Mês de Agosto

Igreja a caminho: secretário da PUM comenta intenção de oração do Papa

Intenção de oração do Papa para o mês de agosto é sobre identidade e vocação da Igreja

Denise Claro
Da redação

Intenção do mês de agosto é sobre vocação e identidade da Igreja / Foto: Canção Nova Roma

Neste mês de agosto, a intenção de oração do Papa Francisco é sobre a situação da Igreja, sua vocação e sua identidade. O Papa destaca a vocação própria da Igreja, que é evangelizar, e sonha com uma “opção ainda mais missionária”.

O desejo é de uma Igreja que vá ao encontro do outro sem fazer proselitismo. Uma instituição que transforme todas as suas estruturas para a evangelização do mundo atual.

O secretário nacional da Pontifícia União Missionária (PUM), padre Antônio Niemiec, CSsR, comenta o tema “A Igreja a caminho” da intenção deste mês. Ele afirma que o Papa Francisco, como um ancião bíblico, reaviva a memória da Igreja. O desejo é recordar a essência diante do perigo da relativização ou esquecimento. 

“Na Bíblia, a função do idoso, do ancião é recordar os acontecimentos do passado, contar e recontar história, reavivar a memória para ajudar a conservar a identidade. O nosso Papa, já idoso, também neste mês de agosto, cumpre profeticamente sua responsabilidade de recordar à Igreja sua vocação e identidade missionária.”

Evangelizar

“O nosso Papa, já idoso, também neste mês de agosto, cumpre profeticamente sua responsabilidade de recordar à Igreja sua vocação e identidade missionária”.

O sacerdote lembra que a vocação e a identidade da Igreja é evangelizar, conforme o dizia o Papa Paulo VI. “A missão evangelizadora constitui de fato a graça e a vocação própria da Igreja, sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar”.

“Na mensagem referente à intenção de oração para este mês, o Papa insiste sobre a necessidade da reforma da Igreja e essa reforma deve começar por nós mesmos, a partir da vida de cada cristão, à luz do Evangelho. Ele alerta que não será possível realizar essa reforma sem fazermos uma clara opção missionária que nos faz sair ao encontro dos outros, mas sem fazer proselitismo.”, afirma o sacerdote.

Caminho, estilo de vida de Jesus e seus seguidores

Essa identidade missionária é uma realidade dinâmica, ligada ao “caminho”, uma realidade assumida pelo próprio Jesus Cristo e muito cara aos cristãos das origens. Segundo padre Antônio, o caminho define e caracteriza o estilo de vida dos cristãos porque assim foi a vida de Jesus Cristo. Depois da sua ressurreição, Cristo continua caminhando com seus discípulos, como protagonista do caminho da Igreja. 

“A Igreja se edifica quando percorre o caminho com seriedade, apesar das perseguições que não poderão detê-la, porque Deus a dirige pelo Espírito. A parusia do Senhor colocará fim a todo este caminho de salvação.”

O sacerdote lembra ainda que “ir” é estar a caminho, em movimento, sair ao encontro das pessoas para dar-lhes a graça de se tornarem discípulas. Consequentemente, “a atividade missionária é a principal e a mais sagrada atividade da Igreja” (Ad Gentes, 29). 

O próprio Papa Francisco destaca que a Igreja deve ser em saída ou não é a Igreja de Cristo. A Igreja deve se colocar a caminho, “primeirear”, envolver-se, de modo que os evangelizadores contraiam o “cheiro de ovelha”, e as ovelhas escutem a sua voz (cf. Evangelii Gaudium, 24). 

Desafios, oração e serviço

O padre lembra que uma grande tentação que pode acometer os cristãos é o desinteresse pelos outros, especialmente pelos mais frágeis. Mas diante de tantas dores e feridas, a solução é ser como o Bom Samaritano. 

“Jesus nos convida a sermos uma missão, isto é, ir, colocar-se a caminho e fazer o bem a quem necessita”.

“Diante do caído, do necessitado, só existem dois tipos de pessoas: aquelas que cuidam do sofrimento e aqueles que passam ao largo. É a hora da verdade. Jesus nos convida a sermos uma missão, isto é, ir, colocar-se a caminho e fazer o bem a quem necessita.”

O padre ressalta que o Pontífice, na oração que propõe para este mês, também fala da vocação própria da Igreja, que é evangelizar, e da necessidade da reforma da Igreja. Exorta-nos que essa reforma deve começar por nós mesmos, através de experiências concretas. Entre as práticas, ele destaca a oração, a caridade e o serviço.

“Na verdade, trata-se das mesmas práticas que os Papas propõem à Igreja, há muitos anos, ao recordar aos cristãos da sua responsabilidade de cooperar com a missão de Deus, através de formas concretas. Anualmente, o dever de cooperar e os modos dessa cooperação nos são lembrados por ocasião Dia Mundial das Missões”. 

Igreja no Brasil e caminhada missionária

Padre Antônio afirma que, após o Concílio Vaticano II, também a Igreja no Brasil rearticulou e impulsionou sua caminhada missionária.

Diversas iniciativas de animação, formação e cooperação missionária surgiram a partir de 1972. Alguns exemplos: a criação do Centro Cultural Missionário (CCM), o início da celebração do Mês Missionário e da Campanha Missionária, o surgimento de revistas missionárias (Sem Fronteiras, Kosmos, Missões, Mundo e Missão), a criação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a unificação das Pontifícias Obras Missionárias (POM), entre outras. 

“Uma iniciativa, de grande importância foi a implantação do Programa Igrejas-Irmãs, desde 1972, que, por meio de diversos projetos, favoreceu ajuda e comunhão entre Igrejas particulares e continua produzindo excelentes frutos.”

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) mantém um projeto de ajuda e colaboração com a Igreja no Timor-Leste, país muito destruído pela guerra. Outro projeto ad gentes além-fronteiras da Igreja no Brasil é com a Guiné Bissau, iniciado em 2006. E há ainda outros projetos ad gentes além-fronteiras que envolvem diversas instâncias da Igreja no Brasil, lembra o padre. 

Ação Evangelizadora

Uma das expressões claras e bem visíveis dessa renovada consciência e caminhada missionária, na Igreja no Brasil, são as últimas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023 e o Programa Missionário Nacional 2019-2023. 

“Nesses documentos, a missão é considerada como eixo fundamental da vida e da pastoral, identidade, e não apenas como uma dimensão, uma atividade ou um pilar. Essa identidade missionária revela-se no modo de ser, de viver e de agir dos discípulos missionários, membros da Igreja.”

Para os próximos anos, a Igreja no Brasil se compromete a colocar em prática algumas prioridades que estão no Programa Missionário Nacional. Entre elas, formação, animação missionária, missão ad gentes e compromisso social-profético. 

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