Joaquin Navarro-Valls ficou conhecido como o porta-voz de João Paulo II
Rádio Vaticano
Faleceu na noite desta quarta-feira, 5, aos 80 anos, o ex-diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Joaquin Navarro-Valls.
O jornalista espanhol faleceu em sua residência romana em decorrência de um câncer no pâncreas. O velório está marcado a partir das 16h (hora loca) desta quinta-feira, 6, na sacristia da Basílica de Santo Eugênio. O funeral será celebrado na sexta-feira, 7, por mons. Mariano Fazio, vigário-geral do Opus Dei, prelazia à qual pertencia.
Joaquín Navarro-Valls nasceu em 16 de novembro de 1936 e se formou em Medicina nas Universidades de Granada e de Barcelona, período em que se aproximou do Opus Dei. Ao concluir os estudos em Medicina, especializou-se em Psiquiatria. Nesta fase, começou a estudar Jornalismo, formando-se em 1968.
Foi secretário da Delegação do Opus Dei em Barcelona e colaborou para a criação de inúmeras iniciativas apostólicas. No início da década de 1970, se transferiu a Roma e trabalhou com São Josemaría Escrivá no âmbito da comunicação da Obra, quando lhe coube anunciar a morte do fundador (26 de junho de 1975) e a eleição do sucessor, Álvaro del Portillo. Em Roma, trabalhou também como correspondente do jornal ABC, cobrindo os eventos nos países do Mediterrâneo, viajando com frequência para o Oriente Médio. Em 1983, foi eleito presidente da Imprensa Exterior, a associação dos correspondentes estrangeiros em Roma.
Da comunicação ao Vaticano
Em 1984, foi convocado para um almoço com João Paulo II, que o nomeou diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, inovando ao chamar para o cargo um leigo. Desde então, a sua figura foi associada à do Papa polonês até a sua morte em 2005. Desempenhou o mesmo cargo com Bento XVI, nos primeiros 15 meses do seu pontificado.
A relação com São João Paulo II foi muito próxima, seja no plano profissional, seja no pessoal: o Papa lhe confiou missões delicadas com Gorbachov e Fidel Castro, e com ele, transcorria os períodos de repouso nas montanhas.
Jornalista, mas não só
Navarro-Valls, de fato, teve também um papel diplomático importante para a Santa Sé, participando como delegado vaticano em várias conferências das Nações Unidas e desempenhando um papel fundamental na preparação das viagens apostólicas. Tinha por João Paulo II uma sincera veneração e dizia que prestaria contas a Deus pela sorte que teve de trabalhar com um santo. A sua comoção nas horas precedentes à morte do Papa, (ocorrida no dia 2 de abril de 2005), ficou imortalizada pelas imagens televisivas.
Joaquín Navarro-Valls foi sucedido pelo jesuíta Federico Lombardi. Ao comentar a morte do seu predecessor, padre Lombardi o lembra como uma das figuras importantes do “extraordinário pontificado” de João Paulo II, não somente por sua evidente visibilidade pública, mas também por sua ação concreta e seu papel de conselheiro. “Certamente João Paulo II tinha grande confiança nele”.
Já o atual diretor da Sala de Imprensa, o estadunidense Greg Burk, também ele Opus Dei, comentou a morte de Navarro-Valls com um tuíte: “Grace under pressure”. “A graça sob pressão”.