Dando continuidade à temática paz, confira na íntegra a 2º pregação do advento ministrada pelo Frei Raniero Cantalamessa; o Papa Francisco e a Cúria Romana participaram da reflexão
Rádio Vaticano
“BEM-AVENTURADOS OS PACIFICADORES, PORQUE ELES SERÃO CHAMADOS FILHOS DE DEUS”
A paz como tarefa
Depois de meditar, na primeira pregação, sobre a paz como dom de Deus, vamos refletir agora sobre a paz como tarefa e compromisso pelo qual devemos trabalhar. Somos chamados a imitar o exemplo de Cristo, tornando-nos canais para que a paz de Deus chegue aos nossos irmãos. É a tarefa que Jesus dá aos seus discípulos quando proclama “bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5, 9). O termo eirenopoioi não significa “pacíficos” (estes pertencem à bem-aventurança dos mansos, dos não violentos); significa “pacificadores”, isto é, as pessoas que trabalham pela paz.
1. A paz de Jesus e a paz de César Augusto
Jesus não só nos exortou a ser pacificadores como também nos ensinou, pelo exemplo e pela palavra, de que modo podemos nos tornar pacificadores. Ele diz aos discípulos: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não como a dá o mundo eu a dou a vós” (Jo 14, 27). Naquela mesma época, outro grande homem proclamava a paz ao mundo. Foi encontrada na Ásia Menor uma cópia do famoso “Atos do Divino Augusto”, redigido pelo próprio imperador César Augusto. Nele, entre as suas grandes conquistas, o imperador romano também cita a de ter estabelecido no mundo a paz de Roma: uma paz, como ele escreve, “obtida através de vitórias” (parta victoriis pax) [1].
Jesus revela que existe outro modo de realizar a paz. A dele também é uma “paz fruto de vitórias”, mas de vitórias sobre nós mesmos, não sobre os outros; de vitórias espirituais, não militares. Na cruz, escreve São Paulo, Jesus “destruiu em si mesmo a inimizade” (Ef 2, 16): destruiu a inimizade, não o inimigo, e a destruiu em si mesmo, não nos outros.
O caminho para a paz indicado pelo Evangelho não faz sentido só no âmbito da fé: ele vale também na esfera política. Hoje vemos com clareza que o único caminho para a paz é a destruição da inimizade, não do inimigo. Os inimigos são destruídos com armas, a inimizade com o diálogo. Eu li que, certa vez, alguém repreendeu Abraham Lincoln por ser cortês demais com seus adversários políticos e lhe recordou que o seu dever como presidente era destruí-los. Ele respondeu: “Por acaso não destruo meus inimigos quando os torno amigos?”.
É a situação do mundo que exige dramaticamente que o método de Augusto seja trocado pelo de Cristo. O que há no fundo de certos conflitos aparentemente insolúveis se não, precisamente, a vontade e a secreta esperança de chegar um dia a destruir o inimigo? Infelizmente, vale também para os inimigos aquilo que Tertuliano disse dos primeiros cristãos perseguidos: “Semen est sanguis christianorum”: o sangue dos cristãos é semente de outros cristãos. O sangue dos inimigos também é semente de outros inimigos: em vez de destruí-los, ele os multiplica.
“Não podemos nos resignar”, disse o papa na recente visita à Turquia, referindo-se à situação no Oriente Médio, “com a continuação dos conflitos, como se não fosse possível uma mudança da situação para melhor! Com a ajuda de Deus, podemos e devemos renovar sempre a coragem da paz!”. Um modo de ser operadores da paz, e, muitas vezes, o único que resta, é rezar pela paz. Quando não é mais possível agir sobre as causas segundas, podemos sempre, com a oração, “agir sobre a causa primeira”. A Igreja não se cansa de fazê-lo todos os dias na missa com aquela invocação em coro: “Concedei, Senhor, a paz aos nossos dias”, Da pacem, Domine, in diebus nostris.
Além da paz política, o Evangelho pode contribuir com a paz social. Repete-se com frequência a afirmação do profeta Isaías: “A paz é fruto da justiça” (Is 32,17). A “Evangelii gaudium”, a este respeito, põe o dedo na ferida e denuncia, sem panos quentes, a maior injustiça que obstaculiza a paz:
“A paz social não pode ser entendida como irenismo ou como mera ausência de violência, obtida pela imposição de uma parte sobre as outras. Também seria uma paz falsa aquela que servisse como desculpa para justificar uma organização social que silencie ou tranquilize os mais pobres, de modo que aqueles que gozam dos maiores benefícios possam manter o seu estilo de vida sem sobressaltos, enquanto os outros sobrevivem como podem. As reivindicações sociais, que têm a ver com a distribuição de renda, com a inclusão social dos pobres e com os direitos humanos, não podem ser sufocadas com o pretexto de se construir um consenso de escritório ou uma paz efêmera para uma minoria feliz. A dignidade da pessoa humana e o bem comum estão acima da tranquilidade de alguns que não querem renunciar aos seus privilégios”[2].
2. Paz entre as religiões
Diante dos pacificadores, abre-se hoje um campo de trabalho novo, difícil e urgente: promover a paz entre as religiões. O parlamento mundial das religiões, na sessão de Chicago em 1993, lançou esta proclamação: “Não há paz entre as nações sem paz entre as religiões e não há paz entre as religiões sem diálogo entre as religiões”.
O motivo de fundo que permite um diálogo leal entre as religiões é que “todos temos um único Deus”. O papa São Gregório VII, em 1076, escreveu a um príncipe muçulmano da África do Norte: “Acreditamos e confessamos um só Deus, embora de modo diferente; todos os dias, nós o louvamos e veneramos como criador dos séculos e governador deste mundo”[3]. É a verdade que serviu de ponto de partida também para São Paulo em seu discurso no areópago de Atenas: “Nele todos vivemos, nos movemos e somos” (cf. At 17,28).
Subjetivamente, temos ideias diversas sobre Deus. Para nós, cristãos, Deus é “o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”, que não conhecemos plenamente a não ser “por meio dele”; mas, objetivamente, sabemos bem que Deus só pode haver um. Todo povo e língua tem o seu nome e a sua teoria sobre o sol, algumas mais exatas, outras menos, mas o sol é só um e o mesmo!
Fundamento teológico do diálogo é também a nossa fé no Espírito Santo. Como Espírito da redenção e Espírito da graça, ele é o vínculo da paz entre os batizados das diversas confissões cristãs; mas, como Espírito da criação, ou Espírito criador, ele é um vínculo de paz entre os crentes de todas as religiões e, mais ainda, entre todos os homens de boa vontade. “Toda verdade, seja dita por quem quer que seja, vem do Espírito Santo”, escreve Santo Tomás de Aquino[4]. Como esse Espírito criador guiava para Cristo os profetas do Antigo Testamento (1Pt 1,11), assim nós, cristãos, acreditamos que, de um modo que só Deus conhece, ele guia para Cristo e para o seu mistério pascal as pessoas que vivem fora da Igreja (cf. Gaudium et spes, 22).
Falando-se da paz entre as religiões, é necessário dedicar um pensamento paralelo à paz entre Israel e a Igreja. Na “Evangelii gaudium”, o papa presta uma atenção particular a este diálogo e conclui com estas palavras:
“Embora algumas convicções cristãs sejam inaceitáveis para o judaísmo e a Igreja não possa deixar de anunciar Jesus como Senhor e Messias, há uma rica complementaridade que nos permite ler juntos os textos da Bíblia hebraica e ajudar-nos mutuamente a desentranhar as riquezas da Palavra, bem como compartilhar muitas convicções éticas e a preocupação comum pela justiça e pelo desenvolvimento dos povos” (EG, 249).
A paz entre judeus e gentios é, para Paulo, a primeira paz que Jesus realizou na cruz. Ele escreve na Carta aos Efésios:
“Porque é ele a nossa paz, ele que de dois povos fez um só, destruindo o muro de inimizade que os separava, abolindo na própria carne a lei, os preceitos e as prescrições. Desse modo, ele queria fazer em si mesmo dos dois povos uma única humanidade nova pelo restabelecimento da paz e reconciliá-los ambos com Deus, reunidos num só corpo pela virtude da cruz, aniquilando nela a inimizade” (Ef 2, 14-16).
Este texto deu lugar, na tradição cristã, a duas representações iconográficas diferentes e opostas. Em uma, vemos duas mulheres, ambas voltadas para o crucificado. É o caso do Crucifixo de São Damião em Assis. As duas mulheres, aos lados das mãos do crucificado, contrariamente às explicações costumeiras, não são dois anjos (não têm asas e são figuras femininas); elas representam, segundo a mais genuína visão da Carta aos Efésios, uma a Sinagoga e a outra a Igreja, unidas, não separadas, pela cruz de Cristo.
Basta, para nos convencermos, confrontar este ícone com outro mais tardio, da escola de Dionísio (séc. XV), em que também vemos duas mulheres, mas uma, a Igreja, conduzida por um anjo rumo à cruz, e a outra expulsa por um anjo para longe dela.
A primeira imagem representa o ideal e a intenção divina, conforme manifestada por São Paulo; a segunda representa como as coisas aconteceram, infelizmente, na realidade da história. Certa vez, mostrei a um amigo rabino as duas imagens. Quase comovido, ele comentou: “Talvez a história das nossas relações tivesse sido outra se, em vez da segunda, tivesse prevalecido a primeira visão”. A fidelidade à história nos obriga a dizer que, se não foi assim, pelo menos no início, não foi por responsabilidade apenas dos cristãos.
Devemos nos alegrar e agradecer a Deus porque hoje, ao menos em espírito, tendemos todos a preferir a visão do crucifixo de São Damião e não a outra. Queremos que a cruz de Cristo ajude a reaproximar os judeus e os cristãos, não a contrapô-los; que mesmo a celebração da cruz da Sexta-Feira Santa favoreça, em vez de obstaculizar, este diálogo fraterno.
3. Think globally, act locally
Um slogan em voga hoje diz: “Think globally, act locally”; pense globalmente, aja localmente. Ele é particularmente verdadeiro para a paz. Temos que pensar na paz mundial, mas agir pela paz em nível local. A paz não se faz como a guerra. Fazer guerra exige longos preparativos: formar grandes exércitos, montar estratégias, estabelecer alianças e depois passar ao ataque. Ai daqueles que começassem antes, sozinhos ou por grupos separados; estariam condenados à derrota certa.
Fazer a paz é exatamente o contrário: começar já, antes, mesmo sozinhos, mesmo com um simples aperto de mão. A paz é feita, disse o papa Francisco em certa ocasião recente, “de modo artesanal”. Assim como bilhões de gotas de água suja nunca formarão um oceano limpo, assim bilhões de pessoas e famílias sem paz jamais formarão uma humanidade em paz.
Também nós, que estamos aqui reunidos, temos que fazer alguma coisa para ser dignos de falar de paz. Jesus, escreve ainda o Apóstolo, veio anunciar “a paz aos que estão longe e aos que estão perto” (cf. Ef 2, 18). A paz com “os que estão perto” é muitas vezes mais difícil do que a paz com “os que estão longe”. Como podemos nós, cristãos, nos dizer promotores da paz se depois brigamos entre nós? Não me refiro, neste momento, às divisões entre católicos, ortodoxos, protestantes, pentecostais, as várias denominações cristãs; refiro-me às divisões que muitas vezes existem entre os pertencentes à nossa própria Igreja católica, por causa de tradições, tendências ou ritos diferentes.
Recordemos as palavras severas do Apóstolo aos coríntios:
“Rogo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que todos estejais em pleno acordo e que não haja entre vós divisões. Vivei em boa harmonia, no mesmo espírito e no mesmo sentimento. Pois acerca de vós, irmãos meus, fui informado pelos que são da casa de Cloé, que há contendas entre vós. Refiro-me ao fato de que entre vós se usa esta linguagem: Eu sou discípulo de Paulo; eu, de Apolo; eu, de Cefas; eu, de Cristo. Então estaria Cristo dividido? É Paulo quem foi crucificado por vós? É em nome de Paulo que fostes batizados?” (1 Cor 1, 10-13).
O tema da Jornada Mundial pela Paz deste ano é “Fraternidade, fundamento e caminho para a paz”. Cito as primeiras palavras da mensagem:
“A fraternidade é uma dimensão essencial do homem, que é um ser relacional. A viva consciência desta relacionalidade nos leva a ver e tratar toda pessoa como verdadeira irmã e verdadeiro irmão; sem ela, torna-se impossível a construção de uma sociedade justa, de uma paz sólida e duradoura”.
É na família que o texto aponta o primeiro âmbito em que se constrói e se aprende a ser irmãos. Mas a mensagem também se aplica a outras realidades da Igreja: às famílias religiosas, às comunidades paroquiais, ao sínodo dos bispos, à cúria romana. “Vós sois todos irmãos!” (Mt 23, 8), disse-nos Jesus, e se esta palavra não se aplica dentro da Igreja, ao círculo mais estreito dos seus ministros, então a quem se aplica?
Os Atos dos Apóstolos nos apresentam o modelo de uma comunidade verdadeiramente fraterna, “concorde”, ou seja, com “um só coração e uma só alma” (At 4, 32). É claro que nada disso pode se realizar a não ser “pelo Espírito Santo”. O mesmo aconteceu com os apóstolos. Antes de Pentecostes, eles não eram um só coração e uma só alma; discutiam com frequência quem era, dentre eles, o maior e mais digno de sentar-se à direita e à esquerda de Jesus. A vinda do Espírito Santo os transformou completamente; tirou-os do centro de si mesmos e os recentrou em Cristo.
No relato de Pentecostes, os Padres antigos e a liturgia entenderam a intenção de Lucas de criar um paralelo entre o que aconteceu no dia de Pentecostes e o que tinha acontecido em Babel. Nem sempre, porém, se capta a mensagem contida nesta comparação. Por que em Babel todos falam a mesma língua e, em dado momento, ninguém mais entende o outro, enquanto no dia de Pentecostes, mesmo falando línguas diferentes (partas, elamitas, cretenses, árabes…), todos entendem os apóstolos?
Primeiro, um esclarecimento. Os construtores da torre de Babel não eram ateus que queriam desafiar o céu, mas homens piedosos e religiosos que queriam construir um daqueles templos de terraços sobrepostos, chamados zigurates, dos quais ainda restam ruínas na Mesopotâmia. Isto os torna mais próximos de nós do que imaginamos. Onde está, então, o seu grande pecado? Eles se põem a trabalhar dizendo entre si:
“E disseram uns aos outros: Vamos, façamos tijolos e cozamo-los no fogo. Serviram-se de tijolos em vez de pedras, e de betume em lugar de argamassa. Depois disseram: Vamos, façamos para nós uma cidade e uma torre cujo cimo atinja os céus. Tornemos assim célebre o nosso nome, para que não sejamos dispersos pela face de toda a terra” (Gn 11, 3-4).
Querem construir um templo à divindade, mas não pela glória da divindade, e sim para se tornarem famosos, para obter renome, não para exaltar o nome de Deus. Deus é instrumentalizado a serviço da glória deles. Também os apóstolos, em Pentecostes, começam a construir uma cidade e uma torre, a cidade de Deus, que é a Igreja, mas não para tornar célebre o seu próprio nome, e sim para exaltar o de Deus: “Nós os ouvimos proclamar nas nossas línguas as grandes obras de Deus, exclamam os presentes” (At 2, 11). Eles ficam completamente tomados pelo desejo de glorificar a Deus, esquecendo-se de si mesmos e do próprio renome.
Santo Agostinho tirou daqui a inspiração para a sua grandiosa obra “A Cidade de Deus”. Há, diz ele, duas cidades no mundo: a cidade de Satanás, chamada Babilônia, e a cidade de Deus, chamada Jerusalém. Uma é construída sobre o amor por si mesmo levado até o desprezo de Deus; a outra, sobre o amor por Deus levado até o sacrifício de si mesmo. Estas duas cidades são dois canteiros de obras até o fim do mundo e cada um tem que escolher em qual dos dois quer empregar a própria vida.
Qualquer iniciativa, até mesmo a mais espiritual, como, por exemplo, a da nova evangelização, pode ser ou Babel ou Pentecostes (inclusive, é claro, esta meditação que eu estou dando). É Babel se cada um, com ela, tenta ganhar renome; é Pentecostes, se, apesar do sentimento natural de fazer sucesso e receber aprovação, cada um retifica constantemente a própria intenção, colocando a glória de Deus e o bem da Igreja acima de todos os seus desejos pessoais. Às vezes, é de valia repetirmos para nós mesmos as palavras que Jesus disse um dia diante dos seus adversários: “Eu não busco a minha glória” (Jo 8, 50).
O Espírito Santo não apaga as diferenças, não aplana automaticamente as divergências. Vejamos o que acontece imediatamente após o Pentecostes. Primeiro, surge a divergência sobre a distribuição de víveres para as viúvas; depois, outra muito mais grave sobre receber ou não, e em quais condições, os pagãos na Igreja. Mas não vemos formar-se entre eles partidos ou agrupamentos. Cada um expressa as próprias convicções com respeito e liberdade; Paulo vai a Jerusalém para consultar Pedro e, em outra ocasião, não tem receio de fazê-lo notar uma incoerência (cf. Gal 2,14). Isto lhes permite, no final da discussão de Jerusalém, anunciar o resultado à Igreja com as palavras: “Pareceu oportuno ao Espírito Santo e a nós…” (Atos 15, 28).
Foi traçado assim o modelo para toda assembleia da Igreja, com a diferença de que, ali, ela está na fase embrionária, em que ainda não estão claramente delineados os vários ministérios e ainda não se destacou (porque não houve tempo nem necessidade) o primado dado a Pedro, pelo qual cabe a ele fazer a síntese e dar a última palavra.
Mencionei a cúria. Que presente seria para a Igreja se ela fosse um exemplo de fraternidade! Ela já é, pelo menos muito mais do que o mundo e os seus meios de comunicação querem fazer parecer; mas pode ser cada vez mais. A diversidade de opiniões, como já vimos, não deve ser um obstáculo intransponível. Com a ajuda do Espírito Santo, basta recolocar Jesus e o bem da Igreja no centro das próprias intenções todos os dias, e não o triunfo da própria opinião. São João XXIII, na encíclica “Ad Petri cathedram”, de 1959, usou uma frase famosa, de origem incerta, mas de atualidade perene: “In necessariis unitas, in dubiis libertas, in omnibus vero caritas”: nas coisas necessárias, unidade; nas coisas dúbias, liberdade; e em todas as coisas, caridade.
“Se me é possível, pois, alguma consolação em Cristo, algum caridoso estímulo, alguma comunhão no Espírito, alguma ternura e compaixão, completai a minha alegria, permanecendo unidos. Tende um mesmo amor, uma só alma e os mesmos pensamentos. Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos. Cada qual tenha em vista não os seus próprios interesses, e sim os dos outros” (Fil 2, 1-4).
São palavras dirigidas por São Paulo aos seus amados fiéis filipenses, mas tenho certeza de que elas exprimem também o desejo do Santo Padre para com os seus colaboradores e para com todos nós.
Encerremos com a oração que a liturgia nos convida a recitar na missa votiva pela paz: “Ó Deus, que chamais todos os vossos filhos de operadores da paz, fazei com que nós, fiéis vossos, trabalhemos incansáveis para promover a justiça que pode garantir uma paz autêntica e duradoura. Por Cristo, nosso Senhor. Amém”.
[1] Monumentum Ancyranum, ed. Th. Mommsen, 1883.
[2] Evangelii gaudium, 218.
[3] S. Gregorio VII, Epistolae, III, 21 (PL 148, 451).
[4] S. Tomas de Aquino, Summa theologica, I-IIae q. 109, a. 1 ad 1