São 70 recomendações para conter o crescimento dos grupos terroristas, bem como enfrentar as raízes da radicalização
Da redação, com ONU
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apresentou à Assembleia Geral nesta sexta-feira, 15, seu Plano de Ação para Prevenir o Extremismo Violento. O documento, que será avaliado pelo organismo, conta com 70 recomendações para conter o crescimento dos grupos terroristas, bem como enfrentar as raízes da radicalização.
Nos últimos anos, grupos terroristas como o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL), Al-Qaeda e Boko Haram deram cara ao extremismo violento e alimentaram o debate sobre como combater essa ameaça. Suas mensagens de intolerância – religiosa, cultural e social – têm implicado em consequências drásticas para muitas regiões do mundo, citou Ban, lembrando que apesar da violência atingir pessoas de todas as religiões, nacionalidades e etnias, a grande maioria delas é muçulmana.
Em seu discurso na Assembleia, o chefe da ONU também lembrou que os grupos terroristas são responsáveis pelos sequestro de mulheres, privação dos seus direitos, destruição de bens culturais, distorção de princípios religiosos, além da morte de milhares de pessoas.
Através do controle de território e uso das redes sociais para comunicar em tempo real seus crimes hediondos, eles buscam desafiar os valores compartilhados de paz, justiça e dignidade humana, descreve o documento informativo.
“O extremismo violento é o flagelo dos nossos tempos”, disse o secretário-geral. “Esses grupos disseminam o ódio e a violência e podem desestabilizar países e regiões inteiras. Precisamos agir agora para prevenir a propagação ainda maior do extremismo violento”, adicionou Ban.
A extensão do extremismo violento agravou ainda mais a crise humanitária, sem precedentes da história. Novos fluxos migratórios foram criados com milhões de pessoas forçadas a deixar os territórios controlados, enquanto outros milhares de estrangeiros se uniram às filas de combate dos grupos terroristas.
“Responder a este desafio vai direto ao coração das Nações Unidas”, continuou. “Precisa de uma resposta unificada. E nos obriga a agir de uma maneira que solucione, em vez de multiplicar, o problema”, adicionou o secretário-geral.
Proposta do secretário-geral
No novo plano apresentado para consideração da Assembleia Geral, o secretário-geral pede um enfoque abrangente que aborde não apenas medidas essenciais de segurança antiterroristas, mas também passos sistemáticos preventivos para responder às condições subjacentes que levam os indivíduos à radicalização.
Segundo a proposta do secretário-geral, cada Estado-membro deve desenvolver seu próprio plano nacional de ação para prevenir o extremismo violento, com foco em sete áreas prioritárias: Diálogo e prevenção de conflito; fortalecimento da boa governança, direitos humanos e estado de direito; engajamento de comunidades, igualdade de gênero e empoderamento das mulheres; educação, desenvolvimento de habilidades e criação de emprego decentes e promoção de educação de qualidade; comunicação estratégia, incluindo através da internet e redes sociais.
No total, o plano conta com 70 recomendações aos Estados-membros da ONU e ao Sistema das Nações Unidas para prevenir ainda mais a disseminação do extremismo violento. A estratégia foi desenvolvida através de um processo extensivo interagencial e com base nos resultados de encontros de alto nível da Assembleia Geral e o Conselho de Segurança da ONU, além de encontros informativos com Estados-membros.
Dentro das Nações Unidas, o secretário-geral também pediu a aplicação do enfoque “uma só ONU”, tanto na sede da Organização como nos escritórios em campo. Segundo ele, todas as entidades devem trabalhar juntas para desenvolver resultados em comum dentro das sete áreas especificadas.
“A tarefa central e o propósito das Nações Unidas é forjar unidade frente às ameaças que minam os princípios da Carta (da ONU. Conto com a sua liderança para estimular uma ação única para prevenir o extremismo violento”, disse o chefe da ONU em sua carta à Assembleia Geral, onde lembrava que a entidade “é o único organismo com a legitimidade para responder a este problema dentro de toda sua complexidade”, concluiu Ban.