Um terremoto de 6,3 graus de magnitude atingiu a região norte do país; o epicentro do tremor se deu na província de Samangan, com 28 quilômetros de profundidade
Da redação, com AFP

O terremoto, com epicentro em Kholm, na província de Samangan, deixou 530 feridas e 20 mortos / Foto: Atif Aryan – AFP
Pelo menos 20 pessoas morreram e mais de 530 ficaram feridas em um terremoto de 6,3 graus de magnitude que atingiu o norte do Afeganistão nesta segunda-feira, 3 , dois meses após um tremor letal na região leste do país. O terremoto aconteceu por volta de 1h local (17h30 de Brasília) neste domingo, 2, com epicentro em Kholm, na província de Samangan, e teve uma profundidade de 28 quilômetros, segundo o Centro Geológico dos Estados Unidos (USGS).
Leia mais
.: Massacre de civis em Darfur: ONU denuncia execuções sumárias
“Segundo as informações de que dispomos até o momento, 534 pessoas ficaram feridas e mais de 20 mártires foram levados para hospitais nas províncias de Samangan e Balkh”, declarou Sharafat Zaman, porta-voz do Ministério da Saúde.
Em Mazar-i-Sharif, grande cidade do norte do país na região de Balkh, a mesquita azul, uma joia arquitetônica do século XV, sofreu danos, segundo um correspondente da AFP. Partes da estrutura da mesquita, em particular um de seus minaretes, desprenderam-se e ficaram espalhadas nas imediações do templo famoso, um dos poucos locais turísticos do Afeganistão.
A imprensa não foi autorizada a registrar imagens da mesquita em um primeiro momento. O Ministério da Defesa informou que desobstruiu e reabriu a estrada principal entre Mazar-i-Sharif e Kholm, que havia sido bloqueada por deslizamentos de terra. Também indicou que resgatou pessoas que ficaram presas durante a madrugada.
Contudo, ainda é necessário restabelecer o fornecimento de energia elétrica em várias províncias após os danos sofridos pelas linhas procedentes do Uzbequistão e do Tadjiquistão, informou a empresa pública Dabs.
“Muitas casas foram destruídas e registramos perdas econômicas significativas”, anunciou na rede social X o porta-voz adjunto do governo talibã, Hamdullah Fitra. Ele acrescentou que as autoridades competentes receberam ordens para “distribuir ajuda médica, alimentos e socorrer os afetados”.
As redes de comunicação deficientes e a falta de infraestrutura dificultam as respostas de emergência em áreas montanhosas. As autoridades geralmente demoram horas ou dias para chegar aos locais remotos para avaliar os danos.
País sísmico
Em Mazar-i-Sharif, muitos moradores abandonaram suas casas com medo de desabamento. Os tremores secundários foram sentidos inclusive na capital, Cabul, segundo os repórteres da AFP na cidade.
No final de agosto, um terremoto de 6 graus de magnitude atingiu as províncias de Kunar, Laghman e Nangarhar, no leste do país, uma tragédia que provocou mais de 2.200 mortes e deixou mais de 4 mil feridos, segundo as autoridades talibãs. Foi o tremor mais letal da história recente do Afeganistão.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) destaca que 221.000 pessoas continuam com uma “necessidade urgente” de ajuda no leste e, segundo o Banco Mundial, o terremoto de agosto causou danos em edifícios e infraestruturas avaliados em 183 milhões de dólares (990 milhões de reais).
O país é abalado com frequência por terremotos, em particular na cordilheira de Hindu Kush, que fica próxima da união das placas tectônicas eurasiática e indiana. Desde 1900, o nordeste do Afeganistão registrou 12 terremotos com magnitudes superiores a 7, segundo Brian Baptie, sismólogo do British Geological Survey.
O Afeganistão enfrentou vários terremotos desde que os talibãs retomaram o poder em 2021, incluindo o registrado na região de Herat, na fronteira com o Irã, em 2023, que deixou mais de 1.500 mortos e destruiu mais de 63.000 residências. A ONU e organismos de emergência alertaram que a fome está aumentando no Afeganistão, cuja população enfrenta uma crise humanitária agravada pela seca e pelo colapso econômico.




