O Acordo de Paris requer um compromisso de todos e uma generosa dedicação por parte de cada um, afirma o Papa Francisco
Da redação, com News.va
Após recitar a oração do Angelus, o Papa Francisco encorajou a comunidade internacional a implementar as decisões do “histórico acordo” a que chegaram os participantes da Conferência sobre o Clima (COP21) realizada em Paris desde 30 de novembro e concluída no sábado, 12.
“A Conferência sobre o Clima recém concluiu-se em Paris com a adoção de um acordo, por muitos definidos como histórico. A sua implementação requer um compromisso de todos e uma generosa dedicação por parte de cada um. Desejando que seja garantida uma particular atenção às populações mais vulneráveis, exorto toda a comunidade internacional a prosseguir com solicitude o caminho tomado, no sinal de uma solidariedade que se torne sempre mais concreta”, expressou o Papa.
O “Acordo de Paris” foi aprovado na noite desse sábado, por ministros de 195 países, primeiro marco jurídico universal de luta contra o aquecimento global. O documento da 21ª Conferência do Clima (COP21) das Nações Unidas tem caráter “legalmente vinculante” e obrigará todas os países a implementar estratégias para limitar o aumento médio da temperatura da Terra a 1,5ºC até 2100 e prevê US$ 100 bilhões por ano para projetos de adaptação dos efeitos do aquecimento a partir de 2020. Trata-se do mais amplo entendimento na área desde o Protocolo de Kyoto, assinado em 1997.
Mesmo não fixando metas quantitativas de redução de emissões de gases de efeito estuda, o acordo pretende “limitar o aumento da temperatura média global a bem abaixo de 2ºC em relação aos níveis pré-industriais, e manter esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC”.
Os países desenvolvidos, como os Estados Unidos e os da União Europeia, devem prover recursos financeiros para ajudar países em desenvolvimento a ter ações de mitigação e adaptação, e “outras partes são convidadas a prover ou a continuar prover tal suporte voluntariamente”. Assim, os ricos deverão contribuir com US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 para projetos de adaptação e de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas a serem empreendidos pelos países em desenvolvimento. O volume, considerado baixo perante uma necessidade que especialistas calculam ser de trilhões de dólares, deverá ser revisado.
Antes de 2025, diz o texto, “as partes devem estabelecer um novo objetivo coletivo a partir de um piso de US$ 100 bilhões.” O valor será aplicado em organismos como o Fundo Verde, o Mecanismo Global de Meio Ambiente, o Fundo dos Países Menos Desenvolvidos e o Fundo Especial para Mudanças Climáticas.
“Este texto contém os principais avanços, que muitos de nós não acreditavam possível. Este acordo é diferenciado, justo, dinâmico e legalmente vinculante”, afirmou Laurent Fabius, que se emocionou ao lembrar os delegados governamentais de conferências anteriores, que morreram “sem poder conhecer este dia”. “O documento confirma nosso objetivo central, vital, de limitar o aumento a temperatura média da Terra bem abaixo de 2ºC, e se esforçar para limitá-lo a 1,5ºC”.
Além de Fabius, o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, discursou e lembrou a responsabilidade histórica dos delegados. “O mundo inteiro está nos observando”, advertiu. “O tempo chegou de deixar os interesses nacionais de lado e agir nos interesses globais.”
Já o presidente da França, François Hollande, único chefe de Estado presente, exortou os delegados governamentais a estarem à altura de um momento único. “O 12 de dezembro de 2015 poderá ser um dia não só histórico, mas uma grande data para a humanidade”, afirmou, pedido as ministros que adotassem “o primeiro acordo universal de nossa história”. “É raro em uma vida a ocasião de mudar o mundo. Vocês a tem. Aproveitem.”