Após um ano, desde o colapso que culminou com a explosão do porto em Beirute, uma coalizão organiza um novo governo
Da redação, com Reuters
Líderes libaneses concordaram com um novo governo liderado pelo magnata muçulmano sunita Najib Mikati nesta sexta-feira, 10, após um ano de contendas que resultaram em um colapso econômico devastador, abrindo caminho para a retomada das negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A França insistiu em esforços para que os líderes do Líbano concordassem em um gabinete e começassem as reformas desde a explosão catastrófica do porto de Beirute no ano passado, disseram fontes políticas libanesas.
Não houve nenhum comentário imediato do Ministério das Relações Exteriores da França.
Em comentários transmitidos pela televisão, os olhos de Mikati se encheram de lágrimas e sua voz falhou ao descrever as dificuldades e a emigração infligidas pela crise, que levou três quartos da população à pobreza.
A maior ameaça à estabilidade do Líbano desde a guerra civil de 1975-90, a crise atingiu um ponto crítico no mês passado quando a escassez de combustível paralisou grande parte do país, desencadeando inúmeros incidentes de segurança, aumentando a sensação e os avisos de que o pior estaria por vir, a menos que algo fosse feito.
Um cristão maratonita
Mikati e o presidente Michel Aoun, um cristão maronita, assinaram um decreto estabelecendo o governo na presença de Nabih Berri, o presidente do parlamento muçulmano xiita, disse a presidência.
Mikati disse que a política divisória deve ser deixada de lado e que ele não poderia negociar com o FMI apenas para encontrar oposição em casa.
Ele prometeu buscar o apoio dos países árabes, vários dos quais evitam o Líbano por conta da ampla influência exercida em Beirute pelo grupo islâmico xiita Hezbollah, fortemente armado e apoiado pelo Irã.
Sem reservas
O Líbano não pode mais subsidiar bens como combustível importado, disse ele, acrescentando que o país não tem reservas em moeda forte para isto.
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Abordando as dificuldades diárias, Mikati descreveu como as mães foram forçadas a cortar o leite para seus filhos. “Se o filho mais velho de uma mãe deixa o país e ela tem lágrimas nos olhos, ela não pode comprar um Panadol [um analgésico e antifebril] ou pílula de aspirina”, disse, referindo-se à escassez de medicamentos.
Mikati também disse que as eleições parlamentares marcadas para a próxima primavera ocorrerão dentro do prazo estabelecido
O apelo do Papa
No dia 4 de setembro, o Papa Francisco instituiu um dia de jejum e oração pelo Líbano, após acompanhar o sofrimento do povo e dos fiéis libaneses.
“Gostaria de convidar a todos a viver um dia universal de oração e jejum pelo Líbano, na próxima sexta-feira, 4 de setembro. Tenho a intenção de enviar o meu representante ao Líbano naquele dia para acompanhar a população. Nesse dia, o secretário de Estado irá em meu nome. E ele irá, para expressar minha proximidade e solidariedade. Ofereçamos nossas orações por todo o Líbano e por Beirute. Estamos próximos também com o compromisso concreto da caridade, como em outras ocasiões semelhantes. Convido também os irmãos e irmãs de outras confissões e tradições religiosas a se unirem a esta iniciativa nas modalidades que considerarem mais adequada, mas todos juntos”, disse à ocasião o Pontífice.