Fala à imprensa

Proteção dos menores: coletiva traz resumo do início dos trabalhos

Representantes informaram principais pontos discutidos nesta manhã; padre Lombardi enfatizou discurso do Papa

Da Redação

Presidentes das conferências episcopais estão reunidos com o Papa até 24 de fevereiro discutindo a proteção dos menores na Igreja / Foto: Reprodução Youtube Vatican News

Começou no Vaticano o encontro sobre proteção dos menores na Igreja. Com o início dos trabalhos nesta quinta-feira, 21, após discurso de abertura do Papa Francisco, também foi realizada a primeira coletiva de imprensa para informar os jornalistas sobre as questões discutidas.

O prefeito do dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, resumiu alguns momentos importantes dos trabalhos desta manhã, a começar por testemunhos tocantes e a fala enfática do Papa Francisco, que abriu os trabalhos.

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Ele falou sobre a divulgação de alguns pontos de reflexão, aos quais os jornalistas tiveram acesso. Trata-se de um levantamento feito por comissões e conferências episcopais como auxílio para os trabalhos. Mas o ressaltou o que disse o Papa: que esses pontos não devem limitar, mas estimular a reflexão.

Paolo informou que, no espaço para perguntas e respostas entre os participantes e os autores das duas palestras, falou-se sobre como enfrentar essa chaga na comunhão da igreja universal, ajudando as igrejas menores que não têm experiência sobre como enfrentar o problema. Também sobre como os bispos devem aceitar a ajuda do povo e não se sentirem vulneráveis.

Outro ponto sobre o qual os participantes insistiram foi na proximidade e a dificuldade de unir a tarefa de estar perto espiritualmente das vítimas e as recomendações de caráter legal e jurídico que são feitas aos pastores. Foi reiterado ainda o quanto o problema do abuso é universal e tocou-se no caso de sacerdotes que não respeitam a autoridade dos bispos, bem como da relação dos bispos com as ordens religiosas.

O mediador do encontro, padre Federico Lombardi, comentou alguns pontos do discurso de abertura do Papa Francisco. “É impressionante como em meia página do discurso do Papa nós podemos encontrar todas as palavras-chave: a escuta das crianças e do Espírito, a sinodalidade com que devemos proceder, a concretude que ele espera desse encontro e do tipo de confronto entre os participantes, a parresia, a coragem, o empenho com que dedica-se a uma causa muito importante e a conversão e purificação, todas passagens essenciais que a comunidade da Igreja deve fazer com o bom exemplo e a guia de seus pastores”.

Ele destacou o clima intenso na Sala do Sínodo, local de realização das reuniões. Disse que há de fato o desejo de seguir um caminho conjunto, com serenidade e consciência da importância do encontro. Segundo o sacerdote, os participantes entraram intensamente na matéria em questão e foi dado o ponto de partida. “Esperamos que tudo possa caminhar ao longo desses três dias”.

Também esteve na conversa com a imprensa o arcebispo de Brisbane, Austrália, Dom Mark Benedict Coleridge. Ele destacou o caráter peculiar dessa reunião, que é bem diferente, por exemplo, de um Sínodo dos Bispos. “Nenhum de nós sabia o que esperar”, disse o bispo sobre os momentos antes do início da reunião.

Ele se disse comovido pelos testemunhos que ouviu, relatos que lhe levaram lágrimas aos olhos. Ele já tinha ouvido testemunhos como esses, mas nunca nesse mesmo contexto, e contando com a presença do Papa. “Tudo isso deu dimensão diferente a essas vozes, que falaram de modo breve, mas forte”, pontuou.

Dom Mark explicou que o encontro começou com apresentações importantes, depois houve perguntas e o trabalho em grupos, formados por cerca de 20 pessoas. Ele destacou a variedade dos países, das culturas, nesses momentos, o que leva a diferentes abordagens do assunto.

O arcebispo de Malta, Dom Charles J. Scicluna, que integra a equipe de organização do encontro, destacou a cultura da verdade e da revelação, em contraposição à cultura do silêncio. “Temos que passar para cultura de revelação da Palavra, significa ter coragem, humildade ao enfrentar os comportamentos”.

Dom Scicluna ressaltou ainda que os bispos não devem ser deixados sozinhos ao lidar com os casos; é preciso sim agir, fazer discernimentos, examinar os casos, mas em comunhão, antes de mais nada, com as pessoas interessadas na segurança das crianças.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

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