O fraco e corrupto governo nigeriano é responsável pela degeneração do conflito em andamento e a Comunidade internacional deve contribuir para o restabelecimento da ordem pública no país, destaca Dom Matthew Kukah
Da Redação, com Ajuda a Igreja que Sofre e Agências
O bispo de Sokoto, Nigéria, Dom Matthew Kukah, descreveu a situação do país numa conversa com a fundação “Ajuda à Igreja que Sofre”, nesta quinta-feira, 18. Segundo Kukah, a Nigéria enfrenta altos indíces de violência e fome. Os conflitos que já duram anos, deixaram a população – que já era vulnerável – em estado de miséria e medo.
“O nosso governo está completamente sobrecarregado. A situação está piorando e o número de mortes é enorme. Em relação à Comunidade internacional, há muita hipocrisia e pouca vontade. Claramente, se houver vontade política tudo isso terá um fim”, alertou o bispo.
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Para Dom Matthew Kukah , “o fraco e corrupto governo nigeriano é responsável pela degeneração do conflito em andamento e a Comunidade internacional deve contribuir para o restabelecimento da ordem pública no país”.
“Nigéria: genocídio em andamento?”
Nas últimas semanas os ataques no noroeste aumentaram, inclusive no distrito de Sabon Birni, na província de Sokoto, e mais de 70 pessoas foram massacradas. Nesta segunda-feira, 16, na House of Commons britannica, foi apresentado o relatório “Nigéria: genocídio em andamento?”, que examina as causas do conflito e descreve a resposta das autoridades nigerianas, fornecendo também indicações sobre ajuda humanitária, segurança e construção da paz, e examinando o papel da Comunidade internacional.
Segundo Dom Kukah, a Comunidade internacional pode desempenhar um papel decisivo no bloqueio do fornecimento de armas a grupos militantes, até porque os serviços de segurança nigerianos estão atualmente sob muita pressão para enfrentar a crise.
“As Forças Armadas afirmam que os responsáveis pela violência foram eliminados, mas não há provas de que isso tenha acontecido”, acrescenta o bispo. “Eles continuam nos dizendo que foram eliminados nas florestas. O governo deve necessariamente conduzir a batalha nas florestas, mas não é certo de que esteja fazendo”, informa.
O Bispo de Sokoto sublinha que o restabelecimento da legalidade é de importância crucial, mas que para entender as raízes do conflito é necessário considerar o ódio e a discriminação religiosa.
Dom Kukah explica que muitos muçulmanos nigerianos “insistem que não deve haver distinção entre Estado e religião” e isso permitiu a Boko Haram e outros grupos impor sua influência no âmbito moral. No país, a maioria das pessoas no poder são muçulmanas e o bispo define o Estado como uma estrutura fraca e corrupta, incapaz de agir.