O Papa do Sorriso

Papa na beatificação de João Paulo I: Viveu na Alegria do Evangelho

“Irmãos, irmãs, o novo Beato viveu assim: na alegria do Evangelho, sem barganhas, amando até ao extremo. Palavras do Papa Francisco na homilia da Santa Missa de Beatificação do Papa João Paulo I, neste domingo, 4

Da Redação com Vatican News

Beatificação de João Paulo I/ Foto Vatican Media e Sipa USA via Reuters

Na manhã deste domingo, 4, foi realizada a Santa Missa com o Rito de Beatificação do Papa João Paulo I na Praça São Pedro no Vaticano. Na sua homilia, o Papa Francisco comentou o Evangelho do dia recordando das exigências de Jesus para segui-Lo.

O seguimento de Jesus

O Papa Francisco refletiu as palavras de Jesus aludindo que em primeiro lugar, muitas pessoas são vistas como a multidão que segue Jesus.

Com isso, disse que diante dos momentos de crises pessoais e sociais em que estão expostos a sentimentos de ira, ou medo do futuro, tornam-se vulneráveis e na emoção, podem acabar por confiar em ‘salvadores’, que se aproveitam dos temores da sociedade, acabam por prometerem as resoluções de problemas, quando, na realidade, o que desejam é aumentar a sua popularidade e o próprio poder.

Porém Francisco adverte: “O Evangelho diz-nos que Jesus não procede assim. O estilo de Deus é diferente porque não instrumentaliza as nossas necessidades, nunca Se aproveita das nossas fraquezas para se engrandecer a Si mesmo. A Ele, que não nos quer seduzir com o engano nem quer distribuir alegrias fáceis, não interessam as multidões oceânicas”, frisa ainda.

O discernimento

Ainda na Homilia, o Pontífice exortou que o seguimento do Cristo não deve ser feito com base pelo fascínio da popularidade, mas, por meio do discernimento cuidadoso, entender os motivos e as consequências que essa escolha acarreta.

Francisco continuou o raciocínio afirmando que há várias razões para seguir o Senhor: “e algumas destas, admitamo-lo, são mundanas: por trás duma fachada religiosa perfeita pode-se esconder a mera satisfação das próprias necessidades, a busca do prestígio pessoal, o desejo de aceder a um cargo, de ter as coisas sob controle, o desejo de ocupar espaço e obter privilégios, a aspiração de receber reconhecimentos, e muito mais. Isso acontece hoje entre os cristãos. Mas não é o estilo de Jesus; nem pode ser o estilo do discípulo e da Igreja”.

O Santo Padre continuou explicando que o seguimento real do Senhor significa tomar a própria cruz como Ele, carregar os pesos próprios e os alheios, fazendo da vida um dom, não uma posse, gastando-a imitando o amor magnânimo e misericordioso que Ele tem por nós.

Ponderando em seguida: “Para o conseguir, porém, é preciso olhar mais para Ele do que para nós, aprendendo assim o amor que brota do Crucificado”. Citando João Paulo I disse, nós mesmos “somos objeto, da parte de Deus, dum amor que não se apaga”. “Não se apaga: nunca se eclipsa da nossa vida, resplandece sobre nós e ilumina até as noites mais escuras”. “Amar, ainda que custe a cruz do sacrifício, do silêncio, da incompreensão, da solidão, da contrariedade e da perseguição”.

Citando ainda o novo Beato esclareceu: “Se queres beijar Jesus crucificado, não o podes fazer sem te debruçares sobre a cruz e deixar que te fira algum espinho da coroa, que está na cabeça do Senhor. O amor até ao extremo, com todos os seus espinhos: e não as coisas a meio, as acomodações ou a vida tranquila”.

Ainda falando do amor ou do medo de nos perdermos, renunciarmos a dar-nos, ou deixar inacabadas as coisas que começamos,  Francisco recordou que se fizermos assim: “Acabamos por viver a meias: sem nunca dar o passo decisivo, sem levantar voo, sem arriscar pelo bem, sem nos empenharmos verdadeiramente pelos outros.

Viver plenamente o Evangelho

Francisco sintetizou o pedido de Jesus: “Ele pede-nos isto: vive o Evangelho e viverás a vida, não a meias, mas até ao fundo. Sem cedências”

“Irmãos, irmãs, o novo Beato viveu assim: na alegria do Evangelho, sem barganhas, amando até ao extremo. Encarnou a pobreza do discípulo, que não é apenas desapegar-se dos bens materiais, mas sobretudo vencer a tentação de se colocar ao centro e procurar a glória própria. Ao contrário, seguindo o exemplo de Jesus, foi pastor manso e humilde. Considerava-se como o pó sobre o qual Deus Se dignara escrever. Nesta linha, exclamava: ‘O Senhor tanto recomendou: sede humildes! Mesmo que tenhais feito grandes coisas, dizei: ‘somos servos inúteis’”.

O homem do sorriso

Por fim Francisco concluiu a homilia recordando: “Com o sorriso, o Papa Luciani conseguiu transmitir a bondade do Senhor. É bela uma Igreja com um rosto alegre, sereno e sorridente, que nunca fecha as portas, que não exacerba os corações, que não se lamenta nem guarda ressentimentos, que não é bravia nem impaciente, não se apresenta com modos rudes, nem padece de saudades do passado, caindo no ‘retrocedismo’”.

Ao final o Pontífice pediu orações para que o novo beato interceda para que cada um obtenha ‘o sorriso da alma’, “aquele transparente, aquele que não engana: o sorriso da alma, servindo-nos das suas palavras, peçamos o que ele próprio costumava pedir: ‘Senhor, aceitai-me como sou, com os meus defeitos, com as minhas faltas, mas fazei que me torne como Vós desejais’”.

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