Redentoristas recordam legado e exemplo deixados pelo fundador da Congregação do Santíssimo Redentor; santo é celebrado nesta quinta-feira, 1º
Huanna Cruz
Da Redação
Nesta quinta-feira, 1º de agosto, é celebrado o fundador da Congregação do Santíssimo Redentor (Redentorista), santo Afonso Maria de Ligório. O religioso e consagrado redentorista, padre João Paulo de Oliveira Ramos, afirma que o santo é a grande inspiração para a congregação continuar sua missão. “A sua capacidade intelectual, sua vida interior, o seu dinamismo missionário e o seu amor pelos mais pobres e abandonados, são elementos inspiradores para continuarmos evangelizando em nossas diversas realidades, com seus contrastes e desafios próprios do mundo atual”.
O grupo nasceu em 1732, a partir da inspiração do santo de fundar uma congregação missionária, voltada para o anúncio explicito do Evangelho e direcionada aos mais pobres e abandonados. Padre João Paulo afirma que os redentoristas estão presentes em todo o mundo, procurando perpetuar o carisma em paróquias, santuários, nos meios de comunicação e nas ações missionárias.
A relação do sacerdote com Santo Afonso é de proximidade e admiração. “De proximidade, porque ele foi a minha grande inspiração em meu processo formativo, nos doze anos em que estive no Seminário. Hoje procuro viver a sua espiritualidade em meu cotidiano, em minhas orações pessoais e no trabalho junto ao povo de Deus. De admiração, porque ele foi um grande homem, muito atento as necessidades de seu tempo. Seu legado influencia a nossa Igreja nos tempos atuais”, enfatiza.
Espiritualidade do amor
“Todo bem consiste em amar a Deus. E amar a Deus consiste em fazer a sua vontade”. Esta frase de Santo Afonso mostra uma espiritualidade do amor destacada por padre João Paulo. O presbítero frisa que o fundador dos redentoristas demonstra ser uma pessoa apaixonada por Deus. “Eu gosto dessa frase porque nela podemos perceber que o sentido da vida está no amor a Deus, esse amor instantaneamente nos leva a fazer a vontade de Deus. Se procuramos amar a Deus em nosso cotidiano, estaremos mais próximos de fazer a sua vontade. É no amor a Deus que encontramos a razão do nosso existir”, reflete.
Com Santo Afonso, o sacerdote conta ter aprendido o seu ardor missionário e amor aos mais pobres e abandonados. “Ele era uma pessoa inquieta que direcionou toda a sua missão aos mais pobres e abandonados”, acrescenta. Em tempos de Papa Francisco, que pede uma “Igreja pobre para os pobres”, padre João Paulo ressalta que ter Santo Afonso como modelo de vida, o leva a pedir a graça de Deus para que nunca desanime ou se deixe acomodar diante da missão que lhe foi confiada.
Um homem muito a frente do seu tempo. Esta foi outra afirmação do sacerdote sobre o santo. De acordo com ele, o fundador dos redentoristas deixou um enorme legado para a Igreja nos campos da moral, das artes, da espiritualidade e da música. Na atualidade, é conhecido por seus escritos, que são marcados pela profundidade e simplicidade.
“A prática de amar a Jesus Cristo” e “Glorias de Maria”, são obras de Santo Afonso, comumente reeditadas em todo mundo, explica padre João Paulo. O redentorista explica que estes textos, apesar dos muitos anos, continuam alimentando a fé e a piedade do povo de Deus.
Legado de Santo Afonso Maria de Ligório
O legado de Santo Afonso para os redentoristas é a sua espiritualidade baseada no presépio (encarnação), na Eucaristia, na cruz (redenção) e em Maria, revela padre João Paulo. “Somos missionários profundamente marianos graças ao nosso fundador. Além disso, como Doutor da Igreja, ele nos deixou uma vasta obra em teologia moral que hoje serve como objeto de estudo para pesquisa acadêmica. São muitos estudiosos, redentoristas ou não, que na atualidade se dedicam ao estudo da teologia moral e tem a obra de Santo Afonso como um grande referencial”.
O também religioso e consagrado redentorista, padre Ferdinando Mancilio, acrescenta que o santo também deixou um importante legado na arte, música, poesia e, principalmente, na teologia, a partir de sua mística pessoal e espiritualidade. “Ele era um homem apaixonado por Maria a ponto de escrever o livro ‘Glórias de Maria’”.
Biografia de Santo Afonso Maria de Ligório
Afonso nasceu em Marianella, nas proximidades de Nápoles, em 27 de setembro de 1796. Era de origem nobre e preparou-se desde muito cedo para compor a elite napolitana. Recebeu uma formação muito consistente e, aos doze anos, ingressou para a faculdade de direito. Aos dezesseis anos já começou a exercer a profissão.
Como um advogado renomado em Nápoles, sentiu que faltava algo para a sua vida, depois de um processo de discernimento, resolveu abandonar os tribunais para dedicar-se exclusivamente ao evangelho. Aos trinta anos foi ordenado sacerdote. Fundou as “Capelas Vespertinas”, locais de encontros voltados para a oração, para a proclamação da Palavra de Deus e de atividades sociais.
Em 1729, passou a residir no Colégio Chinês, em Nápoles, e tinha o sonho de ser missionário na China. Sua vida mudou radicalmente quando se deparou com cuidadores de cabras e pessoas abandonadas materialmente e espiritualmente. Desse encontro surgiu a inspiração de fundar a Congregação Missionária do Santíssimo Redentor, dedicada aos mais pobre e abandonados. Aos 66 anos de idade, foi ordenado bispo de Santa Ágata dos Godos. Foi um bispo preocupado com a formação dos padre e seminaristas e muito próximo dos mais pobres de seu tempo. Faleceu no dia 1° de agosto de 1787 e foi canonizado pela Igreja em 26 de maio de 1839. Foi proclamado Doutor da Igreja em 1871 e Patrono dos confessores e moralistas em 1950.