Novos documentos

Vaticano reflete sobre situação das crianças e adolescentes na pandemia

Dois documentos sobre o assunto foram publicados hoje, acompanhados de um comunicado que reitera a posição da Santa Sé a favor das vacinas

Jéssica Marçal
Da Redação, com Boletim da Santa Sé

A pandemia também afetou as crianças: impactos na saúde mental, na educação e aumento da violência são algumas problemáticas, pontua a Santa Sé / Foto: Train_Arrival by Getty Images

A situação de crianças e adolescentes neste tempo de pandemia é o foco de dois novos documentos do Vaticano apresentados nesta quarta-feira, 22. Por ocasião dessas publicações, relacionadas ao tema da covid-19, a Santa Sé também emitiu um comunicado reiterando sua posição favorável às vacinas.

O Santo Padre definiu a vacinação como ‘um ato de amor’, uma vez que visa à proteção das pessoas contra a covid-19. Além disso, recentemente reiterou a exigência de que a comunidade internacional intensifique ainda mais os esforços de cooperação, a fim de que todos tenham acesso rápido às vacinas, não por uma questão de conveniência, mas de justiça”, informa o comunicado.

Os documentos elencam desafios urgentes que precisam ser enfrentados no que diz respeito às crianças e adolescentes. Pontos como o acesso à escola, impacto sobre a saúde mental e social, bem como a vulnerabilidade de crianças que ficaram órfãs por causa da covid-19. Consideram-se os traumas, luto familiar e a grave realidade do abuso psicológico e sexual durante o lockdown.

A pandemia e o desafio da educação

“A pandemia e o desafio da educação – crianças e adolescentes em tempo de covid-19” é o documento publicado pela Pontifícia Academia para a Vida.

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O texto fala da chamada “pandemia paralela”. Para além das questões clínicas, o estresse psicossocial em crianças e jovens pelas circunstâncias da pandemia causaram patologias, com consequências diversas dependendo da idade e das condições sociais e ambientais.

O primeiro ponto aborda os recursos de crianças e adolescentes na época de covid. Destacam-se, por exemplo, a sensibilidade e resiliência das jovens gerações, que continuaram a se projetar no futuro, apesar das condições difíceis e, às vezes, até dos traumas graves.

Já o segundo ponto trata de quatro desafios graves e urgentes sobre os quais é preciso atenção. São eles: a abertura das escolas, a proteção das relações familiares, a educação à fraternidade universal e a transmissão da fé no Deus da vida.

“A Igreja Católica, a partir da experiência da pandemia, indica a urgência de remover pesados obstáculos que impedem, no mundo, uma sadia e positiva integração das crianças e adolescentes na sociedade, e que se criem todas as condições para que isso aconteça”, conclui o documento.

O documento completo está disponível no site da Santa Sé em quatro idiomas: italiano, francês, inglês e espanhol. Acesse aqui.

Crianças e a covid-19

O outro documento é da Comissão Vaticana Covid-19, ligada ao órgão para o Desenvolvimento Humano Integral: “Crianças e covid-19”.

“A pandemia de covid-19 levou muitas crianças a condições de grave pobreza, deixando-as sem pais ou entes queridos que cuidassem delas. Em todo o mundo, a exploração e a violência contra as crianças aumentaram e o acesso às instalações educacionais foi reduzido ou suspenso. Governos, organizações da sociedade civil e a Igreja devem se unir para aliviar o crescente sofrimento das crianças mais vulneráveis”.

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O texto traz alguns dados, como a estimativa de que mais de 5 milhões de crianças perderam um dos pais, avós ou tutor secundário para a covid-19 até 30 de setembro de 2021. Os pequenos são afetados pelo aumento da pobreza, da insegurança alimentar, de atrasos na educação, além de violência e exploração.

Ações

Diante das problemáticas, o documento traça algumas linhas de ação. Em nível político e social, pede-se uma distribuição justa das vacinas. Também o reforço dos sistemas que promovem o cuidado das crianças dentro da família. Outro ponto propõe dedicar mais gastos orçamentários para a proteção das crianças. E por fim, combinar a transferência de dinheiro para os pobres com programas complementares e proteger as crianças que sofreram um trauma com a reabertura das escolas.

Às organizações da Igreja, o documento pontua a necessidade de dioceses e paróquias estarem preparadas para intervir rapidamente quando as famílias são atingidas pela covid. Outra indicação é priorizar a garantia de uma assistência segura e enriquecedora dentro da família. Pede-se também o esforço para encontrar uma família para cada criança e enfrentar diretamente o aumento da violência contra as crianças durante a pandemia.

O documento completo está disponível no site da Santa Sé em quatro idiomas: italiano, francês, inglês e espanhol. Acesse aqui.

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