Declaração conjunta

Bispos pedem à UE ação contra violação dos direitos humanos

70 bispos de todo o mundo pediram à União Europeia ação mais efetiva contra indústria que financia “a violação dos direitos humanos”

Da redação, com Agência Ecclesia

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Foto/Agencia Ecclesia

Uma declaração foi assinada por 70 bispos de todo o mundo exortando a União Europeia (UE) a controlar, de forma mais efetiva, a ação das empresas ligadas à indústria extratora presentes em zonas de conflito e nos países subdesenvolvidos.

No texto disponibilizado nesta terça-feira, 14, os responsáveis católicos denunciam a promiscuidade existente entre quem “controla, extrai, processa e comercializa os recursos” naturais e os “grupos armados” ou “forças militares” que detêm o poder através da violência e do terror.

Em vários países, sobretudo “naqueles ricos em minerais, madeira, gás, petróleo e outro tipo de produtos”, parte dos dividendos das grandes companhias acaba por “financiar a violação dos direitos humanos”, em vez de “contribuir para o desenvolvimento humano”, acusam os prelados.

O Comitê Internacional do Comércio, ligado ao Parlamento Europeu, vai brevemente debater nova legislação para o setor dos recursos naturais. A proposta, saída da Comissão Europeia, pretende responsabilizar mais as multinacionais ligadas a esta área e pôr fim à atual cadeia de ligação com os conflitos armados.

Os bispos europeus realçam que a União Europeia está diante de “uma oportunidade única” para mudar esta realidade, que só “nos últimos 60 anos” teve influência direta em cerca de “40% de todos os conflitos globais”.

Mostram-se ainda convictos de que “esta nova regulamentação europeia pode trazer mudanças significativas para todas as comunidades que hoje estão em sofrimento”, um pouco por todo o mundo.

A declaração conta com o apoio da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e Solidariedade – CIDSE – rede que reúne 17 organizações não-governamentais europeias e norte-americanas, incluindo a Fundação Fé e Cooperação, ligada à Conferência Episcopal Portuguesa.

Segundo o presidente da CIDSE, a iniciativa dos bispos é essencial pois “as empresas, a par dos políticos, têm a mesma responsabilidade de acabar com o financiamento da violência e dos atentados aos direitos humanos”.

“Esta declaração é uma mensagem clara para os responsáveis da União Europeia, de que só uma legislação mais alargada e vinculativa poderá contribuir para mudar o comportamento das companhias e ajudar as pessoas e comunidades mais atingidas pelos conflitos”, conclui.

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