Sacerdote comenta motivos mais comuns para crises familiares, situações pelas quais o Papa reza neste mês; também destaca importância da harmonia na família
Gabriel Fontana
Da Redação

Padre ressalta que a família é lugar de diálogo / Foto: Christopher Jolly na Unsplash
São João Paulo II afirmou que “o amor na família é uma experiência de santidade”. É na família que cada ser humano tem seu primeiro contato com outros indivíduos, aprendendo a se relacionar com diferentes pessoas.
As diferenças, porém, podem gerar conflitos que precisam ser resolvidos. Caso contrário, as famílias podem entrar em crises e enfrentar problemas ainda maiores. É justamente para essa questão que o Papa Francisco chama a atenção neste mês de março, no qual sua intenção de oração é pelas famílias em crise.
“O bem-estar da pessoa e da sociedade humana e cristã está intimamente ligado com uma favorável situação da comunidade conjugal e familiar”, registra a Constituição Pastoral Gaudium et Spes (n. 47). Dessa forma, torna-se ainda mais importante a atenção a todos os elementos e situações que podem levar a atritos familiares.
Família, parte do plano de Deus
Ligado ao Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família, padre Marcos Venicius Farias destaca que a família é o lugar onde o ser humano encontra a possibilidade de nascer, crescer e se desenvolver, reunindo em si todos os elementos favoráveis a este processo. “Desta forma, a família se torna um instrumento para que o plano de Deus, que é a salvação do homem, aconteça”, afirma.
Diante disso, as famílias tornam-se alvos da ação do mal. O sacerdote aponta que o maior ataque do inimigo é a experiência do desamor, caracterizado pelo egoísmo, quando as pessoas esquecem que foram chamadas a viver a doação da própria vida e passam a construir seus sonhos e projetos excluindo o outro. “As divisões se constituem porque não existe mais um bem comum a ser alcançado”, ressalta.
Mestre em Sociedade e Família Contemporânea, o sacerdote elenca entre algumas das crises mais comuns nos conjuntos familiares os problemas financeiros, a influência das mídias sociais, a dificuldade dos pais em educar os filhos, os vícios, a falta de diálogo e a dificuldade na harmonia conjugal.
Frente a essas dificuldades, padre Marcos pontua que não há famílias perfeitas, mas uma construção, constituídas por pessoas onde cada um traz sua realidade e sua história de vida. “Os filhos participam dessa vivência”, acrescenta, “conservando valores, virtudes, ensinamento dos pais – e quando estes não são conservados, se perdem ou são omissos pelas ondas de modismo e tendências da própria geração”.
Diálogo, convivência e perdão
“A família é o nosso primeiro grupo social, é lugar de escuta, diálogo, interação, lugar de convivência”, prossegue o sacerdote. “Se na família não conseguirmos manter este compromisso, socialmente, estaremos mais vulneráveis e distantes dessa situação”, frisa.
Neste contexto, padre Marcos retoma o conselho dado pelo Santo Padre no vídeo em que divulga a intenção de oração, que é sempre buscar perdoar. “A dinâmica do perdão nos faz participar do agir divino. Ele atua como um remédio, porque cura e apaga as sequelas deixadas pelo ódio, mágoa e rancor”, observa.
“A decisão é uma iniciativa humana que conta com o auxílio de Deus”, salienta o sacerdote. “Este perdão deve estar revestido do desejo de recomeçar e, acima de tudo, ressignificar a história”, conclui.