Em 2018, são comemorados o centenário dos estigmas e os 50 anos de morte de Padre Pio
Denise Claro
Da redação
No próximo domingo, 23, a Igreja celebra a memória de Padre Pio de Pietrelcina. Neste ano, em especial, se comemora o centenário dos estigmas e os 50 anos da morte do santo.
No Santuário de São Giovanni Rotondo, onde Padre Pio viveu, as festividades estão sendo marcadas pela realização de novenas, Celebrações Eucarísticas, procissões e a exposições de relíquias. Os festejos se estendem até o dia 23, em que será celebrada uma Missa Solene, presidida pelo novo Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, Frei Roberto Genuin.
A carioca Gelsa de Oliveira, 85 anos, teve a oportunidade de se corresponder com Padre Pio poucos anos antes de sua morte. Na década de 60, descobriu que o seu segundo filho, Jorge, de três anos de idade, tinha leucemia. Foi quando soube da existência de Padre Pio, que tinha uma fama muito grande na Itália:
“Na época a leucemia não tinha um tratamento muito eficaz. Frequentávamos o Hospital do Exército, no Rio, e havia ali o que chamavam de ‘corredor da morte’. Todas as crianças com leucemia morriam, não havia cura, nem esperança. Era um processo muito doloroso, e as crianças sofriam muito. Tive então a inspiração de escrever para Padre Pio. Enviei uma carta a ele pedindo orações por meu filho, eu não pedi a cura. Mas pedi para que ele não sofresse.”
Dona Gelsa conta que os três anos que se seguiram, até a morte de seu filho, foram de paz. Padre Pio respondeu a carta, dizendo que o menino não sofreria de nenhuma dor. Além disso, Padre Pio disse que os assumiria como seus filhos espirituais, e que sempre que quisessem, poderiam falar com ele através de seus anjos-da-guarda, pedindo que se comunicassem com o seu, e assim ele saberia imediatamente do que seus ‘filhos’ precisavam.
“Meu filho não sofreu. Os médicos retiraram os remédios e diziam que aquilo era um milagre. Nem os cabelos do meu filho caíram. Meu filho brincou até o último dia e faleceu dormindo. Depois escrevi novamente para o Padre Pio, mas esta segunda carta já foi respondida por um secretário, pois ele já não estava em condições. Mesmo assim, me enviou nove novenas de Nossa Senhora, me recomendando a fazê-las”, conta a mãe, aliviada.
Filhos Espirituais
Ainda hoje, após sua morte, muitos devotos se consideram filhos espirituais de Padre Pio. O vigário da Paróquia Nossa Senhora das Dores, em Niterói (RJ), Padre Marcelo José da Costa, afirma que, como sacerdote, o impressionam os dons de ciência e da bilocação que o Padre Pio havia recebido de Deus:
“Uma vez uma senhora queria confessar com ele e ele percebeu que a pessoa estava fugindo do seu pároco e com isso, a mandou voltar para confessar com quem era de direito. Durante a Segunda Guerra Mundial, Padre Pio rezava muito para que nenhuma bomba caísse em sua cidade, e nenhuma a atingiu. Vários pilotos testemunharam algo fora do comum no território de Gargano, perto de S. Giovanni Rotondo. Eles relataram que viam um “monge no céu que lhes proibia de lançar bombas naquele local. Após a Guerra, o general com alguns pilotos queriam saber sobre este monge fantasma e constataram que era padre Pio que tinha o dom de bilocação. Padre Pio, por sua vez, ao ver o general na igreja diz: ‘Então era você que queria matar a todos nós?’ O general diante disso se converteu e se tornaram bons amigos.”
Ao ser perguntado sobre sua experiência pessoal com o santo, Padre Marcelo conta que o primeiro contato foi por meio da mãe de um amigo, que contava suas histórias, diante das quais ficava encantado.
“Sempre gostei de estudar sobre os dons, carismas (teologia espiritual) e padre Pio me ajudou muito a compreendê-los, principalmente o dom do discernimento, para saber se as coisas são de Deus, do homem ou do demônio.”
Sua experiência mais recente se deu em agosto deste ano. Ele estava numa peregrinação que não passaria por San Giovanni. Mas, em Assis, na Itália, encontrou um jovem que estava vindo de Medjugorje e indo para a terra de Padre Pio. O sacerdote resolveu acompanhá-lo.
“Chegando lá encontramos o corpo do padre Pio que está intacto há 50 anos e naquele momento me vinha muito no coração: ‘Santidade, Santidade, Santidade’. Ao sair de lá, a caminho da Igreja antiga, tinha uma frase em italiano: ‘Santificati e santifica’. Entendi bem o recado.”
Amor à Padre Pio
Dona Gelsa reforça que leva esta experiência para toda a vida: “Eu sempre rezo com Padre Pio, tenho um quadro enorme aqui em casa, amamos este sacerdote, que foi um homem de Deus.”
Padre Marcelo José também testemunha confiar em sua intercessão: “Sempre peço a ajuda de Padre Pio, que dizia sempre que não iria sossegar enquanto não colocasse cada filho espiritual no céu… Caso eu venha me desviar, certamente ele vai vir e me puxar a orelha e me dar uns bons tapas na cara e me dizer: “Volta para o caminho, meu rapaz!”
Quem foi Padre Pio
Padre Pio de Pietrelcina nasceu em 25 de maio de 1887, na Itália, tendo como nome de batismo Francesco Forgione. Desde criança, cultivou uma amizade com seu Anjo da Guarda, a quem recorreu muitas vezes para auxiliá-lo na sua caminhada com Deus.
Aos quinze anos, entrou no noviciado na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos em Morcone, adotando o nome de “Frei Pio”. No dia 10 de agosto de 1910 foi ordenado sacerdote. Em 1916, foi enviado para o convento de San Giovanni Rotondo, onde permaneceu até a morte.
Construiu em 1956 um hospital em San Giovanni Rotondo, chamado “Casa Alívio do Sofrimento”, que se tornou referência em toda a Europa.
Padre Pio recebeu os estigmas em 1910, sinais da Paixão de Jesus, em seu próprio corpo. As chagas ficaram visíveis em 1918 e o santo permaneceu com elas por cinquenta anos.
E em 1968, veio a falecer, no dia 23 de setembro, em seu quarto. Padre Pio foi beatificado no dia 2 de maio de 1999 pelo Papa João Paulo II e canonizado no dia 16 de junho de 2002 também pelo saudoso Pontífice.
Em março deste ano, o Papa Francisco visitou San Giovanni Rotondo, e rezou diante da cripta com o corpo de Padre Pio.
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