“A Igreja não tem medo da história”, reitera cardeal Tolentino, sobre a abertura dos arquivos do Pontificado de Pio XII, a partir de 2 de março
Da redação, com VaticanNews
“A Igreja não tem medo da história, mas considera a avaliação dos estudiosos com a certeza de que seja compreendida a natureza de sua ação”, afirmou o cardeal José Tolentino de Mendonça, ao anunciar no final da manhã desta quinta-feira, 20, na Sala de Imprensa da Santa Sé a abertura dos Arquivos Apostólicos sobre o Pontificado de Pio XII, a partir de 2 de março.
Ao lado de Dom Tolentino, Arquivista e Bibliotecário da Santa Romana Igreja, também Monsenhor Sergio Pagano, Prefeito do Arquivo Apostólico Vaticano e o professor Poaolo Vian, vice-Prefeito do Arquivo Apostólico Vaticano.
O gesto era esperado há muito pelos estudiosos. Devido à grande quantidade de documentos, foi necessário um lento e delicado trabalho, que envolveu, entre outros, a ordenação dos documentos por ordem cronológica, a conferência da correspondência dos documentos com os fatos, a reordenação, numeração e inventário de todo o material.
O purpurado português destacou, neste sentido, a importância e a abertura da Igreja ao compartilhar com estudiosos de todo o mundo as informações concernentes ao Pontificado de Pio XII: “Ao colocar à disposição dos estudiosos este “corpus” de documentos, a Igreja segue uma linha de secular compartilhamento com os estudiosos, sem exclusões ideológicas, de fé ou nacionalidade. Todos são bem-vindos”:
“É uma tradição da Igreja, uma tradição secular a partilha dos documentos administrativos, históricos, da sua vida interna com os estudiosos de todo mundo, exatamente para que é verdade sobre a história e a compreensão profunda da história possa acontecer. O Papa Francisco quando nos recebeu como Arquivo Apostólico o ano passado, sublinhou esse aspecto que a Igreja não tem medo da história, pelo contrário, a história é uma aliada da Igreja, porque o cristianismo acontece no interior da história, com a sua dramaticidade, as suas interrogações, mas também as suas oportunidades”.
O que poderá ser consultado e quem poderá consultar?
O cardeal explica que o material a ser consultado são os arquivos das principais instituições da Santa Sé, a começar pelo Arquivo Central, o Arquivo Apostólico Vaticano, e a ela terão acesso os estudiosos qualificados, sem qualquer restrição de religião, de proveniência ou de ideologia, isto é, uma total abertura. “Porque no fundo são materiais que uma competência científica, um saber para poderem ler aqueles documentos e enquadrá-los devidamente. Mas os requisitos científicos são, digamos, o único critério para a admissão dos estudiosos de todo mundo para consultar os nossos arquivos”.
Além do acesso ao Arquivo Central, a partir do dia 2 de março, os estudiosos poderão analisar os arquivos de outros órgãos que preservam registros históricos importantes, como da I e II Seção da Secretaria de Estado, da Congregação da Doutrina da Fé, da Congregação da Evangelização dos Povos – Propaganda Fide, da Congregação das Igrejas Orientais, da Penitenciaria Apostólica e da Fábrica de São Pedro.
“Nos acervos relativos a Pio XII há importantes documentos sobre as relações da Santa Sé com os regimes totalitaristas, sobre acordos com várias nações. Poderá ser compreendida melhor a posição do Papa e da Santa Sé com relação a certas políticas religiosas, ao comunismo e aos absolutismos. Assim como poderá ser conhecida a grandiosa obra do Papa Pio XII no que se refere à caridade”, havia dito ao Vatican News Dom Sergio Pagano, Prefeito do Arquivo Apostólico Vaticano, ao explicar o trabalho que precedeu a abertura dos arquivos relativos ao Pontificado do Papa Pio XII. “Muitos documentos provarão o seu empenho em salvar os judeus durante o Shoah”.