O Arcebispo Bernardito Auza, observador permanente da Santa Sé na ONU, falou sobre o terrorismo e atos de violência contra a Igreja num evento recente
Da redação, com Vatican Media
O observador permanente da Santa Sé na ONU, em Nova Iorque, dom Bernardito Auza, participou de evento nesta segunda-feira, 24, que analisou medidas práticas para o combate ao terrorismo e a outros atos de violência baseados na religião e na crença, com o intuito de promover a cultura da tolerância e da inclusão. Além da Santa Sé, o encontro contou com a colaboração do Escritório das Nações Unidas contra o Terrorismo e das Missões Permanentes do Paquistão e da Turquia.
No discurso, Auza começou citando o “horror dos recentes ataques” contra os judeus em Pittsburgh, Poway e Paris; contra os muçulmanos em Christchurch, Queens, Quebec e Londres; contra os cristãos no Sri Lanka, no Sahel e em algumas regiões da Nigéria, do Iraque e da Síria; além de muitos outros casos documentados contra outras crenças religiosas.
“O fato de muitos desses atos de violência terem sido perpetrados contra os crentes, quando se reúnem para orar em suas casas de culto, os torna particularmente criminosos: refúgios de paz e serenidade rapidamente se tornam câmaras de execução, enquanto crianças indefesas, homens e mulheres perdem suas vidas simplesmente por se reunirem para praticar sua religião”, afirmou Auza.
Sete itens pela promoção à liberdade religiosa
Exortando a responsabilidade da comunidade internacional e dos Estados para proteger a população contra ataques desse tipo, Auza listou sete itens que considera importante:
1. Promover o direito à liberdade de religião, consciência e crença, visto que relatórios internacionais têm confirmado um aumento das violações dos Estados através da legislação: restrição à prática religiosa e à construção de casas de culto e de escolas, além de “atrocidades em massa, assassinatos e estupros cometidos pelo ódio às crenças e religiões das vítimas”.
2. Garantir a igualdade de todos os cidadãos perante a lei, independentemente da identidade religiosa ou étnica, “para manter coexistência harmoniosa e frutífera entre indivíduos e comunidades”.
3. Uma separação positiva e respeitosa entre religião e Estado, e que seja de colaboração para que não sejam “confundidas”.
4. Apelar a líderes políticos, sociais e religiosos “para condenar o uso da religião para incitar o ódio e a violência ou para justificar atos de opressão, exílio, assassinato ou terrorismo”. Esse é um dos passos para que, segundo Auza, “as religiões não sejam culpadas pela loucura homicida, mas a culpa permaneça com aqueles que interpretam erroneamente ou manipulam a crença religiosa para cometer o mal, supostamente em nome de Deus, para fins políticos ou ideológicos”.
5. Não deixar nenhuma vítima de violência antirreligiosa para trás, inclusive os cristãos. Auza então comentou que, em muitas declarações, tanto de funcionários da ONU, como de líderes mundiais e da imprensa, os ataques contra os cristãos permanecem desconhecidos.
6. Promover um compromisso real com o diálogo intercultural e inter-religioso, apoiado pelos Estados, inclusive aqueles seculares. “A religião não é um problema, mas parte da solução”, disse Auza ao parafrasear o Papa Francisco.
7. O sétimo e último ponto descrito pelo observador da Santa Sé é sobre a necessidade de uma educação efetiva: “é essencial que o ensino nas escolas, nos púlpitos e pela internet não fomente a intransigência e a radicalização extremista, mas treine os estudantes ao diálogo, à reverência pela dignidade dos outros, à reconciliação, à justiça e ao respeito pelo estado de direito”. Auza acrescentou o quão importante é que a formação “da cabeça e do coração não seja exagerada”.