Venezuela

Padre e migrantes venezuelanos falam sobre a realidade vivida no país

Venezuelanos vêem com esperança os últimos acontecimentos

Denise Claro
Da redação

Bandeira da Venezuela./ Foto: Agência Brasil.

Na tarde desta quarta-feira, 23, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e opositor do governo de Maduro, Juan Guaidó, se declarou ‘presidente interino do país’.

O gesto de Guaidó, que até o presente momento teve o apoio de 14 países, aconteceu em meio às manifestações do povo venezuelano, em que centenas de milhares estavam presentes nas ruas de Caracas.

A situação da Venezuela vêm se agravando há vários anos. A crise iniciada no país desde 2014 provocou um êxodo em massa para os países vizinhos, especialmente Brasil e Colômbia. No Brasil, em Roraima, a Igreja local têm acolhido os migrantes em busca de apoio e oportunidades.

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Maria Eugenia Hernandez é natural de Porto Ordaz, na Venezuela./ Foto: Arquivo Pessoal.

A venezuelana María Eugenia Hernandez tem 39 anos, é formada em educação, com mestrado em Estratégia de Aprendizagem. Veio para o Brasil há dois anos, onde atua como educadora junto ao Projeto Pana, da Cáritas, em Roraima. Ela afirma que é difícil a situação no país:

“Deixei a Venezuela por causa da crise. Minha irmã já tinha vindo um ano antes com o esposo e a filha para Boa Vista, então decidi vir, também em busca de um futuro melhor. A Venezuela experimenta hoje uma crise política e econômica. Com a inflação, as pessoas não conseguem ter acesso ao básico, como alimentação e medicamentos. Também não podem se manifestar sem serem violentados nas ruas. Isso não é vida, não há democracia nem liberdade. Ontem ocorreram mortes nos protestos. Aqui em Boa Vista chegam muitos que não aguentam mais a situação do país.”

Maria Eugênia vê com bons olhos a reviravolta desta semana, e afirma que para ela e para os venezuelanos que conhece, a declaração de Guaidó pode ser uma solução para o país:

“Creio que todo o povo venezuelano de dentro e de fora do país tem muita esperança nessa mudança. Guaidó é jovem e tem preparo para ajudar a reconstruir o país. Esse é nosso pensamento. Os venezuelanos esperam agora que o país viva uma virada de uma vez por todas, e se torne uma Nova Venezuela, onde reine a democracia e a liberdade. Meus amigos e familiares que estão lá falam que este é um momento difícil, mas crucial na vida do país. Ver os outros países apoiando Guaidó nos dá a sensação de que não estamos sozinhos, há muitos olhos voltados para a Venezuela. Só queremos que nosso país volte a ser o que era a tempos atrás.”

Maikel Jeferson Álvarez é natural da cidade de Caracas./ Foto: Arquivo Pessoal.

O administrador e estudante de Ciências Políticas, Maikel Jeferson Álvarez, de 38 anos, também veio para o Brasil em busca de melhores opções.

“Acho que a Venezuela se encontra em uma situação bastante crítica. Na Venezuela existe uma crise econômica, devido às políticas mal implementadas pelo Governo. A falta dos serviços médicos e a fome tiraram dos venezuelanos a qualidade de vida. Além disso, há a falta de segurança e muitos problemas sociais acontecem no país, e o governo detém o poder pelas forças armadas. É importante uma pressão internacional, que os países apoiem a Venezuela, para dar força a Juan Guaidó. Esta é a esperança de todos nós, povo venezuelano.”

Sacerdote em meio ao povo

O sacerdote do Sagrado Coração de Jesus, Padre Wilfredo Corniel, durante manifestação na Venezuela./ Foto: Arquivo Pessoal.

Padre Wilfredo Corniel (SCJ) é pároco na Igreja de São Miguel Arcanjo, na cidade de Caracas, e esteve presente na maioria das manifestações populares no país.

“Estou sempre junto ao povo, como cidadão e sacerdote, para apoiar e proteger os manifestantes, levando paz e esperança. Tento sempre manter a calma. Quando há repressão, auxiliar os feridos e defender os direitos humanos dos manifestantes.”, afirma o sacerdote. 

Padre Wilfredo comentou a atitude de Guaidó na tarde de ontem e a presença da Igreja na realidade atual da Venezuela:

“Temos sentido o apoio da comunidade internacional, que reconhece Juan Guaidó como presidente do país, nesta luta por instaurar a democracia, a paz e a verdade na Venezuela. A Igreja venezuelana têm dado apoio ao povo, com diversos comunicados, a presença de vários bispos nas manifestações, marchando junto com o povo e buscando junto uma solução pacífica para o país. Pedimos a Nossa Senhora de Coromoto que proteja nosso povo das possíveis agressões que podem vir por parte das forças de segurança do Estado.”

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