Carta

Papa: “aqueles que fazem a guerra esquecem a humanidade”

Papa enviou mensagem à primeira reunião dos Estados Partes do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, reafirmando o apoio da Igreja Católica para uma sociedade sem armas e a favor da paz

Da redação com Boletim da Santa Sé

França traça plano para redução da energia nuclear até 2035 / Foto: Reprodução Reuters

Acontece, nesta terça-feira, 21, em Viena, na Áustria, a primeira reunião dos Estados Partes do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares. Na ocasião, o Secretário para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais, o Dom Paul R. Gallagher, leu uma mensagem enviada pelo Santo Padre a todos os presentes.

Na carta inicialmente endereçada ao Embaixador Alexandre Kmentt, Francisco recordou que, já há cinco anos, houve uma conferência diplomática convocada para negociar o Tratado em discussão. Desde lá, afirmou que os Estados presentes possuem um objetivo exigente, quando se faz a experiência de olhar para o futuro sem armas nucleares.

Olhando para o momento atual, onde o mundo vive um cotidiano de conflitos, o Pontífice aponta ser corajosa a visão deste instrumento jurídico, fortemente inspirado em argumentos éticos e morais, sendo cada vez mais oportuno às realidade que cercam as sociedades. “No contexto atual, falar ou defender o desarmamento pode parecer paradoxal para muitos. No entanto, precisamos estar cientes dos perigos de abordagens míopes para a segurança nacional e internacional e os riscos de uma proliferação desordenada.

O Papa acredita que não discutir tal assunto, hoje, é condenar incontáveis vidas inocentes que são ceifadas e destruídas. “Renovo enfaticamente meu apelo para silenciar todas as armas e eliminar as causas dos conflitos através do recurso incansável às negociações. Aqueles que fazem a guerra, esquecem a humanidade”, ressaltou.

A paz

Francisco, mais uma vez, salientou que a paz é indivisível e sobretudo universal. “A segurança de nosso próprio futuro depende de como garantir a segurança pacífica das pessoas, pois se a paz, a segurança e a estabilidade não forem estabelecidas globalmente, elas não serão desfrutadas. Individual e coletivamente, somos responsáveis pelo bem-estar presente e futuro de nossos irmãos e irmãs” acredita.

A Santa Sé não tem dúvidas de que um mundo livre de armas nucleares é necessário e possível. Em um sistema de segurança coletiva, não há lugar para armas nucleares e outras armas de destruição em massa.

As armas nucleares, reiterou o Santo Padre, representam um verdadeiro multiplicador de riscos que fornecem uma falsa ilusão de paz. “Aqui, desejo reafirmar que o uso de armas nucleares, assim como sua mera posse, é imoral. Tentar defender e garantir a estabilidade e a paz através de uma falsa sensação de segurança e de um “equilíbrio do terror”, sustentado por uma mentalidade de medo e desconfiança acaba inevitavelmente por envenenar as relações entre os povos e obstruir qualquer forma possível de diálogo real. A posse das armas leva facilmente a ameaças de seu uso, tornando-se uma espécie de “chantagem” que deveria ser repugnante às consciências da humanidade.”

Compromisso da Igreja

Francisco também recordou os vários níveis de responsabilidades no enfrentamento das armas e concluiu encorajando os presentes representantes dos Estados, das organizações internacionais e a própria sociedade civil, a continuarem no caminho da promoção por uma cultura de vida e paz baseada na dignidade da pessoa humana e a consciência de que somos todos irmãos e irmãs.

“A Igreja Católica continua irrevogavelmente empenhada em promover a paz entre os povos e as nações e em promover a educação para a paz em todas as suas instituições. Este é um dever ao qual a Igreja se sente obrigada diante de Deus e de cada homem e mulher em nosso mundo. Que o Senhor abençoe cada um de vocês e seus esforços a serviço da justiça e da paz”, finalizou.

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