Artigo

Encíclica de Francisco é um convite à conversão ecológica

O documento é um convite à conversão para as questões ecológicas e uma tomada de consciência sobre o cuidado para com a criação

Padre Roger Araújo

A nova Encíclica do Papa Francisco, intitulada “Louvado sejas meu Senhor”, foi inspirada no mais lindo cântico de São Francisco de Assis sobre a criação divina, no qual o santo, num êxtase de amor e cuidado com a natureza, reconhece a grandeza de Deus em cada obra de sua criação. O documento não é um tratado sobre cuidados ecológicos, tão pouco uma visão teológica sobre a natureza. O Papa tem a preocupação de fazer um texto em que todos os seres humanos, independente de sua fé e crença, possa refletir e repensar suas atitudes diante de uma grave crise ambiental que ameaça todos os seres humanos.

Nova encíclica é um chamado à conversão ecológica / foto: reprodução CTV

Nova encíclica é um chamado à conversão ecológica / foto: reprodução CTV

Mesmo enfatizando a questão de uma crise ecológica mundial e apresentando as consequências graves que tudo isso traz para a nossa vida prática e os riscos que todos nós corremos diante dessas ameaças para com a natureza, o documento é altamente animador e positivo. É muito difícil ler a encíclica e não despertar para a necessidade de prestar mais atenção na natureza e no mundo que está à nossa volta. É uma chamada de atenção para a responsabilidade pessoal e coletiva que devemos ter para com a nossa casa comum, que é a terra onde habitamos. Sem uma consciência ecológica pessoal e universal, seremos cúmplices e culpados por deixar se deteriorar nossa própria casa.

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O documento é um convite de conversão às questões ecológicas e uma tomada de consciência sobre a importância que precisamos dar a todos os detalhes da criação. Ele procura não entrar em contradição com a evolução tecnológica e os avanços da ciência, e reconhece a importância que cada coisa tem para o bem e a evolução da humanidade. O Papa enfatiza a importância de cada ciência e a contribuição que cada uma tem dado para uma sociedade melhor. Mas cada ciência e cada avanço científico ou tecnológico que não preserva ou cuida da nossa casa comum constitui mais um ameaça do que um bem para todos nós. Corremos o sério risco de nos deslumbrarmos com as tecnologias e não reverenciarmos e cuidarmos com a solicitude necessária do bem maior, que é a vida planetária com todas as diligências que o ecossistema exige.

A preocupação com o meio ambiente é uma questão de ordem econômica, social, geográfica, tecnológica, científica e teológica, mas, sobretudo, antropológica e humanitária. Não se pode pensar uma vida digna para o ser humano, se ele não cuida da casa onde vive nem da harmonia que precisa ter com todos os recursos que dão dignidade e condições à sua sobrevivência. Desmatar florestas, poluir rios a maltratar o meio ambiente é maltratar e descuidar da própria vida humana. A sobrevivência das espécies, a harmonia da natureza, desde o ar que respiramos e a água que tomamos, não são questões aleatórias ou superficiais. São questões vitais para garantimos vida ao planeta e a todos os que nele convivem.

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