“Antes morrer do que pecar” era o projeto de vida do santo salesiano que celebramos nesta sexta-feira, 6, referência até hoje para as juventudes
Ronnaldh Oliveira
Da redação
Nesta quinta feira, 6, a Igreja, juntamente com toda a família salesiana, celebra São Domingos Sávio, aluno de Dom Bosco que se tornou o santo mais jovem não mártir da história.
Foi um adolescente fruto do Sistema Preventivo de Dom Bosco. Uma comprovação provinda diretamente do Oratório de Valdocco (Oratório de São Francisco de Sales), ventre de toda a missão dos SDBs (Salesianos de Dom Bosco). Sávio nasceu, em 2 de abril de 1842, na Itália, na região de Castelnuovo de Asti, em Murialdo. Filho de uma família simples e pobre, mas com fecunda fé cristã.
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De bases cristãs, com profunda disposição para a santidade, encontrou-se pela primeira vez com São João Bosco em outubro de 1854, colocando-se à disposição de um alfaiate para poder ser uma pessoa melhor. “Quero ser um belo tecido para o Senhor”, afirmava o adolescente.
Contraindo tuberculose, doença grave típica da época, precisou se ausentar do Oratório, indo para a casa de seus pais. Em sua despedida, disse aos amigos de Valdocco: “Adeus, queridos companheiros, adeus a todos. Rezai por mim. Espero que voltemos a ver-nos no Céu, onde estaremos para sempre com o Senhor.”
No dia 9 de março de 1857, Domingos Sávio disse sua última frase: “Oh! Que belas coisas estou vendo”. Sávio entregou sua breve vida, um pequeno que se fez grande em meio a seus amigo, ajudando a cada um a ser o melhor que poderia ser em seu quotidiano. A sua vida, pode-se dizer, reflete aquela oração que fez no dia de sua morte: “Senhor, a liberdade eu Vo-lo dou, Eis as minhas forças, o meu corpo mais, tudo eu Vos dou, pois tudo é Vosso, ó Deus, na vossa vontade eu me abandono”.
Os santos são frutos de sua época. Podemos imitar Domingos? Sim, podemos. Mas não podemos fazer exatamente aquilo que ele fazia ou ser uma cópia, precisamos adaptar a nossa realidade, e essa readaptação se faz, novamente, em abertura ao Espírito Santo.
O Notícias Canção Nova conheceu o jovem Paulo Sérgio, 28 anos, que, devoto do santo padroeiro dos adolescentes, leva sua vida na construção da santidade cotidiana. Ao entrevistá-lo, percebemos, com clareza, que os caminhos trilhados pelo aluno de Dom Bosco levam, ainda hoje, Sérgio ao encontro com Deus.
Confira a entrevista:
CN Notícias — Como começou sua devoção a São Domingos Sávio?
Paulo Sérgio — Meus pais conheceram Dom Bosco pela Canção Nova. Ao perceberem que em São José dos Campos (SP), minha cidade natal, havia uma Igreja Salesiana e um colégio, colocaram-me ali para estudar. Eu tinha, mais ou menos, sete anos de idade quando conheci Domingos Sávio. As irmãs salesianas sempre o apresentavam. Falavam dele e da Beata Laura Vicuña. Mas preciso dizer que não foram essas apresentações que me encantaram pela vida de Domingos. Foi a partir do filme sobre sua vida, e eu os tenho até hoje em VHS, que a Canção Nova tinha feito. Era tudo em marionete. Eu não sei nem quantas vezes eu assisti aos quatro volumes sozinho ou com meus pais, e sempre me fazia admirar cada vez mais esse santo e a querer imitar sua vida. Até hoje, uso esses vídeos em formações ou até mesmo para que possa retornar a alguns propósitos. Sempre fico emocionado quando revejo as cena.
CN Notícias — Como relaciona sua vocação à vida e ao exemplo de Domingo Sávio?
Paulo Sérgio — Posso dizer que ele sempre me acompanha. Hoje, sou religioso consagrado salesiano, mas nem sempre foi assim. O meu ideal de vida era ser um leigo envolvido na Igreja. Queria casar e ter filhos. Sempre apresentei Domingos Sávio como exemplo de jovem atual para os jovens com os quais eu tinha contato. Na minha paróquia de origem, em diversos trabalhos que ali exercia, não tinha como não me vincular à imagem de Sávio. O querer a santidade, e mostrar que isso é possível ainda na juventude, sempre mexeu comigo de um modo diferente. Mas, com o tempo, vamos crescendo e amadurecendo a nossa fé. E como um jovem religioso, vejo em Domingos Sávio uma chama que sempre aponta para Jesus.
CN Notícias — Qual valor de Domingos Sávio mais te encanta a ponto de querer levar isso para sua vida?
Paulo Sérgio — O querer ser santo. Muito se engana quem pensa que Domingos Sávio já nasceu pronto, formado e todo santificado. É certo que ele tinha uma propensão maior a esse caminho, mas havia algo especial: ele sabia que tinha limitações e pecados e, por saber que as tinha, fazia de tudo para se aproximar de Deus e de sua misericórdia. Buscava ser perfeito e não perfeccionista. Quem busca ser perfeito sabe de seus limites, mas quer ser melhor, e por isso é aberto à graça de Deus. Mas quem busca ser perfeccionista percorre o caminho oposto, acaba dizendo “meu pecado é muito grande”, e isso faz com que a pessoa se distancie da graça de Deus e de sua misericórdia. Sávio aprendeu isso. E essa disposição me encanta até hoje.
CN Notícias — Você citou a série de Domingos Sávio apresentado pela TV Canção Nova nos anos 2000. Pode-nos falar dessa sua experiência?
Paulo Sérgio — Com eles eu conheci Domingos Sávio e até hoje essa série me ajuda a recordar meu projeto de vida. Houve uma vez que, estando em retiro em Lavrinhas (SP), pude ver de perto essas marionetes. Vocês não imaginam o quanto fiquei emocionado com isso, poder ver as personagens: o Pepino [cachorrinho de Sávio] e a própria marionete de Sávio foi espetacular. Eles me ajudaram muito a formar a minha base cristã. Ver ali Sávio sendo pessoa, e eu digo isso porque, muitas vezes, colocamos os santos num patamar muito distante, e esquecemos que ele era uma criança comum, e esse trazer para perto me ajudou a dizer que a santidade é também para mim.
CN Notícias — Domingos Sávio é um santo para as juventudes de hoje? Como você vê isso?
Paulo Sérgio — Com toda a certeza! Sávio é um santo jovem atual. A sua máxima, “antes morrer do que pecar”, continua atual. Essa frase é o desejo de fazer-se eterno em Cristo, fazer-se comunhão com os mais pobres, buscando amar e viver a frase de Cristo: “quem quer me seguir, renuncie a si mesmo, pegue a sua cruz e me siga”. Sávio demonstra essa leveza da juventude, a leveza da conversão, da caridade, de se preocupar com o outro, de viver a alegria. O mundo precisa recordar que a santidade é no dia a dia, nas ações pequenas que ele também fazia.
Confira também a playlist com a superprodução com marionetes da TV Canção Nova “O Pequeno Gigante”.