Cardeal Tumi foi sequestrado e libertado no início deste mês; ele busca uma solução pacífica para os conflitos em Camarões
Da Redação, com Agência Fides
“Creio que agora cabe ao Chefe de Estado fazer algo, e creio que possa fazê-lo, isso é, declarar a anistia a fim de que haja paz e que as crianças possam ir para a escola”, afirma o arcebispo emérito de Douala, em Camarões, Cardeal Christian Tumi.
O cardeal foi sequestrado em 5 de novembro passado por separatistas anglófonos no noroeste de Camarões e libertado no dia seguinte. Em uma entrevista a respeito do ocorrido, declarou que foi tratado bem pelos sequestradores, com quem discutiu sobre política.
Leia tamém
.: No Angelus, Papa pede paz ‘justa e duradoura’ para Camarões
.: Papa recorda crianças assassinadas em Camarões: que não se repita
O arcebispo emérito de Douala quer uma solução pacífica para a crise nas regiões anglófonas do país. Além da anistia, pede que “o exército volte para o quartel e estes meninos (os separatistas) deponham as armas”.
A modalidade de governo em Camarões é um dos pontos de diferença ente o governo e os separatistas. Durante o Grande Diálogo Nacional convocado para encontrar soluções para a crise separatista, uma das propostas mais importantes das oito comissões foi aquela sobre a descentralização, com a concessão de um estatuto especial às regiões noroeste e sudoeste. Uma solução de equilíbrio entre o centralismo imposto pelo governo de Yaoundé (a capital do país) – a causa principal da crise anglófona – e o federalismo exigido por muitos habitantes das regiões do Noroeste e Sudoeste.
Desde 2016, as duas regiões, no noroeste e no sudoeste, estão no meio de uma crise separatista nascida do pedido das populações locais anglófonas de poder utilizar a língua inglesa no lugar da francesa na escola e nos tribunais.
Em fevereiro deste ano, numa carta aberta ao presidente de Camarões, Paul Biya, 16 bispos de países de todos os continentes convidavam a encontrar “uma solução duradoura aos problemas de Camarões” através de “um processo de mediação que inclua os grupos separatistas armados e os líderes da sociedade civil não violenta”.
Na carta, os bispos recordavam que “a violência e as atrocidades cometidas por todas as partes em conflito obrigaram 656 mil camaroneses de língua inglesa a deixar suas casas, 800 mil crianças a não irem mais à escola (inclusos 400 mil alunos de escolas católicas), 50 mil pessoas a fugir para a Nigéria; destruiu vilarejos e matou ao menos duas mil pessoas”.