Em meio a protestos contra primeiro-ministro, governo da Austrália emite alerta de possível evacuação de moradores do estado de Victoria
Da redação, com Agência Brasil
**Com informações de Agência pública de notícias de Portugal Sydney
As autoridades australianas enviaram, nesta sexta-feira, 10, mensagens de celular a 240 mil pessoas no estado de Victoria que residem em áreas tomadas por incêndios florestais. Na mensagem, é recomendado que os australianos fiquem prontos para fugirem de suas residências assim que receberem a ordem. Apesar de as previsões apontarem para uma queda do vento, a partir deste sábado, 11, as autoridades anteciparam que as próximas horas serão “muito, muito complicadas”.
As populações de regiões de alto risco, em Nova Gales do Sul e Austrália do Sul, foram igualmente notificadas para pensarem em abandonar as suas casas, mas não foi revelado quantas pessoas receberam a mensagem. Em Éden, o nível de alerta subiu para atenção e ação na noite de sexta-feira.
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Aos jornalistas, o primeiro-ministro, Scott Morrison, revelou que os militares estão de prontidão para agir caso as condições de eclosão de incêndio se tornem extremas, sob altas temperaturas e ventos erráticos. Morrison está em ações de combate ao fogo, após milhares de australianos terem saído à rua na tarde de sexta-feira, contra a estratégia do governo para combater as alterações climáticas.
O primeiro-ministro da Austrália tem rejeitado as críticas e, aos microfones da radio 2GB, mostrou-se desapontado com a relação que as pessoas têm feito entre os recentes incêndios no seu país e os objetivos de redução de gases de estufa. “Não queremos objetivos e alvos de destruição de empregos, de destruição de economia e de desmantelamento econômico, que não mudarão o fato de que temos incêndios florestais ou coisas dessas na Austrália”, afirmou Morrison. Várias das estradas principais do sudeste australiano estavam fechadas esta tarde, devido à fumaça e às chamas.
Houve protestos em Sidney, Camberra, capital da Austrália, e em Melbourne, cidades recentemente incluídas na lista dos lugares com pior poluição atmosférica do mundo devido à fumaça dos incêndios. A ira chegou mesmo à Grã-Bretanha, onde uma centena de pessoas se manifestou junto à sede da Alta Comissão da Austrália, em Londres.
Daniel Andrews, responsável pelo estado de Victoria, um dos mais afetados pelos incêndios, criticou as manifestações, dizendo que desviam recursos securitários e são inoportunas. “O senso comum diz-nos que há outras alturas para marcar posição”, reagiu Andrews num briefing na televisão. “Respeito o direito das pessoas ao seu ponto de vista, e estou inclinado a concordar com muitos dos pontos referidos – as alterações climáticas são reais – mas há um tempo e um lugar para tudo e não penso de um protesto esta noite seja algo apropriado”.
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As autoridades do estado estão focadas no evoluir das condições atmosféricas e dos fogos ativos, e na proteção das populações. “Até com chuva em Melbourne, mesmo com a precisão de melhoria de condições na próximas semana, há ainda um longo caminho a percorrer naquilo que tem sido uma prevalência de incêndios sem precedentes”, disse Andrews. “E, claro, sabemos que temos muitas semanas da época de incêndios pela frente”, acrescentou.
Lisa Neville, ministra de Victoria, informou que as comunidades receberam telefones satélite, comida para bebês, alimentos, fraldas e lanternas, para o caso de ficarem isoladas.
Mais 1 grau Celsius desde 1910
Nova Gales do Sul contabilizava ao início da noite de sexta-feira 160 fogos ativos, 46 dos quais sem controle. Dois evoluíam sob o “nível de emergência” e mais oito sob a categoria “atenção e ação”. O restante mantinha-se no nível mais baixo de atenção. No vizinho estado de Victoria contavam-se 36 incêndios, nove deles em nível de emergência. O estado já perdeu 1,3 milhões de hectares para as chamas nos meses recentes.
E uma área de fronteira entre ambos os estados, dois incêndios estavam prestes a se fundir, criando um incêndio de mais de 600 mil hectares. Desde outubro já morreram 27 pessoas e milhares foram forçadas a fugir, várias vezes, devido a incêndios devastadores, que queimaram mais de 10 milhões de hectares – numa área semelhante à da Coreia do Sul – provocando igualmente a perda de milhares de espécies naturais e uma catástrofe ecológica.
Cientistas do clima alertam que a frequência e intensidade dos incêndios irá se agravar à medida que o continente australiano se tornar mais quente e seco. Desde que há registos (1910), o clima da Austrália aqueceu cerca de 1 grau Celsius, revelou esta semana a cientista da NASA Kate Marvel. “Isto torna mais prováveis as ondas de alta temperatura e de fogos”, tweetou Marvel. “Não há explicações para isto – nenhuma – que faça sentido, além das emissões de gases estufa”, acrescentou.