Pela primeira vez, Sínodo dos Bispos será descentralizado, acontecendo também nas dioceses
Jéssica Marçal, com Boletim da Santa Sé
Da Redação
O Vaticano anunciou, nesta sexta-feira, 21, novidades sobre o próximo Sínodo dos Bispos. Em outubro deste ano, terá início um caminho sinodal de três anos e articulado em três fases (diocesana, continental e universal). Pela primeira vez, será um Sínodo descentralizado, realizado também nas dioceses antes da assembleia em Roma em outubro de 2023.
Este será o caminho da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, cujo tema havia sido anunciado em março do ano passado. O tema é “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Uma nota do Sínodo dos Bispos informa a aprovação desse novo itinerário sinodal por parte do Papa Francisco em 24 de abril passado.
O percurso começa já neste ano. A abertura será tanto no Vaticano quanto em cada diocese, com o Papa Francisco nos dias 9 e 10 de outubro. Nessa mesma modalidade, no domingo, 17 de outubro, o Sínodo será aberto nas dioceses, sob presidência do respectivo bispo.
Entre outubro de 2021 e outubro de 2023, serão três fases, passando por uma diocesana e uma continental. Elas darão vida a dois diferentes Instrumentum Laboris (o Documento de Trabalho). A fase conclusiva será em nível de Igreja Universal.
Segundo a nota, essa articulação em diferentes fases permitirá a escuta real do Povo de Deus e garantirá a participação de todos no processo sinodal. “Não é só um evento, mas um processo que envolve em sinergia o Povo de Deus, o Colégio episcopal e o Bispo de Roma, cada um segundo a própria função”, aponta o documento.
Fase diocesana: outubro de 2021 a abril de 2022
A fase diocesana será marcada pela consulta ao Povo de Deus. O objetivo é que o processo sinodal se realize na escuta da totalidade dos batizados.
A Secretaria Geral do Sínodo enviará um Documento preparatório, acompanhado por um Questionário e por um Vademecum. Estes terão propostas para realizar a consulta em cada diocese.
O mesmo texto será enviado aos dicastérios da Cúria, às Uniões dos Superiores e das Superioras Maiores, Uniões ou Federações de Vida Consagrada, Movimentos leigos internacionais, Universidades ou Faculdades de Teologia.
Cada bispo nomeará um responsável diocesano pela consulta sinodal, um ponto de conexão com a Conferência Episcopal. Esta acompanhará a consulta na Igreja particular em todos os seus passos.
Também a Conferência Episcopal elegerá um responsável como ponte com outros responsáveis diocesanos bem como a Secretaria Geral do Sínodo.
Essa consulta ao Povo de Deus em cada diocese será concluída com uma reunião pré-sinodal. Este será o momento culminante para o discernimento diocesano. Cada diocese enviará suas contribuições à Conferência Episcopal, que terá uma reunião de seus pastores para ouvir o que o Espírito suscitar.
A síntese será enviada à Secretaria Geral do Sínodo. Também serão recebidas as contribuições dos dicastérios da Cúria, às Uniões dos Superiores e das Superioras Maiores, Uniões ou Federações de Vida Consagrada, Movimentos leigos internacionais, Universidades ou Faculdades de Teologia. Tudo isso acontecerá antes de abril de 2022. A Secretaria Geral do Sínodo redigirá o primeiro Documento de Trabalho antes de setembro de 2022.
Fase continental: setembro de 2022 a março de 2023
Esta fase terá um diálogo em nível continental sobre o texto do primeiro Instrumentum Laboris. Será um ato de discernimento à luz das culturas específicas de cada continente.
Cada reunião continental das conferências episcopais nomeará um responsável como referência tanto para as Conferências Episcopais quanto para a Secretaria Geral do Sínodo. Isso até setembro de 2022.
Também haverá o discernimento pré-sinodal nessas assembleias continentais que terminará com a redação de um documento final. Este será enviado à Secretaria Geral do Sínodo em março de 2023. Recomenda-se que também haja assembleias internacionais de especialistas, que possam enviar suas contribuições.
A Secretaria Geral do Sínodo fará, então, um segundo Instrumentum Laboris (Documento de Trabalho), com publicação prevista para junho de 2023.
Fase da Igreja Universal: outubro de 2023
A Secretaria Geral do Sínodo enviará este segundo Documento de Trabalho aos participantes da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. E será, então, realizado o Sínodo em Roma, segundo os procedimentos da Constituição Apostólica Episcopalis Communio.