Discurso de Dom Janusz Urbańczyk ressalta que, para o cristão, toda forma de antissemitismo é uma completa contradição
Da redação, Vatican News
“A Santa Sé continua condenando firmemente todas as antigas e novas formas de antissemitismo”. A afirmação é do observador permanente da Santa Sé junto à OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), Dom Janusz Urbańczyk, . Ele discursou ao Conselho permanente do órgão, reiterando, na esteira do Papa Francisco, que “para um cristão, toda forma de antissemitismo é uma rejeição de suas próprias origens cristãs e, portanto, uma completa contradição”.
Sobre o significado do Dia da Memória do Holocausto, Dom Urbańczyk pontuou a “horrível e aterradora” perseguição e extermínio dos judeus pelo regime nazista. Ele também destacou as milhares de outras vítimas da “fúria assassina e desumana dos nazistas”: população cigana rom e sinti, membros de minorias nacionais e crentes de várias religiões e confissões.
Ao mesmo tempo, exortou a comemorar pelos que protegeram os perseguidos, mesmo arriscando as próprias vidas. São pessoas que lutaram contra a horrenda crueldade que as cercava.
Esforços holísticos concertados
Atrocidades semelhantes”, acrescenta
Dom Urbańczyk destaca que: atrocidades semelhantes exigem uma reflexão profunda. Especialmente no mundo agitado de hoje, ele destaca que o silêncio ajuda a manter viva a memória, evitando a indiferença.
Além dessa memória viva, o diálogo inter-religioso é outra ferramenta indispensável para combater o antissemitismo, aponta Dom Urbańczyk. “Tem o propósito de promover o compromisso com a paz, o respeito mútuo, a proteção da vida, a liberdade religiosa e o cuidado com a Criação”, explica.
O observador permanente também citou uma passagem da encíclica “Fratelli tutti”, do Papa Francisco. Trata-se de um trecho que fala da contribuição das diferentes religiões para a fraternidade e justiça social:
“as diferentes religiões, a partir do reconhecimento do valor de cada pessoa humana como uma criatura chamada a ser filho ou filha de Deus, oferecem uma valiosa contribuição para a construção da fraternidade e a defesa da justiça na sociedade” (271).
Dom Urbańczyk deplorou a propagação, nos últimos anos, de um clima de maldade e antagonismo. Situações em que o ódio antissemita se manifestou através de uma série de ataques em vários países. Esse clima não poupa nem mesmo a região da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, observou.
O representante vaticano concluiu com a esperança de que o Dia da Memória não seja apenas uma simples celebração da memória. É preciso, destacou, que seja uma advertência de que o antissemitismo, se não for combatido através de esforços holísticos concertados, continuará infelizmente a se espalhar.