Cidade ucraniana de Odessa teve bombardeios no fim de semana; em meio aos testemunhos recolhidos pela AIS, o registro do batismo de um jovem antes de ir para guerra
Da Redação, com ACN Portugal
Segue a guerra na Ucrânia, com combates em muitas cidades, com destaque para a capital Kiev. A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre tem mantido contato com bispos, sacerdotes e religiosas. Eles confirmam não só a violência dos combates, mas também a solidariedade entre as populações e a ligação muito estreita com a Igreja nestes dias tão difíceis.
Leia também
.: Papa em apelo pela Ucrânia: quem faz a guerra esquece a humanidade
.: Trégua entre Rússia e Ucrânia continua a ser negociada
O cenário dos ataques e das populações refugiadas em abrigos é semelhante por todo o país. Em Odessa, o mais importante porto comercial do país, o fim de semana foi de constantes bombardeios. A situação agravou a falta já bem visível de produtos básicos como pão ou combustível.
O bispo latino de Odessa, Dom Stanislav Shyrokoradiuk, confirma que começou a chegar alguma ajuda de países vizinhos, mas a situação mantém-se difícil. De qualquer forma, ninguém pensa em abandonar as populações locais. “Estamos a viver no aqui e agora, e a situação é crítica, mas vamos ficar e pedimos as vossas orações!”.
Nos muitos testemunhos que a Fundação AIS recolheu, há um que sobressai pelo simbolismo: apenas em imagem. É a fotografia de um jovem na catedral de Kharkiv, a cidade que sofreu um violento ataque de ‘rockets’ no dia de ontem. A imagem mostra o batismo de um jovem acabado de ser convocado também para a frente de guerra.
Refugiados na fronteira com a Polônia
A cidade de Lviv, na fronteira com a Polônia, não tem sido palco ainda de grandes episódios de violência. No entanto, tem assistido à chegada de um enorme fluxo de refugiados. A Irmã Natália, da ordem greco-católica da Sagrada Família, também enviou uma mensagem à Fundação AIS.
“Graças à ajuda do mundo, a Ucrânia resiste, e acreditamos que sobreviverá. Temos ajudado os deslocados, fornecendo ‘bunkers’ de proteção para ataques aéreos, e acolhendo pessoas, especialmente mulheres e crianças. A maioria vai para o estrangeiro, mas aqui eles têm a oportunidade de descansar conosco. E rezamos juntos. Obrigado por tudo”, diz a irmã.
Mais dura tem sido a experiência do Padre Justyn. Ele teve de fugir da cidade de Kamianets-Podiskyi, na região oriental. Uma fuga que não irá esquecer tão cedo. “Levei oito horas a percorrer 150 quilômetros. As estradas estavam cheias de pessoas que se dirigiam para o Oeste. Engarrafamentos, filas nas lojas, nas farmácias e postos de gasolina. As pessoas têm medo porque não sabem o que vai acontecer. Muitos amigos ligaram a perguntar porque é que a Ucrânia tem de aturar tanto mal. Alguns querem confessar-se, mas não posso fazê-lo por telefone. Tudo o que posso dizer é ‘reconcilie-se com Deus, arrependa-se, peça perdão sinceramente e Ele vai ouvir…’. Temos de rezar”.
Solidariedade com a Ucrânia
A Ucrânia vive uma situação dramática, mas a solidariedade do mundo tem-se feito também sentir. Uma solidariedade que foi reafirmada logo no primeiro dia de guerra: a Fundação AIS assumiu o compromisso de enviar uma ajuda de emergência no valor de 1 milhão de euros. O recurso é para os sacerdotes e religiosas que trabalham com refugiados, em orfanatos e em lares para idosos em todo o país.