DIAS DIFÍCEIS

Ordem de Malta em Beirute: uma cidade ferida em um país ferido

Situação no país já era alarmante com a pandemia e piorou após a explosão na região portuária há pouco mais de um mês

Da redação, com Vatican News

Explosão na zona portuária do Líbano deixou diversos mortos e feriados / Foto: Mohamed Azakir – Reuters

A terrível explosão que trouxe destruição e morte a Beirute no início de agosto agravou uma crise nacional em um país que já sofria com corrupção endêmica, colapso da economia e da infraestrutura.

Pouco tempo após o incêndio e a explosão na área portuária da capital, em 4 de agosto, que matou mais de 200 pessoas, feriu mais de 6 mil e deixou outras 300 mil desabrigadas, Marwan Sehnaoui, o Presidente da Ordem da Associação Libanesa de Malta, escreveu uma carta aberta de apelo do que descreveu como “uma cidade com o coração partido e um país sempre ferido”.

“O povo libanês não tem mais nada”, disse Marwan Sehnaoui, explicando que as pessoas precisam de casa, saúde, comida e eletricidade.

Cortes de energia, disse ele, deixam as pessoas com apenas 3 ou 4 horas de eletricidade por dia, e isso tem um enorme impacto em todos os aspectos da vida diária (desde manter necessidades como o leite refrigerado até gerar energia para equipamentos em hospitais, salas de operação e UTIs).

Uma economia falida

Sehnaoui explicou que mais de 3 ou 4 centenas de milhares de pessoas perderam seus empregos nos últimos quatro meses no país. O Líbano, continuou, está em queda econômica livre nos últimos dez meses e o que a explosão em Beirute fez foi chamar a atenção do mundo para esta terrível situação.

Mas, na realidade, segundo Sehnaoui, “o grande problema do Líbano teve início há dez meses, quando o estado declarou falência”. A partir disto, explicou, as pessoas foram progressivamente perdendo tudo porque os bancos pararam de funcionar. Seus depósitos foram drenados e o fluxo de dinheiro praticamente parou.

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“Se você tem 2 milhões de dólares no banco, tem que ficar horas na fila para conseguir 200 dólares por mês”, disse, acrescentando que não é possível transferir dinheiro ou mesmo recebe-lo “o que significa que a capacidade de sobreviver financeiramente é reduzida a zero”.

Ele disse ainda que 60% da população vive na linha da pobreza ou abaixo dela. A inflação está em torno de 600 a 700% e a moeda libanesa perdeu cerca de 85% de seu valor. “O que significa que se você , ganhava um salário de cerca de 3 mil dólares [mensais], hoje tem que sobreviver com cerca de 300 dólares”, disse ele.

Além disso, acrescentou, o valor tem que ser convertido em libras libanesas sem poder de compra, o que significa que se tornou impossível, mesmo para aqueles que não perderam seus empregos, sobreviver com seus salários.

Ordem de Malta levando ajuda a todos

Em um país que está de joelhos, Sehnaoui disse que a Ordem Soberana de Malta está levando ajuda em termos de saúde e serviços básicos de norte a sul, incluindo às pessoas no Vale Bekka e outras cidades.

Seu pessoal e voluntários administram cerca de 10 Centros de Saúde de Atenção Básica e 7 Unidades Médicas Móveis, e todos os serviços são gratuitos.

“Todos os serviços são totalmente gratuitos para todos: para cristãos, muçulmanos, muçulmanos xiitas, sunitas muçulmanos, drusos muçulmanos. Eles são todos exatamente iguais: todos são criaturas de Deus”, finalizou.

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