Grandes esperanças para um acordo definitivo de Paz na Líbia depois de 9 anos de instabilidade política e social
Da redação, com Vatican News
Um diálogo político entre os líbios para alcançar a paz no país depois de 9 anos de instabilidade. O Fórum lançado nesta segunda-feira, 9, em Túnis, sob os auspícios da ONU, representa o mais recente esforço diplomático em termos de tempo para moldar a paz e a futura estabilidade institucional da Líbia. Os diálogos, que durarão seis dias, reúnem em Gammarth na Tunísia, 75 participantes líbios representando o Alto Conselho de Estado (Tripolitânia) e o Parlamento em Tobruk (Cirenaica), assim como outros selecionados pela ONU. No domingo, 8, o Papa Francisco, após a oração do Angelus, recordando este encontro, fez votos para que fosse encontrada uma solução para o longo sofrimento do povo líbio e que o cessar-fogo permanente fosse respeitado e concretizado.
Uma tentativa dos líbios
“A Líbia poderia ir na direção da paz porque esta é uma tentativa de acordo escolhido e desejado pelos líbios, portanto, pela primeira vez, o povo e seus representantes estão decidindo pelo seu futuro”. Assim afirma Michela Mercuri, professora de Geopolítica do Mediterrâneo. O objetivo do diálogo é chegar a um acordo que tenha um novo Conselho presidencial formado por três membros: um presidente e dois vice-presidentes. “Se todas as partes aceitarem isto”, acrescenta a professora, “poderemos alcançar a paz e realizar as eleições até março”.
As etapas do diálogo
O país, mergulhado no caos após a queda de Kadafi, viu dois protagonistas em ascensão, de um lado o governo internacionalmente reconhecido de Fayez al- Serraj sediado em Trípoli, e do outro as tropas do General Kalifa Haftar em Cirenaica. Em todos esses anos foram realizadas várias tentativas diplomáticas para estabilizar o país, a partir dos acordos do Skhirat (Marrocos) de 2015. O encontro político em andamento em Túnis ocorre após a assinatura do cessar-fogo em Genebra dia 23 de outubro, no final das negociações da Comissão Militar Mista Conjunta 5+5, formada por representantes das duas facções. Incentivados pelas Nações Unidas, os dois lados rivais haviam retomado as negociações em setembro em diferentes mesas diplomáticas: uma institucional no Marrocos, uma militar no Egito e uma política na Suíça.
Na direção de um acordo
Há otimismo por parte da ONU quanto aos objetivos a serem alcançados. Entretanto, será decisiva a disponibilidade de compromisso de ambas as partes. “Até este momento — acrescenta Mercuri — creio que exista dentro do país uma certa vontade de chegar a alguns acordos. Espero que haja a mesma vontade entre os protagonistas externos que vêm apoiando as diversas facções em luta há anos, refiro-me em particular à Rússia e à Turquia”.
A representação
Com relação aos 75 participantes do Fórum, embora existam algumas vozes discordantes em relação à escolha, a professora Mercuri aponta que é uma representação muito rica, composta de políticos, juristas, mas também de ativistas: “Isto significa ter opiniões de muitas frentes, mas também da população, que é a principal protagonista, talvez esquecida, da guerra da Líbia, mas também significa encontrar um acordo entre muitas pessoas, tribos, prefeitos, protagonistas locais e sabemos que isto é muito difícil”.
As esperanças da população e o drama dos migrantes
“Não devemos esquecer — acrescenta Mercuri — que durante 18 meses houve uma guerra sangrenta que fez muitas vítimas não só entre os militares, mas também entre a população civil. Além disso, nos últimos meses, o povo líbio, em Trípoli como em Benghazi, foi às ruas para se manifestar contra a violência e contra a pobreza imposta pelo bloqueio da produção de petróleo”.
Estreitamente ligada à estabilidade do país está também a questão dos migrantes que vêm para a Líbia de diferentes países para tentar atravessar o Mediterrâneo. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) informa que mais de 10.000 homens, mulheres e crianças tentaram fugir da Líbia desde o início deste ano e foram repatriados, enfrentando detenção, exploração e abuso. Para a professora Mercuri, a estabilização política e a melhoria das condições econômicas no país também seria positivo também para os migrantes: “Uma maior circulação de dinheiro, inclusive resultante da retomada da produção de petróleo, poderia tirar grande parte da renda do crime organizado que lucra com o tráfico de migrantes. Além disso, uma estabilidade política da estrutura interna poderia permitir que a OIM, a ACNUR e as ONGs retornassem ao país para trabalhar nos centros de detenção”.