No Dia Internacional da Mulher, missionárias testemunham a riqueza que a mulher traz também para a Igreja; bispo recorda o protagonismo delas e impulso dado pelo Papa Francisco
Mauriceia Silva
Da Redação
Nesta quarta feira, 8, é celebrado o Dia Internacional da Mulher. A missão da mulher no mundo é tão importante que o Papa Francisco enalteceu o dom de ser mulher em uma de suas homilias na Missa na Capela Santa Marta em fevereiro de 2017: “Este é o grande dom de Deus: nos deu a mulher. No Evangelho, ouvimos do que é capaz uma mulher, hein? Aquela é corajosa! Foi adiante com coragem. Mas é algo mais: a mulher é a harmonia, é a poesia, é a beleza. Sem ela o mundo não seria bonito, não seria harmônico.”
O Papa João Paulo II também deu esse destaque por meio da Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, em 1988. Em outra ocasião, o papa polonês trouxe a Virgem Maria como a principal referência de mulher. “Na figura materna de Maria, mãe de Deus, a humanidade encontra o modelo perfeito de mulher e de mãe para todos os tempos”.
Leia também
.: Mulieris Dignitatem: documento de João Paulo II completa 34 anos
Chamado da Mulher
O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, ressalta que a Palavra de Deus aponta para o protagonismo da mulher. “Na Bíblia, essas mulheres ocupam lugar de destaque na história da Salvação, com atitudes fortes, marcantes. Indicam, pois, o papel da mulher na vida da Igreja, chamadas a serem líderes, referências na proclamação do Evangelho, contribuindo para que muitos possam se tornar discípulos e discípulas de Jesus.”
A missionária da Comunidade Canção Nova, Antonieta Sales, acredita que as mulheres são chamadas a trazer vida em meio a tantas situações de morte, a partir da evangelização. “Só pelo fato de ser mulher, a mulher traz a força da vida em meio a um mundo onde a cultura de morte está instalada.”
A missionária, ministra de música, teóloga e escritora Rogerinha Moreira recorda, nesse contexto, quem foi Maria Madalena. Antigamente era muito vista como prostituta, observa, mas foi uma mulher que teve uma conversão extraordinária. “Por tal motivo, ela se tornou discípula de Cristo, foi a primeira a ver o ressuscitado, a levar a boa nova do ressuscitado, ela tinha uma força de evangelização muito grande.”
Antonieta acrescenta que Maria Madalena recebeu a força da misericórdia de Deus em Jesus Cristo, que curou profundamente a sua alma. Libertada em Jesus, imediatamente ela se colocou a serviço do reino de Deus, anunciando, não só com a palavra, mas com a sua vida, que Jesus Cristo está vivo e é o Senhor.
“Importante dizer que ela também esteve firme na fé em cada etapa da missão de Jesus, permanecendo ao seu lado no martírio. Uma inspiração para todos os discípulos de Cristo”, acrescenta Dom Walmor.
O potencial da mulher na evangelização
Sobre o potencial de evangelização feminino, Rogerinha fala que, nos dias de hoje, vê-se dentro da igreja também um grande protagonismo das mulheres. “Ela é socorro de Deus hoje para a sociedade. Então a presença da mulher na sociedade, na evangelização, faz toda a diferença, traz esse aspecto de humanização, como dizia Edith Stein.”
Rogerinha acredita que a evangelização de mulheres para com outras mulheres tem uma eficácia e um alcance especial. Quando uma mulher encontra uma outra mulher, com a qual ela pode abrir o seu coração, derramar sua vida, essa abertura faz com que ela se entregue mais ainda, observa.
“Eu acredito que sim, a mulher tem um lugar especial também na evangelização. Paulo VI, no final do Concílio Vaticano II, naquele momento em que a Igreja dava sua virada na grande evangelização, ele escreveu uma carta às mulheres. E nessa carta ele diz o seguinte: ‘mulheres cabe a vós mudar o mundo.’ É como se ele desse autoridade para as mulheres nesse tempo, para que elas pudessem fazer algo pela evangelização. E a gente vê isso né, o protagonismo na catequese, em diversos encontros.”
O impulso dado pelo Papa Francisco
A teóloga ressalta que a mulher sempre teve um papel muito especial, e agora o Papa Francisco tem dado muito mais abertura. O mesmo aspecto é destacado por Dom Walmor, que diz que esta riqueza da participação e contribuição das mulheres na vida da Igreja inspira o magistério do Papa Francisco.
“As mulheres são protagonistas na vida da Igreja, tendo destaque em muitos ministérios. A Igreja, a partir do magistério do Papa Francisco, tem investido sempre mais para que esse protagonismo se fortaleça continuamente. É preciso que as mulheres, sempre tão atuantes nas muitas frentes de evangelização, possam ocupar cada vez mais instâncias de decisão na Igreja, podendo servir ao Povo de Deus ainda mais, com a inteligência e a firmeza que são próprias das mulheres, emolduradas pela ternura do coração daquelas que seguem Jesus Cristo.”
O exemplo de várias mulheres na Igreja
Rogerinha também relembra que, quando terminou o curso de Teologia, fez o seu trabalho de conclusão sobre o protagonismo da mulher dentro da igreja. Ali ela foi descobrindo o papel de várias mulheres na igreja como Santa Hildegarda, que é doutora, Santa Catarina de Sena e Joana D’arc, só para citar alguns exemplos.
“A mulher cada vez mais ganha confiança, e ela pode, assim, ser uma peça chave principalmente nesse mundo tão desumanizado. A presença dela, que é humanizadora, faz a diferença em muitos lugares.”
Para Antonieta Sales, que também é mãe e esposa, mesmo em meio às exigências e desafios da rotina da mulher como tal, é possível ter uma vida de evangelizadora. “O fazer, o realizar e o ser comporta uma missão digna e uma missão valiosa que é ser mulher. Então eu acredito plenamente que tudo isso que comporta a vida de uma mulher tem uma força de evangelizar e levar Cristo em todas essas realidades.”