Padre Vagner Baia comenta significado da Festa de Cristo Rei, lembrando que a realeza de Cristo é um tema central na fé cristã
Thiago Coutinho
Da redação

Imagem de Cristo Rei / Foto: padre Rafael Beck
A Igreja celebra neste domingo, 23, a tradicional Festa de Cristo Rei, que completa 100 anos. Papa Pio XI, no ano de 1925, publicou a encíclica Quas Primas, em que propôs uma reflexão sobre o reinado de Cristo e sua incidência na realidade. Daí a instituição da citada festa, especialmente após a tragédia que havia sido a Primeira Guerra Mundial.
“O custo da guerra influenciou não só a religião, mas as escolas, no contexto social, muita miséria acabou sendo gerada que culminou na Grande Depressão dos Estados Unidos, em 1929”, recorda padre Vagner Baia, da Comunidade Canção Nova. “A encíclica é uma resposta aos anseios da humanidade que perdeu a esperança em si, no homem, em Deus, ela veio para acalentar o sofrimento e colocar nossa esperança em Cristo”.
Ano Jubilar
A Festa de Cristo Rei é celebrada em 2025 no contexto do Ano Jubilar, um momento de perdão, reconciliação e renovação espiritual. “A Igreja sempre oferece a toda humanidade um reino celestial, viver no mundo com os olhos na glória de Deus que se dá por meio de Cristo”, lembra padre Vagner. “O Jubileu nos oferece esta oportunidade, envolve a graça da reconciliação a todos os homens que por consequência de sua vida neste mundo perderam a direção, devido às guerras que travamos neste mundo”, acrescenta.
A liturgia que permeia a Solenidade define o Reino de Cristo, um celebração que ajuda o fiel a priorizar a vontade de Jesus em sua vida. “Esta foi uma resposta de Jesus dada a Pilatos: ‘Tu és Rei?’, pergunta Pilatos diante no tribunal”, contextualiza o religioso. “‘Tu o dizes, eu sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo, para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta minha voz’ (Jo 18,37). Jesus é rei da verdade. E cada dia os desafios são maiores, o mundo vive em guerras constantes, há uma destruição da moral e bons costumes”.
Padre Vagner lembra que a realeza de Cristo é muito maior que a realeza terrena, que é baseada no poder e na força. “É uma realeza espiritual, baseada no amor e na justiça. Logo, Cristo é Rei porque Ele é o Filho de Deus e, como Filho de Deus, tem o poder e a autoridade sobre todo o universo. A realeza de Cristo é um tema central na fé cristã e nos recorda que Jesus Cristo é o Senhor de todas as coisas, tanto no céu quanto na Terra”, pondera o presbítero.
Fim do Ano Litúrgico
A Solenidade de Cristo Rei encerra o ano litúrgico. A Igreja celebra, assim, o paradoxo de um Rei que exerceu seu poder por meio da humildade e do sacrifício na Cruz. É nesta época também que os fiéis recordam muito o Evangelho de Mateus (25, 31-46), que, entre outros ensinamentos, fala sobre entender que o verdadeiro poder de Cristo está no serviço aos mais necessitados.
“Este Evangelho ilustra bem o que precisamos para viver e entrar no reino celeste, Jesus oferece a cada um de nós oportunidade para realizar o servir ao outro, como Ele fez e nos ensina. E que Ele vai voltar e gostaria de nos encontrar agindo assim, servidores do Reino de Deus”, afirma padre Vagner.
O sacerdote explica ainda que esta festa faz refletir sobre a grandiosidade da Salvação. “Ao meditar essa realidade, temos a oportunidade de começar o ano litúrgico com Jesus reinando em nossos corações”, ressalta.
Sendo a última celebração do Tempo Comum, a Festa de Cristo Rei tem uma forte dimensão escatológica, aquela que se refere às “últimas coisas”, o destino final que toda a criação terá. “A festa de Cristo Rei encerra o Tempo Litúrgico e cria a expectativa do Cristo que vem”, destaca pada Vagner. “A partir disto, todo a Igreja aguarda ansiosamente a volta de Jesus, a Igreja se prepara a cada ano para sua vinda gloriosa e sabendo que naquele tremendo dia todos passaremos pelo Juízo Final”, finaliza.
A Solenidade de Cristo Rei aponta para um recomeço, um novo caminho a ser pavimentado para os fiéis que anseiam por uma vida guiada pelos ensinamentos do Filho de Deus. “Ao meditar essa realidade, temos a oportunidade de começar o Ano Litúrgico com Jesus reinando em nossos corações”, finaliza o sacerdote.




