O pregador oficial do Vaticano iniciou as meditações de Advento para o Papa e seus colaboradores mais próximos
Da redação, com Rádio Vaticano*
“Tudo foi criado por Ele e para Ele; Cristo e a criação” foi o tema da primeira pregação de Advento 2017 que aconteceu na manhã desta sexta-feira, 15, na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano. O pregador oficial do Vaticano, o capuchinho Raniero Cantalamessa, foi o autor da reflexão realizada para o Papa Francisco e seus colaboradores mais próximos.
As meditações do Advento deste ano têm como proposta recolocar a pessoa divina-humana de Cristo no centro dos dois grandes componentes que, em conjunto, constituem “o real”, isto é, o cosmos e a história, o espaço e o tempo, a criação e o homem. O objetivo final é colocar Cristo no centro da vida e da visão humana a partir das três virtudes teologais da fé, da esperança e da caridade.
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Cristo e o cosmos, Criação e encarnação
Como primeira meditação, Frei Cantalamessa sugeriu a reflexão sobre o relacionamento entre Cristo e o cosmos. “No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1, 1-2). Segundo ele, esta relação, entre criação e encarnação está bem expressa no Livro do Gênesis e na encíclica ‘Laudato si’.
“É uma questão de saber qual lugar ocupa a pessoa de Cristo em todo o universo”, afirmou o pregador, que prosseguiu questionando sobre o perigo de fazer de Cristo um intruso ou uma pessoa deslocada do Universo.
Segundo Frei Cantalamessa, o Espírito Santo é a força misteriosa que impele a criação para a sua realização, passando do caos ao cosmos e fazendo disso algo bonito, limpo, um “mundo” precisamente, de acordo com o significado original da palavra. É o Espírito Santo o princípio da criação e da sua evolução no tempo.
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Como Cristo atua na criação
O capuchinho levantou ainda uma questão: Cristo tem algo a dizer sobre os problemas práticos que o desafio ecológico coloca para a humanidade e para a Igreja? Em que sentido podemos dizer que Cristo, trabalhando através do seu Espírito, é o elemento-chave para um ecologismo cristão saudável e realista?
Em resposta aos questionamentos, o pregador afirmou que Cristo desempenha um papel decisivo também nos problemas concretos da proteção da criação, mas o faz indiretamente, trabalhando no homem e — através do homem — na criação. Segundo ele, Deus cria o mundo e confia a custódia e a salvaguarda ao homem.
Como agir global e localmente
Para o frei Cantalamessa, o cuidado da criação tem dois níveis: o nível global e o nível local, que convida o ser humano a pensar globalmente, mas a agir localmente, ou seja, a conversão começa do indivíduo.
Ao citar a frase de Francisco de Assis — “Nunca fui um ladrão de esmolas, pedindo-as ou usando-as além da necessidade. Peguei sempre menos do que eu precisava, para que os outros pobres não fossem privados de sua parte; porque, de outra forma, seria roubar” —, o pregador suscitou que ela seria uma aplicação muito útil para o futuro da Terra.
Não ser ladrões de recursos, usando-os mais do que o necessário e retirando-os, assim, daqueles que virão depois de nós, foi a proposta do frei que afirmou acreditar que em primeiro lugar é preciso ações individuais de conscientização e proteção do meio ambiente.
Sobriedade e conscientização, para que todos tenham
O Natal é um forte chamado à sobriedade e conscientização no uso dos recursos, comentou o capuchinho que acredita que quem dá o exemplo é o próprio Criador que, tornando-se homem, se satisfez com um estábulo para nascer.
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Para o pregador, todos crentes e não-crentes são chamados a comprometer-se com o ideal da sobriedade e do respeito pela criação, e os cristãos, em especial, devem seguir este princípio por uma razão e com uma intenção diferente. Se o Pai Celestial fez tudo por meio de Cristo e em vista de Cristo, todos devem tentar fazer tudo também por meio de Cristo e em vista de Cristo, concluiu Frei Cantalamessa.
*Tradução do original italiano feita por Thácio Siqueira