GUERRA

Como limpar áreas minadas pode salvar comunidades inteiras

A HALO Trust trabalha com a limpeza minas terrestres e resíduos explosivos de guerra, além de educar comunidades sobre como reconstruir suas vidas da forma mais segura possível

Da redação, com Vatican News

Funcionário da Halo realizando limpeza de minas no Afeganistão / Foto: Reprodução Halo Trust

“As minas terrestres são uma arma de guerra e o HALO Trust existe para removê-las”. É uma resposta simples a uma realidade complexa e, em última análise, desumana. Quando um conflito termina, restam vestígios que vão além da economia e da política. Campos de batalha que já abrigaram famílias e comunidades inteiras escondem dispositivos não detonados que ameaçam qualquer um que tente retornar.

O HALO Trust, uma organização sem fins lucrativos, opera no procedimento conhecido como “desminagem humanitária”. “A desminagem de minas terrestres e outros engenhos não detonados pode apoiar as populações que foram deixadas para trás após o fim de um conflito”.

Callum Peebles é é responsável pela região que compreende a Ásia Central do HALO Trust e atualmente operam em 30 países. “Infelizmente, as minas terrestres são um flagelo em todos os países onde existem”, lamenta.

Só no Afeganistão, mais de três mil civis foram mortos nos últimos três anos. Mais da metade deles crianças. “E esses são apenas os que conhecemos”, acrescenta Peebles.

Os perigos de voltar para casa

Milhões de pessoas tentam reinstalar-se no país e nas áreas onde vivem, mas encontram minas terrestres ou outros resíduos explosivos de guerra. Muitas vezes, acrescenta Peebles, “estes dispositivos que não explodiram e afetam populações que vivem em áreas rurais”.

O problema nestes casos é que uma única mina terrestre pode restringir a capacidade de utilizar uma enorme área de terra — muitas vezes com potencial agrícola — “de modo que apenas uma mina terrestre terá efeito sobre a subsistência de uma família inteira”. Os locais em que as obras da HALO atuam “a insegurança alimentar é tão grave que as famílias ou vivem na pobreza alimentar ou correm o risco de usar terras onde sabem que há uma ameaça”.

“No local onde trabalho, no Afeganistão”, detalha Peebles, “ou onde estive recentemente, existe uma estratégia de sobrevivência negativa em que as famílias que não têm outros meios alternativos de emprego recolhem sucata e vendem-na por dinheiro. Mas, essa sucata num lugar como o Afeganistão, é muitas vezes, na verdade, um item de artilharia não detonada e, portanto, extremamente perigoso. Então o que vemos são crianças e mulheres recolhendo sucata e, quando o fazem, acabam feridas ou mortas”, afirma.

Educando comunidades

A fim de acabar com esta realidade, a Halo trabalha educando estas comunidades vítimas da guerra. “Em muitos países, a escala do trabalho que temos de lidar é tão grande que não podemos limpar tudo”. Por esta razão, as comunidades devem ser informadas sobre o risco de itens explosivos e sobre o que fazer se um determinado item for encontrado. “No Afeganistão, temos mulheres que proporcionam essa educação a outras mulheres nas comunidades. É uma medida crucial que temos de tomar porque a escala do problema é muito grande”, observa Peebles.

Emprego e treinamento local

E então, claro, o próximo passo é tentar limpar esses itens. As equipes da HALO são compostas por funcionários internacionais e regionais. “O que fazemos é empregar comunidades locais. Oferecemos empregos para aqueles indivíduos que podem não ter nenhuma opção de emprego e os treinamos para realizar a liberação desses itens em todo o mundo”.

O representante da HALO Truste enfatiza que nenhum membro da equipe jamais será colocado em risco e que todos passam por um treinamento completo de conduta para limpar os locais, que muitas vezes têm caracatéristicas específicas da região e que estão frequentemente em evolução.

A voz de apoio do Papa Francisco

As orações do Papa Francisco durante a Audiência Geral semanal, no dia 28 de fevereiro, chegam num momento importante. Este 1º de março marca o 25º aniversário da assinatura da Convenção sobre a Proibição de Minas Antipessoal.

Peebles descreve-o como “um dos mais bem-sucedidos da história”, pois a assinatura deste documento marcou concretamente o início de uma mudança do “que era a desminagem militar para o que existe hoje — na qual o HALO Trust opera”.

Altruísta e inerentemente humanitário

Ter a voz do Santo Padre apoiando o trabalho de desminagem e de todas as pessoas que dedicam suas vidas a isso é extremamente significativo. “Tenho visto pessoas que trabalham na remoção de minas nas suas próprias comunidades há 20, 30 anos. Eles são incansáveis, e as pessoas que estão de joelhos fazendo essa limpeza realmente merecem oração e agradecimento pelo esforço que estão fazendo”, observa Peebles.

“É uma tarefa altruísta e inerentemente humanitária e gostaria de aproveitar a oportunidade para agradecer a todos os funcionários da HALO e a todos os outros ao redor do mundo que estão realizando trabalhos perigosos para o benefício da humanidade”, finaliza.

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