Mesmo cercados por destroços, os refugiados e migrantes do campo de Moria insistem em viver no loca, sem ter para onde ir
Da redação, com Reuters
Em meio às ruínas carbonizadas do acampamento de Moria, vozes podem ser ouvidas. Mulheres passeiam e crianças brincam em volta dos restos enegrecidos de barracas e contêineres queimados.
Os migrantes ainda vivem em Moria, apesar de estarem cercados pelos destroços de carvão, dizendo que estão cansados da vida no campo e não querem mais instalações.
Apenas 1200 migrantes foram enviados para um local temporário pelas autoridades, o restante está dormindo pelas ruas de Lesbos após os incêndios que atingiram Moria. E muitos inclusive estão reconstruindo abrigos com o que puderam resgatar do fogo — lona, madeira, cobertores.
Um deles é Aman Ullah, de 23 anos, de Cabul, Afeganistão, que estava no campo de Moria há quase um ano. Ele joga pingue-pongue em uma mesa feita com um painel de madeira com outras pessoas, cercados por barracas e contêineres queimados.
“Queremos uma vida livre. Viemos aqui para viver, somos humanos e não somos animais”, disse Aman.
“Eles nos obrigam a ir para o outro acampamento que arranjaram para nós, mas algumas pessoas já estão lá e reclamam dos problemas daquele acampamento. O clima está quente lá, por isso as pessoas não querem ir. As pessoas querem uma vida livre aqui, porque estão cansadas de viver lá, queremos ter uma vida confortável”, acrescentou o jovem.
Os migrantes querem deixar Lesbos e seguir para outros estados europeus. As condições de superlotação de Moria foram constantemente alvo de críticas por parte de organizações humanitárias.
Os moradores da ilha também não querem por lá, culpando-os por causar danos à ilha e violência. Na terça-feira, 15, seis migrantes foram presos devido ao incêndio em Moria. Não houve vítimas do incêndio.
“Não sabemos quem ateou fogo ao acampamento; somos inocentes. Não temos poder para atacar ninguém aqui porque testemunhamos misérias e dificuldades na vida. Quem quer que tenha feito isso, não sabemos quem foi. Somos um povo pacífico e não procuramos lutar aqui e não queremos prejudicar ninguém”, disse o jovem Aman.