Prefeito do Dicastério para a Comunicação indica que Igreja precisa entrar em contato com juventude pelos meios digitais para incluí-la no discernimento eclesial
Da Redação, com Vatican News
Na coletiva de imprensa da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos desta quarta-feira, 9, o papel dos leigos e das mulheres na Igreja voltou a ser destaque. Entre os participantes da entrevista estiveram o arcebispo de Nampula e presidente da Conferência Episcopal de Moçambique, Dom Inácio Saúre; o arcebispo de Puerto Montt (Chile), Dom Luis Fernando Ramos; e o diácono permanente da Diocese de Gent (Bélgica), Geert De Cubber.
A secretária da Comissão para a Comunicação da Assembleia Sinodal, Sheila Pires, ressaltou que os trabalhos têm se concentrado no tema do discernimento eclesial. Nos mais de 70 discursos livres foi destacado o papel dos ministros ordenados e dos leigos, sua colaboração com os sacerdotes e bispos e o seu envolvimento nos processos de decisão, salientando a necessidade de uma maior participação dos leigos.
Pires enfatizou a proposta feita para consultar o Povo de Deus sobre a idoneidade dos candidatos ao sacerdócio e ao episcopado, dado que numa Igreja sinodal, o povo de Deus tem que se sentir responsável na escolha. Também foi falado sobre a possibilidade de leigos serem párocos, pois muitos sacerdotes não têm vocação de párocos.
A respeito das mulheres, foram destacadas algumas propostas, como evitar qualquer tipo de discriminação sexual no acolitado, reconhecendo seu contributo nos processos de decisão. Além disso, sugeriu-se confiar às mulheres o ministério da escuta, dado que “as mulheres sabem ouvir, ouvem de forma diferente”.
Participação dos jovens
O prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, sublinhou a necessidade de entrar em contato com os jovens por meio da pastoral digital, e de que eles façam parte do discernimento eclesial na pastoral juvenil. O jornalista também falou da situação dramática de muitas crianças no mundo, vítimas do tráfico de pessoas. Nesse sentido, enfatizou que “o Sínodo precisa inspirar ações, não apenas produzir documentos”, pedindo que se escute as vozes corajosas que vêm de fora da Igreja.
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Ruffini abordou ainda o acompanhamento das vítimas de abuso dentro da Igreja; a necessidade de a Igreja se aproximar dos vulneráveis; a solidão e o isolamento dos padres, sobrecarregados de trabalho; e a distância dos padres em relação à sinodalidade, o que deveria levar o Sínodo a ver como pode reavivar sua vocação de servir ao Povo de Deus.
Contribuições dos convidados
Na sequência, o arcebispo Luis Fernando Ramos salientou que, no ano passado, muitas questões foram levantadas; neste ano, os participantes estão se concentrando em questões mais específicas para rearticular o que entende-se por Igreja Sinodal. Neste contexto, ressaltou a importância de os leigos nunca perderem sua vocação secular, e das relações entre os seres humanos e dentro da Igreja, a fim de purificar, transformar e iluminar as relações baseadas na caridade.
Por sua vez, Dom Inácio Saúre refletiu sobre a importância da Iniciação Cristã como encontro com Jesus Cristo e o fenômeno que se verifica na África, onde os jovens deixam a Igreja depois de receber os sacramentos. Ele também falou sobre a partilha de dons entre os seres humanos e as Igrejas em uma Igreja Sinodal e da importância do conhecimento mútuo entre a Igreja Católica e a Igreja Oriental, que tem muito a contribuir.
Por fim, o diácono Geert De Cubber expressou que não teria podido participar deste Sínodo sem sua família, com quem se sentou à mesa para decidir se sua presença na Assembleia Sinodal era algo conveniente. A partir disso, destacou que sua experiência de sinodalidade começa em casa.
Em relação à Igreja belga, suas dificuldades e a presença de pessoas cansadas, o diácono disse que eles estão tentando colocar a sinodalidade em prática na Pastoral Juvenil, para levar a sinodalidade ao trabalho com os jovens, algo feito com todas as dioceses que buscam avançar como Igreja sinodal.