ARMAS NUCLEARES

Santa Sé: rearmamento global põe a humanidade em perigo

O Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas alerta que a corrida global acelerada para o rearmamento põe em perigo a paz mundial

O Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, Arcebispo Gabriele Caccia / Foto: Reprodução Youtube

Da redação, com Vatican News

Em seu discurso no Debate Geral da Primeira Comissão da 80ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, o Arcebispo Gabriele Caccia instou os líderes mundiais a se comprometerem novamente com o desarmamento e a reativarem o diálogo multilateral visando salvaguardar o futuro da humanidade.

Um “perigoso ressurgimento da força e do medo”

O Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas lembrou que se passaram 80 anos desde a devastação atômica de Hiroshima e Nagasaki e a fundação das Nações Unidas. No entanto, afirmou, o “espírito da diplomacia e do multilateralismo” que outrora buscava proteger a humanidade do flagelo da guerra está sendo ofuscado pelo “perigoso ressurgimento da força e do medo como formas de resolver disputas”.

A Arcebispo lamentou que essa erosão da confiança e do diálogo esteja enfraquecendo a cooperação, prejudicando economias e aprofundando o sofrimento de comunidades vulneráveis ​​em todo o mundo. Citando o Papa Leão XIV durante uma audiência com as Agências Católicas de Assistência, ele alertou contra a ilusão de que a segurança pode ser construída por meio do poderio militar.

“Como podemos continuar a trair o desejo dos povos do mundo pela paz com propaganda sobre o aumento de armas”, perguntou o Papa, “como se a supremacia militar resolvesse os problemas em vez de alimentar ainda mais ódio e desejo de vingança?”

A “lógica ilusória” da dissuasão

O arcebispo expressou profunda preocupação com a retórica renovada em torno do uso de armas nucleares e da expansão dos arsenais nucleares. Ele denunciou o que descreveu como uma “nova corrida armamentista” impulsionada pela integração da inteligência artificial em sistemas militares e pela extensão da competição ao espaço sideral.

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“Esses desenvolvimentos”, disse ele, “representam um perigo sem precedentes para a humanidade”.

Apelando para uma superação da “lógica ilusória da dissuasão nuclear”, o Arcebispo Caccia reafirmou o apelo da Santa Sé por negociações de boa-fé no âmbito do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).

Dom Gaccia clamou que todos os Estados detentores de armas nucleares honrem suas obrigações de desarmamento e incentivou a ratificação de instrumentos internacionais importantes, como o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT) e o Tratado de Proibição de Armas Nucleares (TPAN).

Armas convencionais e “assassinato autônomo”

Embora as armas nucleares continuem a ameaçar a humanidade, o Arcebispo também chamou a atenção para os efeitos devastadores das armas convencionais. Ele lamentou o uso contínuo de armas explosivas em áreas povoadas e a ameaça persistente das minas terrestres que “continuam a mutilar e matar muito depois do fim dos conflitos”.

Dom destacou a proliferação ilícita de armas de pequeno porte e armamento leve como uma das preocupações mais urgentes em termos de segurança global, observando que seu uso indevido “alimenta a instabilidade e cobra um alto preço das comunidades frágeis”, particularmente entre mulheres, crianças e idosos.

Abordando as tecnologias emergentes, o Arcebispo Caccia expressou preocupação com o desenvolvimento de sistemas de armas autônomas letais. Estes, disse ele, “operam sem controle humano significativo” e “transgridem todos os limites legais, de segurança, humanitários e éticos”.

Dom Gaccia instou os Estados-Membros a apoiarem o apelo do Secretário-Geral da ONU para concluir um instrumento juridicamente vinculativo que proíba tais armas até 2026, antes que elas “lançem uma sombra ainda mais sombria sobre o futuro”.

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