Paixão de Cristo

Saiba mais sobre a condição rara vivida por Jesus ao "suar sangue"

Médico explica o que é a hematidrose – distúrbio vivido por Jesus antes de sua morte; Paixão de Cristo é recordada pela Igreja nesta Sexta-Feira Santa, 7

Julia Beck
Da redação

Foto: Canção Nova

“Entrando em agonia, Jesus orava com mais insistência. Seu suor tornou-se como gotas de sangue que caíam no chão” (Lc 22, 44). A passagem bíblica de São Lucas evidencia relatos de um distúrbio raro que acometeu Jesus Cristo no momento de sua Paixão, recordada nesta Sexta-Feira Santa, 7: a hematidrose.

Médico especialista em cardiologia, Servio Paixão /Foto: Arquivo Pessoal

O médico especialista em cardiologia pelo Instituto Nacional de Cardiologia, Servio Paixão, relata que, de fato, a hematidrose é uma doença muito rara, sendo diagnosticada em um a cada 10 milhões de pessoas. O paciente que possui essa doença apresenta um suor juntamente com sangue. De acordo com ele, o ato de “suar sangue” acontece mais na região do tronco, ombro e face.

“Há poucos relatos, mas geralmente na literatura médica ele é associado à situação de medo extremo ou estresse muito grande, seja em uma situação de morte ou de sofrimento eminente”, prossegue.

Paixão afirma que a maior parte dos pesquisadores acredita que esse episódio esteja relacionado a um distúrbio dos vasos sanguíneos que, próximos das glândulas sudoríparas, podem extravasar sangue após uma descarga de adrenalina muito grande.

Momento de sofrimento

A explicação do médico para a condição rara vivida por Jesus confirma a dor e sofrimento vividos momentos antes de sua morte, ressalta o padre da diocese de Itaguaí (RJ), Wagner Souza.

“Em Jesus, Deus nos amou de verdade. Isso não é brincadeira! Porém, infelizmente, hoje diminui cada vez mais o número dos bons católicos e verdadeiros cristãos, que, compreendendo a dor e o sofrimento de Jesus, buscam conformar sua vida à dele… Talvez seja este o grande motivo que faz com que as pessoas deixem tudo e passem a viver indiferentes a Deus”, reflete.

Fazer memória da Paixão de Cristo, acrescenta o sacerdote, é uma forma de impulsionar os fiéis a recordarem o valor de Jesus, meditando sobre sua história e percebendo a sua grandeza diante da vida. “Como dizia Santo Agostinho: ‘Valemos o sangue de um Deus crucificado’”.

“Como dizia Santo Agostinho: ‘Valemos o sangue de um Deus crucificado’” – Padre Wagner Souza

Morte que traz vida

Ao contemplar a Cruz, prossegue, é possível sentir tristeza ao notar o abandono de Jesus em sua entrega pela humanidade e a indiferença de tantos para com Ele. No entanto, padre Wagner reafirma que é possível também entender que a morte d’Ele traz a vida.

Leia mais:
.: A espiritualidade da Sexta-feira Santa

“Então, eu penso que a melhor maneira de viver a proposta da liturgia deste dia seria contemplar a figura de Jesus e buscar n’Ele inspiração e força para viver bem”.

Celebração da Sexta-Feira Santa

Padre Wagner Souza /Foto: Arquivo Pessoal

Na celebração da Paixão de Jesus, que acontece na Sexta-feira Santa, padre Wagner recorda que os católicos não comem carne, buscam a contemplação, a meditação da Via-Sacra e outras práticas de introspecção.

“O importante é ter sempre diante dos olhos a cruz e fazer memória da morte do filho de Deus. Ver Jesus e ter diante dos olhos o seu sofrimento, procurar morrer com Ele, buscando viver uma vida nova, na sua presença e com a sua companhia ”, indica.

O sacerdote reforça que ninguém é perfeito, logo, celebrar a entrega de Jesus faz com que todos busquem corresponder ao seu amor. “Afinal, amor com amor se paga!”.

Outros casos de hematidrose e possíveis tratamentos

O médico Servio Paixão conta que, apesar dos poucos casos de hematidrose, há relatos constatados nos dias atuais. Seis deles foram registrados em homens em processo de execução, em um navegante em alto mar, um jovem com sobrecarga emocional no trabalho, além de boa parte ser registrada em crianças, como o caso de um menino indiano que passava por problemas emocionais graves.

“As situações são raras e o tratamento proposto é que a pessoa cuide do estresse, o minimizando. Temos medicamentos que chamamos de betabloqueadores que usamos para isso. A vitamina C ajuda também os vasos sanguíneos a ficarem mais protegidos, fora os calmantes. Há pomadas de atropina que também podem ser utilizadas para controlar, mas tudo isso precisa ser avaliado caso a caso. Como é uma doença muito rara, não temos muitas pessoas diagnosticadas com isso”, reforça.

O cardiologista finaliza explicando que este é um caso em que a medicina consegue explicar uma situação relatada na Bíblia.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo