Francisco discursou às autoridades das Filipinas e pediu atenção especial para os pobres, sobretudo os atingidos por desastres, e as famílias
André Cunha
Da redação
O primeiro compromisso do Papa Francisco nesta sexta-feira, 16, segundo dia de sua visita às Filipinas, foi a cerimônia de boas-vindas no Palácio Presidencial, em Manila. O Pontífice foi acolhido no jardim pelo Presidente da República. Uma salva de tiros de canhão, o desfile da Guarda de Honra saudaram Francisco, que junto às demais autoridades do país, ouviu a execução dos hinos. Em seguida, foram apresentadas as respectivas delegações e entoadas músicas tradicionais do país.
Ao entrar no Palácio Presidencial, o Santo Padre recebeu um “lenço refrescante” em sinal de hospitalidade. Acompanhado pelo Presidente, o Papa assinou o Livro Ouro, ato seguido por um encontro privado, também com os familiares de Benigno Aquino III. O atual presidente filipino é filho do ex-senador Ninoy Aquino e da 11ª Presidente do país, a Sra. Corazón Aquino.
Em seguida, no “Rizal Cerimonial Hall”, iniciou-se o encontro com as autoridades, o Corpo Diplomático e a comitiva papal. Após o discurso do Presidente filipino, foi a vez do Papa Francisco dirigir sua mensagem.
A princípio, Francisco destacou a “força heroica, a fé e a resistência” demonstrada pelos filipinos durante a devastação do tufão Yolanda que atingiu o país em novembro de 2013. Valorizou aqueles que ofereceram seus serviços de apoio aos que perderam tudo durante o desastre e incentivou a reconstrução do país sobre o que classificou como “bases sólidas”.
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“Hoje as Filipinas, juntamente com muitas outras nações da Ásia, têm pela frente a necessidade de construir uma sociedade moderna, fundada em bases sólidas: uma sociedade respeitadora dos valores humanos autênticos, que tutele a nossa dignidade e direitos humanos, com base em Deus, e que esteja pronta a enfrentar novos e complexos problemas éticos e políticos”, disse.
Depois, o Santo Padre deu ênfase à principal motivação da sua visita apostólica: os pobres. Francisco disse que a reforma das estruturas sociais que perpetuam a pobreza exige uma conversão de mente e coração.
Como 2015 foi proclamado “Ano dos Pobres” pelos bispos das Filipinas, o Papa aproveitou para deixar seu recado às autoridades, defendendo os mais necessitados e o fim da corrupção.
“Espero que esta instância profética determine em cada um, a todos os níveis da sociedade, a firme rejeição de toda a forma de corrupção, que desvia recursos dos pobres, e configure a vontade de um esforço concentrado para incluir todo o homem, mulher e criança na vida da comunidade”.
A família foi outro destaque no discurso do Papa Francisco. Lembrou que é nesta instituição que as “crianças crescem nos seus valores, nos altos ideais e na genuína preocupação pelos outros”. Mas reconheceu que, como os outros dons de Deus, a família também corre o risco de ser “desfigurada e destruída”. “Ela precisa do nosso apoio”, declarou.
“Sabemos como é difícil hoje, para as nossas democracias, preservar e defender certos valores humanos basilares, como o respeito pela dignidade inviolável de cada pessoa humana, o respeito pelos direitos de liberdade de consciência e de religião, o respeito pelo direito inalienável à vida, a começar pela vida dos nascituros até à dos idosos e dos doentes”.
O Santo Padre destacou ainda o papel importante das Filipinas na promoção do entendimento e cooperação entre as nações da Ásia. Enfatizou os valores espirituais do povo filipino que, segundo ele, devem proporcionar aos concidadãos um progresso humano integral.
“Sobre vós e sobre cada homem, mulher e criança desta amada nação, de coração invoco a abundância das bênçãos de Deus”, encerrou.