Anúncio do acordo

Mianmar fecha acordo com Bangladesh para retorno dos rohingyas

Acordo foi fechado dias antes da chegada do Papa; mais de 600 mil rohingyas abandonaram suas casas por perseguições

Da redação, com ANSA

Os governos de Mianmar e de Bangladesh fecharam um acordo nesta quinta-feira, 23, para permitir o retorno em segurança das centenas de milhares de pessoas da minoria muçulmana rohingya para o estado de Rakhine. Segundo estimativas das Nações Unidas, mais de 600 mil fugiram desde agosto deste ano por conta da sistemática perseguição de membros militares de Myanmar.

Os abusos contra os rohingya foram denunciados por entidades locais e classificados pela ONU como um “clássico exemplo de limpeza étnica”. Os detalhes do acordo não foram informados, mas políticos bengalis consideraram a decisão como um “primeiro passo” para resolver a crise humanitária na região. Antes dessa nova onda migratória, Bangladesh já abrigava mais de 400 mil muçulmanos em seu país.

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Apesar da boa notícia, ONGs de direitos humanos mostram preocupação sobre a real segurança dos rohingyas no retorno para casa. A líder, de fato, de Mianmar, Aung San Suu Kyi, que já recebeu um Nobel da Paz, foi muito criticada por diversos governos internacionais por não agir em prol da minoria religiosa.

Mianmar é um país de maioria budista e, há anos, não reconhece os direitos dos muçulmanos. Por exemplo, mesmo tendo nascido na nação, eles só podem ter acesso às escolas e ao sistema de saúde perante uma autorização especial. A situação se agravou após um ataque do grupo “Exército Arakan para a Salvação dos Rohingyas”, no dia 25 de agosto, que deixou ao menos 70 mortes, incluindo dezenas de policiais.

Com isso, os militares começaram a perseguir todos os pertencentes à minoria, obrigando a uma arriscada fuga para o país vizinho. Porém, em Bangladesh, eles também não tinham os direitos reconhecidos e sobreviviam com a ajuda de ONGs.

Papa Francisco

Papa desembarcará neste domingo, 26, em Mianmar e no dia 30 de novembro seguirá para Bangladesh /Foto: Arquivo

O anúncio do acordo ocorre dias antes da visita do Papa Francisco aos dois países, que acontecerá entre os dias 26 de novembro e 2 de dezembro. De acordo com informações dadas pelo porta-voz do Vaticano, Greg Burke, nesta quarta-feira, 22, o líder católico se reunirá com um grupo de rohingyas durante uma celebração inter-religiosa em Bangladesh.

Durante a 21ª viagem internacional de seu Pontificado, Jorge Mario Bergoglio também se reunirá com o general Min Aung Hlaing, chefe do Exército durante o período da “ditadura militar”, encerrada com as eleições gerais recentes.

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