País da América Central tem sofrido com a ação de gangues armadas e a ineficácia da polícia; religioso cita atenção especial às crianças e jovens e retomada do protagonismo
Da Redação, com Vatican News
A violência tem se tornado um problema cada vez maior no Haiti. Gangues armadas são sinônimo de terror para a população local, que se vê desamparada diante da ineficácia das forças policiais.
Os grupos criminosos estão envolvidos em diversas atividades ilícitas, como extorsão, tráfico de drogas e sequestro por dinheiro. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) monitora a situação, mas ainda não houve acordo para formação de uma força internacional. Enquanto isso, o povo haitiano organiza grupos de autodefesa para tentar se proteger.
O bispo de Anse-à-Veau, Dom Pierre André Dumas comenta a situação vivida no país centro-americano: “há uma violência que atinge todos os estratos, todos os setores da população, e são os mais pobres que pagam as consequências”.
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A população tem reagido e o clima fica cada vez mais instável: as próprias gangues estão, segundo Dom Pierre, começando a temer. De toda forma, ele frisa que “não podemos nos afundar numa situação caótica e anárquica. (…) Acima de tudo, não (podemos) fazer justiça com as próprias mãos”.
O religioso explica também que, no dia a dia, muitos jovens e crianças são expostos à violência. Alguns deles são obrigados a se juntar às gangues. Um dos motivos apontados por Dom Pierre é o abandono, na maioria das vezes motivado pela pobreza. “Acho que os valores familiares, geração de empregos para jovens, desenvolvimento humano integral para o país, podem ajudar a nação a resolver um pouco essa questão”, indica.
A busca por soluções
A delicada situação política enfrentada pelo Haiti nos últimos anos também foi citada como fator para sua degradação. Neste sentido, o bispo afirma a necessidade de o próprio povo haitiano decidir por si e que as soluções “venham de dentro”. “As pessoas precisam assumir o comando, tornar-se protagonistas de sua própria história e concordar em abrir caminho para as gerações futuras”, declara.
Contudo, Dom Pierre comenta que é chegado o momento de agir. “As nações já sabem o que fazer e sabem que sozinho o Haiti não poderá caminhar para uma solução. (…) Precisamos muito apoiar, consolidar, profissionalizar e reformar a polícia, e torná-la muito mais eficaz e eficiente”. Para o bispo, é essa ajuda que permitirá ao Haiti se reerguer, se controlar e recuperar a dignidade da sua população.