Fórum Global

Santa Sé pede responsabilidade compartilhada na acolhida aos refugiados

Dom Ettore Balestrero, observador permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas em Genebra, reiterou que nenhum Estado deve ser deixado sozinho para enfrentar o fardo dos deslocamentos em massa

Da Redação, com Vatican News

Mulher vestindo roupas tradicionais caminha entre barracas improvisadas de um campo de refugiados, com lonas azuis e brancas, chão árido e objetos domésticos visíveis ao redor.

Mulher caminha em campo de refugiados na Síria (2013) / Foto: Joel Carillet de Getty Images via canva

Aplicar o princípio da responsabilidade compartilhada, para que ninguém seja deixado sozinho diante das tensões globais e das numerosas perseguições em curso. Este foi o apelo da Santa Sé apresentado à Revisão do Progresso do Fórum Global sobre Refugiados, realizada de 15 a 17 de dezembro em Genebra. A fala foi apresentada pelo observador permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas e outras organizações internacionais em Genebra, Dom Ettore Balestrero.

Em seu discurso, Dom Ettore também citou a necessidade de priorizar a reunificação familiar aos refugiados, reconhecendo o papel fundamental das famílias “no desenvolvimento humano, no bem-estar psicológico e na estabilidade social”. A segurança, a proteção e o tratamento humano dos refugiados são as prioridades comuns que devem orientar as ações e políticas nesta área, acrescentou. Ele também chamou atenção para o fato de que nenhum Estado deve ser deixado sozinho para enfrentar o fardo dos deslocamentos em massa.

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O arcebispo reconheceu que, desde a adoção do Pacto Global sobre Refugiados, a comunidade internacional fez progressos significativos na partilha da responsabilidade pelo acolhimento de requerentes de asilo. Por outro lado, considerou que o deslocamento forçado “continua a infligir profundo sofrimento humano”. Por isso é preciso identificar novas formas de abordar as suas causas profundas, assegurando o regresso “seguro e digno” dos refugiados aos seus países de origem.

Promover o princípio da não repulsão

A Santa Sé reafirmou também a centralidade do princípio da não repulsão, consagrado na Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados. Este proíbe os Estados de devolverem requerentes de asilo a locais onde as suas vidas ou liberdades estejam ameaçadas.

Este princípio, continuou o arcebispo, torna-se ainda mais crucial devido à escalada das tensões globais e das perseguições em curso. A comunidade internacional é chamada a responder a esses desafios através da responsabilidade partilhada, uma necessidade já destacada pelo Papa Francisco na sua mensagem ao Segundo Fórum Global sobre Refugiados. E isso vai além das intervenções de emergência, estendendo-se a investimentos na paz duradoura, na reconciliação e na reconstrução pós-guerra.

Construir redes para refugiados

A Santa Sé também acolheu favoravelmente os compromissos assumidos por numerosos Estados para aumentar as suas quotas de reassentamento e garantir o acesso à educação para os jovens refugiados. Neste contexto, foi destacada a importância de promover parcerias capazes de unir governos, organizações religiosas e a sociedade civil na prossecução e implementação concreta dos compromissos assumidos para com os refugiados.

O arcebispo concluiu seu discurso recordando as palavras do Papa Leão XIV, que ele descreveu como um “raio de esperança” em meio ao desespero. “Diante das teorias de devastação global e cenários assustadores, é importante que o desejo de ter esperança em um futuro de dignidade e paz para todos os seres humanos cresça no coração das pessoas.”

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