Dez pessoas foram presas no Brasil suspeitas de ligação com o Estado Islâmico; especialista comenta possíveis ameaças
Da Redação, com Rádio Vaticano
A poucos dias do início das Olimpíadas Rio 2016, um alarme sobre possíveis ações terroristas assustou o país. Nesta quinta-feira, 21, um grupo de dez pessoas foi preso sob suspeita de planejar ações terroristas no país e de ligação com o grupo extremista Estado Islâmico (EI).
O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou que, mesmo diante desse fato, o planejamento da segurança para os Jogos Olímpicos Rio 2016 não será alterado. De toda forma, a bandeira do terror chegou à América do Sul e existe a sombra de uma ameaça terrorista.
O especialista em terrorismo e professor de Gestão de risco e de crises na Universidade Católica do Sagrado Coração em Milão, Marco Lombardi, diz que essa é a primeira vez que um grupo terrorista ocupa um espaço geográfico – Síria e Iraque – além de que é um terrorismo que se enquadra em um contexto diferente, da globalização.
O clima de tensão tem se estendido. Primeiro a França esteve no “olho do furacão”, agora aparece o nome do Brasil entre os possíveis alvos. Segundo Marco, as tendências à difusão aumentam, é uma espécie de “guerra deslocalizada”, difusa, com pontos de atenção que aumentam. No Brasil, no caso, a atenção se deve às Olimpíadas que começam agora em agosto.
“Vimos que o modus operandi do terrorismo é ir atingir os chamados ‘alvos fáceis’: portanto os grandes eventos, por exemplo, sobretudo aqueles muito midiatizados, são, evidentemente, pontos de atenção. O terrorismo promove o terror, o terror se leva adiante, se promove, através da comunicação. Estamos trabalhando e procurando entender as possibilidades de penetração e os dez presos ontem no Brasil confirmam, infelizmente, essa capacidade, sobretudo através da Rede”, explica Marco.
E tendo em vista o caráter imprevisível dos atentados, é sempre difícil compreender onde e como haverá uma nova ação. Segundo Marco, esse é o instrumento preferido do terrorismo, destacado principalmente pelo Estado Islâmico nos últimos meses.
“As Olimpíadas, como todo outro evento midiatizado, estão seguramente sob potencial ataque. Estes lugares são também lugares por natureza abertos: ‘segurizar’, como se diz em grego, iniciativas desse tipo é possível, mas extremamente difícil. Agora estamos nos acostumando, infelizmente, com as catracas e detectores de metal para jogos de futebol, mas em pouco tempo também para museus ou concertos que temos nas praças. Infelizmente, o modus operandi que se está importando ou exportando depende do local em que nos colocamo: é a Intifada das facas, a Intifada das bombas, é típico do Oriente Médio. Isto, então leva, obviamente, para outros modos de funcionamento, mas antes de tudo nos interroga se esta é a solução, porque é uma solução que tem um enorme impacto em nossas vidas diárias”.