Na homilia deste sábado, o Papa Francisco propôs três alicerces sobre os quais edificam e reedificam a vida cristã: memória, fé e amor misericordioso
Da redação, com Rádio Vaticano
Neste sábado, 25, o Papa Francisco presidiu na praça central de Gyumri, à celebração da Missa votiva da “Misericórdia de Deus”, da qual participou o Catholicos Karekin II.
Em sua homilia, o Santo Padre partiu da citação de Isaías: “Levantarão os antigos escombros, restaurarão as cidades destruídas”.
Ele explicou que nestes lugares, pode-se dizer que se realizaram as palavras do profeta Isaías, no qual foram citadas.
“Depois das terríveis devastações do terremoto, estamos aqui, hoje, para dar graças a Deus pela sua reconstrução. Gostaria de propor-lhes três alicerces estáveis sobre os quais edificam e reedificam a vida cristã: memória, fé e amor misericordioso”.
Ao explicar o primeiro alicerce, Francisco disse: “A primeira graça que devemos pedir a Deus é a ‘memória’ do que o Senhor realizou em nós e por nós. Ele não nos esqueceu, mas se lembrou de nós. Escolheu-nos, amou-nos, chamou-nos e perdoou-nos. Mas também há outra memória a ser salvaguardada: a memória do povo.
Martírio
O Papa afirma que de fato, a memória do povo armênio é muito antiga e preciosa; “através dela podemos reconhecer a presença de Deus”. Apesar das adversidades, o Senhor visitou o seu povo e se recordou da sua fidelidade ao Evangelho, da sua fé e do seu testemunho, a ponto de dar o próprio sangue. Recordemos, com gratidão, que a fé cristã se tornou o respiro do seu povo e o coração da sua memória.
O segundo alicerce apresentado pelo Santo Padre é a “fé”, que constitui a esperança para o futuro e a luz no caminho da vida. “A fé nasce e renasce do encontro vivificante com Jesus, da experiência da sua misericórdia, que ilumina todas as situações da vida.”
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Tudo isto renova a vida, torna-a livre e dócil às surpresas, pronta e disponível para o Senhor e para os outros. “Desta forma, vocês podem dar continuidade à grande história de evangelização, da qual a Igreja e o mundo precisam, sobretudo nestes tempos conturbados.”
O último alicerce proposto por Francisco, depois da memória e da fé, é o “amor misericordioso” sobre o qual se baseia a vida do discípulo de Jesus. O amor concreto é o cartão de visita do cristão.
Reconstruir
Como cristãos somos chamados a construir e reconstruir, incansavelmente, os caminhos da plena comunhão, edificando pontes de união e superando as barreiras que dividem. Os fiéis devem dar sempre o exemplo, colaborando, no respeito recíproco e no diálogo.
Refletindo ainda sobre a liturgia de hoje, o Pontífice frisou que “Deus está presente onde se ama, especialmente onde se cuida, com coragem e compaixão, dos fracos e pobres. Hoje, temos tanta necessidade de cristãos que não desanimam diante das adversidades, mas estejam disponíveis e abertos, prontos a servir, em uma sociedade mais justa.”
Doutor da Igreja
Mas, o Papa questiona como tornar-nos misericordiosos? E respondeu inspirando-se no exemplo concreto de um grande arauto da misericórdia divina, que o próprio Santo Padre inseriu entre os Doutores da Igreja Católica: São Gregório de Narek, palavra e voz do povo armênio.
“Ele sempre colocou em diálogo as misérias humanas e a misericórdia de Deus, elevando uma ardente súplica feita de lágrimas e confiança no Senhor. Gregório de Narek é um mestre de vida, porque nos ensina que é importante reconhecermo-nos necessitados de misericórdia divina e abrir-nos, com sinceridade e confiança, ao Senhor”.
Conclusão
Por fim, Francisco invocou o Espírito Santo para obtermos o Dom da misericórdia divina e de sempre amar. Que ele nos estimule à caridade e às boas obras, segundo a grande misericórdia divina.
No final da Celebração Eucarística, o Santo Padre expressou sua viva gratidão ao Catholicos Karekin II e ao Arcebispo Minassian pelas amáveis palavras de saudação, bem como ao Patriarca Ghabroyan e aos Bispos presentes, aos sacerdotes e às Autoridades.
“Agradeço a todos os que participaram desta celebração, vindos a Gyumri de diferentes regiões e até da vizinha Geórgia. Quero saudar, de modo particular, os que, com tanta generosidade e amor, ajudam os mais necessitados, sobretudo o hospital de Ashotsk, inaugurado há 25 anos e conhecido como o ‘Hospital do Papa’; nascido do coração de São João Paulo II, o hospital representa uma presença muito importante para quem sofre”.