá-la adiante. Nós, comunidade franciscana, rezamos por cada um nos lugares santos, e rezamos para que logo passe esta pandemia, para que possamos receber a cada um aqui na Terra Santa.”, conclui Frei Clóvis.