CUIDADO COM A CASA COMUM

Santa Sé pede “ecologia integral” para reverter a perda de biodiversidade

O arcebispo Paul Richard Gallagher enviou uma mensagem de vídeo para cúpula virtual da ONU sobre biodiversidade

Da redação, com Vatican News

Paul Richard Gallagher, Secretário para as Relações com os Estados do Vaticano / Foto: Reprodução Yoututbe

“Reconhecer que cada ser vivo tem valor e propósito intrínsecos e, como tal, deve ser valorizado, é uma responsabilidade compartilhada que envolve os talentos de todos.” Portanto, “restaurar uma relação harmoniosa com a natureza é um desafio crucial que nos chama a agir com urgência”, disse o Secretário para as Relações com os Estados do Vaticano.

O arcebispo Paul Richard Gallagher fez este pronunciamento em uma mensagem de vídeo que enviou para uma cúpula virtual acerca da biodiversidade. O encontro foi organizado pelas Nações Unidas em Nova York, nesta quarta-feira, 30.

Saudável em um mundo doente?

Comentando o tema da cúpula, “Ação urgente sobre a biodiversidade para o desenvolvimento sustentável”, Gallagher lembrou o aviso do Papa Francisco: “Não podemos fingir sermos saudáveis em um mundo que está doente”, porque as feridas infligidas ao planeta “são feridas que também sangram em nós”. Por este motivo, disse ele, o Papa sublinhou, “não podemos ficar calados diante dos custos altíssimos da destruição e exploração do ecossistema”.

O arcebispo apontou ainda algumas das causas da perda de biodiversidade, tais como “expansão agrícola e industrial, poluição, incluindo poluição marinha com plásticos, testes nucleares e resíduos não tratados”.

“O aumento da temperatura dos oceanos”, disse Gallagher, “tem um impacto devastador em muitos dos recifes de corais em todo o mundo”. “O consumo de combustível fóssil e o desmatamento excessivo são peças fundamentais das mudanças climáticas que levam à extinção de espécies, o que por sua vez reduz a resiliência da natureza”, acrescentou.

O desequilíbrio ecológico prejudica as pessoas e o planeta

As consequências do desaparecimento de milhares de espécies, que mantêm o equilíbrio ecológico de muitos ecossistemas e ajudam a enfrentar os desafios ambientais, disse o funcionário do Vaticano, ameaçam o bem-estar de todo o planeta. Nesse sentido, ele pediu a proteção de regiões ricas em biodiversidade do mundo, como a Amazônia e a Bacia do Congo.

O empobrecimento da natureza devido à diminuição da biodiversidade, afirmou Dom Gallagher, leva a um grande sofrimento humano, especialmente nas regiões mais pobres do mundo. Portanto, o esforço para reverter a perda de biodiversidade exige uma abordagem que “combine o cuidado de nossa casa comum com o cuidado de nossos irmãos e irmãs”.

Isso integra medidas imediatas com estratégias de longo prazo, que é o que o Papa Francisco chamou de “ecologia integral”.

Repensando os modelos de desenvolvimento

Quando a biodiversidade é considerada apenas um depósito de recursos disponíveis para exploração, advertiu o arcebispo, isso leva ao tratamento irresponsável da natureza e do ser humano. O desenvolvimento integral, ao contrário, promove o bem comum e o respeito pela dignidade humana.

Isso pode ser alcançado quando as políticas de desenvolvimento estão a serviço da pessoa humana e incorporam uma compreensão holística das implicações ambientais, econômicas, sociais e humanas do uso de nossos recursos naturais compartilhados.

O arcebispo Gallagher exortou todos a se comprometerem a “trabalhar juntos para tornar nosso planeta um lugar saudável para se viver e preservar o dom da criação para as gerações futuras”.

A intervenção do arcebispo Gallagher veio quando as igrejas cristãs e as comunidades eclesiais em todo o mundo estão se aproximando do fim do Tempo da Criação, uma celebração anual de oração e ações destinada a proteger a criação de Deus, nosso lar comum.

O Tempo da Criação teve início em 1º de setembro, com a Jornada Mundial de Oração pela Criação, e se encerrará no próximo dia 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, padroeiro da ecologia.

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