Celebração teve a presença de representantes das comunidades moçambicana e brasileira em Roma
Da redação, com Consolata America*
Neste domingo, 20, uma Missa foi celebrada pela Paz em Cabo Delgado. A celebração aconteceu em Roma, com representantes das comunidades moçambicana e brasileira, e presidida pelo bispo da diocese de Pemba, Dom Luiz Fernando Lisboa. Em sua estadia em Roma, ele foi recebido pelo Papa Francisco na sexta-feira, 19, ocasião em que o Pontífice renovou sua proximidade à população de Cabo Delgado, região afetada por conflitos.
Com cânticos entoados pelo coro dos Moçambicanos Católicos na Itália (MOCATI), a celebração lembrou as vítimas da violência que arrasa o norte do país, bem como as pessoas atingidas pela pandemia e suas muitas consequências.
No momento penitencial, o Bispo pediu perdão pelos pecados de cada um, ‘pelos que não pedem perdão e por aquelas empresas que não olham a meios para ter lucro e apenas zelar pelos seus interesses’.
Leia mais
.: Moçambique: CNBB oferece ajuda ao bispo brasileiro de Cabo Delgado
Dom Luiz, durante a homilia, denunciou a gravidade da situação que atinge as populações de Cabo Delgado. Reforçou que a violência não tem motivações essencialmente religiosas, mas claramente econômicas: há jogos de interesses que têm a ver com a riqueza da região e a necessidade de expulsar as pessoas da área. O fato dos bandos armados se confessarem muçulmanos não é o mais relevante, segundo o Bispo, pois eles também matam crentes islâmicos.
O religioso tentou explicar que não é mais possível silenciar a situação que ali se vive, mas que é possível encontrar caminhos para apoiar as populações martirizadas e diminuir a tragédia. Pediu três coisas: oração, denúncia das barbaridades para se combater a indiferença do mundo e solidariedade com ajuda financeira para apoiar as vítimas.
O bispo afirmou que a reconstrução das Igrejas não é a prioridade atual, mas investir na reconstrução de vidas, e lembrou: ‘a voz da Igreja é a voz dos sem voz!’.
A Igreja em Pemba é samaritana e as populações locais dão ao mundo um exemplo enorme de hospitalidade: ‘há famílias que acolheram nas suas casas e quintais duas ou três famílias de deslocados!’.
Ao final da homilia, Dom Luiz afirmou: “Deus não nos abandonou; Ele caminha conosco e sofre conosco”. E, citando a Fratelli Tutti do Papa Francisco, concluiu: “Somos todos irmãos e irmãs, responsáveis uns pelos outros”.
*Informações do padre Tony Neves, missionário Espiritano em Roma.