Canonização

Scalabrini mostra que o mundo é a pátria de todos, comenta padre

Comentando legado do beato Scalabrini, missionário Scalabrianiano ressalta como a dimensão de casa comum abre ao migrante o conceito de pátria universal

Mauriceia Silva
Da Redação 

Bem Aventurado João Batista Scalabrini / Foto: arquidiocese de Passo Fundo

Dando continuidade às matérias que serão publicadas até sexta-feira, 7, em virtude das canonizações dos beatos João Batista Scalabrini e Artêmides Zatti, esta reportagem vem dar destaque à obra de João Batista Scalabrini. O texto traz um pouco do legado deixado pelo pai dos migrantes na vida e espiritualidade dos missionários Scalabrinianos. As canonizações serão no domingo, 9. A série também segue com vídeos diários no Instagram. 

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O sorriso da Pátria e o conforto da fé

Para o missionário Scalabriniano, padre Alfredo J. Gonçalves, cs, é muito importante o legado que Scalabrini deixou para a Congregação, pois isso os leva a uma realidade que hoje é muito forte no Brasil e no mundo: a migração. 

“Nós temos hoje fluxos imensos de migrantes e refugiados percorrendo as estradas do mundo, é um tema que se tornou mais visível ainda com a pandemia. Na medida em que as fronteiras se fecharam, os migrantes começam a se acumular nas fronteiras geográficas, o que torna a migração muito visível, e faz com que a gente possa levar aos migrantes o sorriso da pátria e o conforto da fé.”

O trabalho com migrantes

O futuro santo, no sentido de migração na Europa, envolveu-se não só na questão religiosa-pastoral, mas também político-social e científica. Ele fez um trabalho com estudos, pesquisas e estatísticas sobre o tema da migração com conferências, o que sensibilizou a sociedade do seu tempo. As ponderações são da missionária secular scalabriniana, Luísa Deponti. 

Segundo ela, Scalabrini tinha uma visão presciente da migração, tendo promovido também leis em favor dos emigrantes. Ele também envolveu leigos no trabalho de apoio jurídico nos portos de partida e chegada. 

“Scalabrini tinha uma visão presciente da migração. Um fenômeno estrutural de seu tempo com a revolução industrial e hoje com a globalização.” 

O legado de Scalabrini sempre atual 

Tendo se passado mais de um século após a morte de Scalabrini, seu legado e seu carisma continuam muito relevantes no mundo de hoje, no contexto das migrações.

Para Luisa, a migração é considerada pelo Papa Francisco um dos fenômenos mais importantes do nosso tempo, que a Igreja deve levar em conta em sua ação pastoral em todos os países do mundo.

Deponti afirma que o carisma do futuro santo continua em sua família, a família scalabriniana. Milhares de missionários e voluntários em todo o mundo “abraçam e se tornam migrantes com migrantes, para colaborar no sonho de Deus de unir todos os povos em uma família”.

Momento histórico

Para a missionária secular scalabriana, Rosiane Aparecida de Melo, é uma festa de grande responsabilidade esse momento histórico que a família Scalabriniana está vivendo. Ela também se sente muito feliz ao relembrar de sua história que também passou pela migração. 

“Minha família é do Brasil, do Paraná, mas quando eu tinha dois anos e oito meses minha família migrou para o Paraguai com meus avós que já eram espanhóis – migraram pra o Brasil e do Brasil quiseram ir pro Paraguai – eu tenho quatro irmãos que nasceram no Paraguai, minha Paróquia foi Scalabriniana muito tempo, por isso que também ali eu conheci essa espiritualidade, esse carisma.”

Precursores do Concílio Vaticano II

Sobre o beatos prestes a serem canonizados, padre Alfredo recorda que Scalabrini e Dom Bosco foram muito amigos. E não só: foram contemporâneos, junto com outros santos da época são precursores remotos do Concílio Vaticano II, abriram as janelas do mundo para os problemas do mundo moderno, tanto um como o outro. 

O padre explica que Scalabrini mostra que o mundo é a pátria de todos e rompe com as fronteiras da diocese. “Ele diz que em todo o lugar que o imigrante esteja, ele está na sua casa, na sua pátria. A migração abre o conceito de pátria para o migrante, dizia Scalabrini, ou seja ele traz o conceito de pátria universal. Nós somos habitantes da casa comum não porque temos passaporte, mas porque nascemos.” 

Scalabrini tinha na Eucaristia o centro 

Sobre a vida espiritual de Scalabrini, o padre Alfredo reitera que ela se concentra em três dimensões muito fortes, nos escritos, nas cartas pastorais que ele deixou, na dimensão mariana que sempre foi muito forte desde os tempos que Scalabrini criança na sua família, depois a dimensão da Eucaristia.

“Scalabrini tinha na Eucaristia o centro da sua vida e por fim a dimensão da Cruz, Scalabrini sempre rezava para que a cruz o fizesse inebriar.”

Para Scalabrini, a cruz é onde o filho se revela filho de Deus. Devido ao perdão, devido ao grande mistério do perdão, a cruz, de certa forma, já anuncia a ressureição e na cruz se revela realmente o amor de Deus, até pelos pecadores de maneira incondicional, conclui o missionário Scalabriniano. 

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