Na Santa Missa de abertura da 44ª edição do “Encontro para a amizade entre os povos”, o presidente da Conferência Episcopal Italiana falou sobre a amizade social e a necessidade da paz
Da redação, com Vatican News
O presidente da Conferência Episcopal Italiana e arcebispo de Bolonha, Cardeal Matteo Maria Zuppi, presidiu neste domingo, 20, a Santa Missa de abertura da 44ª edição do “Encontro para a amizade entre os povos” – tradicional “Meeting de Rimini”, na Itália. Em sua homilia, o purpurado falou sobre o título do “Meeting”: “A existência humana é uma amizade inesgotável”.
Segundo o cardeal, “o homem não é uma ilha e tentar ser uma ilha fere o homem. O homem é amizade, ele é uma porta que sempre se abre para o mundo exterior. Deus é amigo, ele se manifesta a nós e nos ensina a não sermos estranhos, inimigos, mas amigos”.
Zuppi pediu que todos aprendam a não ter vergonha de pedir e a ser insistentes na oração para que a vida plena encontre uma saída. “Não podemos ser amigos se não amamos o destino do outro”, ressaltou o presidente da Conferência Episcopal Italiana, citando o servo de Deus padre Giussani: ele desejou que para mudar a história e o mundo é necessária a amizade.
Futuro do mundo
“Os profetas não fecham os olhos. Nas horas brutais das pandemias, eles nos ajudam a ver nosso futuro quando ele ainda não existe”, disse o arcebispo de Bolonha. Ele prosseguiu afirmando que é preciso entender o valor e a responsabilidade do que é vivenciado no mundo atualmente.
“A amizade de todos os povos se choca com antagonismos e polarizações. Preconceitos resistentes e digitalmente amplificados. Racismos amplificados e nunca inertes armam mentes, corações e mãos. O ar está poluído por tantas epidemias de inimizades, como diz o Papa”, lembrou Zuppi, “e quando se está intoxicado, não se percebe mais”.
Amizade
De acordo com o cardeal, o compromisso dos cristãos, como filhos de um Deus que é amigo da humanidade, é que o desejo de pertencer a uma família, à única família humana, possa crescer. A existência humana, concluiu Zuppi na missa de abertura do Encontro de Rimini, “passa pelo amor de Deus, que chama cada um de nós de amigo, mesmo quando o traímos. Às vezes preferimos não ser servos, mas senhores de nós mesmos”.
“Nós somos amigos, não servos. Deus é amigo, não senhor. Vivamos estes dias com tantos testemunhos do passado e do presente para sermos também testemunhas de uma amizade que não termina em meio a tantas pandemias. O Papa lhes pede uma amizade universal aberta que reúna o bem e leve à amizade de todos.”
Guerra na Ucrânia
Sobre o fim do conflito na Ucrânia, o purpurado afirmou que a União Europeia “faz muito pouco, deveria fazer muito mais”. “Deve tentar de todas as formas ajudar as iniciativas de paz, seguindo o convite do Papa para uma paz criativa”. Além disso, em uma entrevista ao Sussidiario.it, o enviado do Papa a Kiev e a Moscou para a paz, enfatizou como é preciso buscar um renascimento do espírito europeu. Para ele, a ciência disso é indispensável para garantir um futuro de paz.
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As razões de ambos os lados da guerra, entretanto, infelizmente levam a pontos de vista muito diferentes, disse o arcebispo de Bolonha. “Essas diferenças não devem nos fazer perder a clareza da responsabilidade, do agressor e do agredido. Devemos acreditar que existe uma maneira de alcançar uma paz justa e segura, não com armas, mas com diálogo”.