JPII na sinagoga

Bispo comenta importância de JPII para diálogo com os judeus

Há 29 anos, Papa João Paulo II visitava a sinagoga de Roma, gesto simbólico que marcou as relações entre católicos e judeus

Jéssica Marçal
Da Redação

JPII na visita à sinagoga de Roma em 1986 / Foto: Arquivo - news.va

JPII na visita à sinagoga de Roma em 1986 / Foto: Arquivo – news.va

Há 29 anos, em 13 de abril de 1986, o Papa João Paulo II visitou a sinagoga de Roma. Um gesto histórico, pois foi o primeiro Papa a entrar em um templo da religião judaica. A iniciativa do Papa polonês continua sendo um marco para o diálogo inter-religioso entre católicos e judeus.

João Paulo II teve uma grande contribuição ao mostrar que os judeus são os “irmãos maiores” dos católicos. É o que considera o bispo de Dourados (MS), Dom Redovino Rizzardo, que em entrevista ao noticias.cancaonova.com comentou os avanços no diálogo entre ambas as religiões desde então.

O bispo, que integra a Comissão da CNBB para o Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso, explica que o diálogo entre a Igreja Católica e o judaísmo acontece por meio da teologia, mas, em um sentido mais amplo, diz respeito à convivência entre ambos.

“Penso realmente que, com essa data de 13 de abril de 1986, abriu-se uma porta muito grande para esta passagem de solidariedade, de amizade, de diálogo, de convivência entre irmãos. Sempre dizia o Papa João Paulo II que eles, os judeus, são vistos como nossos irmãos maiores. Então, penso que há esse desejo de caminhar juntos e, a cada ano que passa, eu percebo que isso se intensifica apesar de todas as dificuldades”.

Dom Redovino, bispo de Dourados (MS) / Foto: Arquiviodese de Dourados

Dom Redovino, bispo de Dourados (MS) / Foto: Diocese de Dourados

Dom Redovino diz, por exemplo, que várias são as ocasiões em que judeus e católicos se reúnem para encontrar aquilo que mais os une, muito mais que aquilo que os separa. Isso porque, segundo explica o bispo, pode-se dizer que o Cristianismo é “filho” do judaísmo. A grande unidade fica por conta da crença no mesmo Deus, na mesma Palavra e nos dons recebidos. Porém, há divergências, como a crença dos católicos em Jesus, fato em que os judeus não acreditam.

“Temos muita semelhança, porque grande parte do Cristianismo tem sua raiz, sua fonte no Primeiro Testamento, digamos no judaísmo, mas também temos diferenças enormes. Eu falei só da encarnação de Jesus, mas a própria imagem de Deus que nós temos quem trouxe, quem revelou, é Jesus”.

Concílio Vaticano II

Considerado um dos maiores eventos da Igreja Católica, o Concílio Vaticano II também deu grande impulso à questão do relacionamento entre a Igreja e as religiões não cristãs. A declaração Nostra aetate é voltada, em especial, às relações com muçulmanos e judeus, trazendo uma visão nova, de mais fraternidade entre ambas as partes.

“Eu penso que, para a Igreja Católica, o Concílio significou uma visão totalmente nova de nos relacionarmos com eles. Por que, antes, talvez – eu já tenho uma certa idade, lembro que era assim –, a gente olhava mais como adversários, como pessoas que estavam na outra margem, irmãos, digamos assim, separados. Ao passo que hoje nós olhamos para eles como nossos irmãos dos quais precisamos nos aproximar”.

E para que haja essa aproximação que possibilite o diálogo entre religiões diferentes, Dom Redovino indica como primeiro passo o “desarmamento” de si mesmo. “Desarmar nossos corações, nossas mentes, olhar para eles com os mesmos olhos com que Deus olha os católicos, os evangélicos, os judeus. Deus olha todos como filhos, a quem Ele quer muito bem”.

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